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Desde o
começo na profissão, lá para o ano 2005, eu sempre percebi uma tendência na
área criativa: o número de grandes talentos que ficam pelo caminho.
E quando
falo em grandes talentos, não falo da boca pra fora. Falo com uma dose de
espanto e outra ainda maior de admiração. Redatores brilhantes, verdadeiros
malabaristas das palavras, capazes de transformá-las em textos estonteantes.
Diretores de Arte com “A” maiúsculo, artistas ao pé da letra, com um craft
inimaginável com as tintas, lápis, ou ratos à mão.
Nesses
breves 15 anos de estrada, pude ver diversos desses talentos abandonando o
universo da publicidade. Buscando novos rumos e novos desafios. Artistas
plásticos, professores, chefes de cozinha, gurus das bolsas de valores,
vendedores de seguro, policias rodoviários. Enfim, diversos criativos espetaculares,
que buscaram sucesso (ou não) em outras áreas.
Um dia
desses, pude entender um pouco mais desse “evento” com uma explicação bastante
interessante. No frio mês de dezembro, eu e mais um monte de nerds gordos e
velhos como eu se juntaram (sim, isso ainda acontecia em 2019) num auditório da
“Society of Illustrators” de Nova Iorque para uma palestra com Joe Quesada. Joe
é o CCO da Marvel Comics e cuida de todo o universo editorial da “Casa das
Ideias”, empresa responsável por fornecer histórias e personagens para os
filmes de maior bilheteria dos últimos tempos. As bandas desenhadas da empresa
são onde nascem ideias que se transformavam em milhares de dólares nas salas de
cinema. Resumindo, uma grande responsabilidade.
Mas antes
de CCO, e Editor Chefe, Joe Quesada foi um desenhista de BDs. Joe nunca foi dos
artistas mais talentosos do mundo. Atenção: ele sempre foi um grande
desenhista. Mas provavelmente poucas (ou nenhuma) vezes figurou entre os
artistas mais badalados no ranking da Wizard Magazine (revista dos anos 90 que
trazia tudo sobre o mercado das BDs, que apenas nerds impopulares liam. Eu mesmo
nunca meti as mãos numa dessas.)
Mesmo
assim, ele conseguiu desenvolver-se na profissão, tornando-se o que é nos dias
de hoje. Nas palavras do próprio Quesada, a razão de todo o seu sucesso era
uma: ser um artista mediano.
Formado na
School of Visual Arts, Quesada conta que ele e seus amigos – segundo ele,
infinitamente mais talentosos - começaram a correr atrás de uma vaga nas
grandes editoras logo que colocaram os pés para fora da escola. E na luta de
apresentar seus trabalhos aos artistas mais antigos ele percebeu algo
interessante: os artistas decanos, já empregados nas editoras, buscavam
maneiras de “cozinhar” os novos artistas, dando a eles diversos feedbacks
negativos acerca da sua arte, e pedindo que voltassem depois com as melhorias
pedidas. Essas “velhas raposas” não queriam perder suas vagas para os jovens, e
basicamente ganhavam tempo pedindo a eles ajustes e mais ajustes. Mas o que
Quesada percebeu é que sim, esses pedidos faziam sentido. Especialmente para os
artistas menos talentosos. Ele passou a entender esses ajustes como benéficos
ao seu trabalho, e passou a executá-los com afinco. Uma, duas, três, quinze
vezes ou mais. Sempre voltando aos artistas antigos com as melhorias pedidas.
Enquanto isso, os brilhantes colegas, cientes (e por que não, também
convencidos) de seu talento, não viam motivação naqueles feedbacks. Faziam uma
ou duas vezes e simplesmente desistiam. Seguiam suas vidas e seus rumos em
direção a diferentes caminhos. Enquanto isso, os medianos elevavam sua arte ao
nível dos mais brilhantes. Aprendiam, e ao mesmo tempo mostravam vontade,
consistência e bastante insistência aos artistas antigos. Que finalmente davam
a eles oportunidades dentro das editoras.
Com essa
mentalidade de “average-Joe” (Iiteralmente) o artista cresceu e desenvolveu o
seu talento dentro das diversas editoras norte-americanas. Subindo degrau a
degrau. E o resto aí foi história. Uma história repleta de onomatopeias,
crossovers e cores vibrantes.
O paralelo
com o universo publicitário existe. É claro que casos de sucesso de
profissionais brilhantes desde estagiários estão aí para desmentir-me. Mas das
histórias de sucesso que conheço, a maioria está no lado de lá da balança.
Por isso,
fica aqui meu incentivo a todos os medianos-brilhantes espalhados pelo nosso
mercado publicitário. Sigam insistindo, sigam tentando e, principalmente, sigam
aprendendo. Ou como diria o filósofo da boca torta, Rocky Balboa: “Não
importa o quanto você bate, mas sim o quanto você aguenta apanhar”.
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