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Há cerca de seis meses escrevi neste mesmo espaço sobre “Digital
Transformation”, e de como é possível adaptar o consumo a esta nova era, antecipar
necessidades e, sobretudo, trabalhar temas como “economia circular”, onde se
elimina o desperdício e se faz o uso contínuo de recursos.
Regresso ao tema, porque a “economia circular” é para mim o tema que irá
marcar 2022 e proporcionar o regresso ou reforço da presença de marcas que
nunca nos deixaram, mas que se apresentam agora com um novo posicionamento, uma
nova vida que equilibra a inteligência digital com a emocional.
Um exemplo do que falo é a Sumol, a primeira bebida de sumo de fruta
pasteurizada a surgir em Portugal, estávamos em 1954. Hoje, e sem desvirtuar a
sua missão, a marca prepara-se para lançar uma linha de mobiliário que integra
materiais da marca em final de vida, como grades de plástico, garrafas de vidro
e bidões de polpa de fruta.
A Benamôr, nascida em 1925 e conhecida pelas suas receitas de beleza e
bisnagas Art Déco, é outro exemplo de marca que, aos 100 anos, mantém o seu
posicionamento e reforçou o pilar da economia circular. Para além de utilizar embalagens
de alumínio – material altamente sustentável e líder da economia
circular — a marca oferece aos seus clientes a possibilidade de utilizarem
garrafas de alumínio reciclado de 500 ml para encher com o seu produto
favorito. Depois de vazia, esta garrafa pode voltar a ser cheia com o produto
de eleição, por um preço inferior ao habitual.
Outra marca que sempre nos acompanhou, mesmo naqueles dias em que ficámos
“retidos em casa” por força da pandemia, é a Delta. Conhecida pelo seu café, a marca
de Campo Maior inovou ao produzir cogumelos a partir da borra de café. E por
falar em pandemia, quantos de nós não usamos no dia-a-dia, ou nos momentos de
atividade física, polares de caminhada da marca Quechua (Decathlon), produzidos
em 75% a partir de garradas recicladas? Este é um processo interessante, uma
vez que a marca líder em produtos de desporto não produz garrafas e tem de
efetuar o processo de recolha e triagem de resíduos junto dos municípios ou
organizações externas.
Os últimos tempos têm sido de mudança, quer na forma como nos relacionamos
entre nós, quer no modo como as marcas comunicam e se relacionam com o seu
público. Hoje existe uma maior “flexibilização” na relação marca-fornecedor-cliente.
As redes sociais, e também a pandemia, vieram transformar e agitar modelos
instalados e a adesão ao comércio eletrónico tem vindo a aumentar de tal forma
que as vendas online já têm um peso considerável na faturação
das empresas. Empresas que hoje já se apresentam também com a missão de
comprar ou vender casas onde todo o processo é feito online (exceto a escritura) e em menos de 10 dias – falo da Tiko.
É certo que ainda não é possível identificar os impactos destas
transformações no mundo pós-pandemia, mas a verdade é que todas estas transformações
permitem criar um novo tipo de conteúdo que transporta valor para o cliente,
para o colaborador e, obviamente, para o consumidor.
Estamos na primeira metade dos anos 20 do século XXI e sabemos que expressões
como “gerir o tempo”, “projeto pessoal” ou palavras como “família”, “bem-estar”
“saúde mental”, “sustentabilidade” ou “pegada carbónica” ganham cada vez maior importância.
Por isso, é urgente que as marcas não percam o seu foco e, sobretudo, se saibam
adaptar a esta nova realidade com experiências que agregam valor para o
dia-a-dia de todos, sem desvirtuar costumes e hábitos.
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