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Uma
característica inerente a todo criativo é a insatisfação.
A
insatisfação move-nos mais longe, leva-nos à ideia perfeita, ao conceito
matador, ao craft preciso. A insatisfação com o banal e com o comum é o
que torna um criativo constantemente melhor na sua profissão. Somos eternos
insatisfeitos, o que é bom.
Mas há uma
linha tênue entre o criativo insatisfeito que busca sempre mais e o simples
refilão. E você com certeza já a cruzou uma ou outra vez. Eu, com certeza já o
fiz, mais vezes do que gostaria.
O refilão
do departamento criativo é aquele cuja insatisfação já não leva a lugar algum.
Apenas contesta por contestar. A rejeição é apenas um modus operandi da
sua rotina já enfadonha na propaganda. Para ele tudo está mal, todas as
decisões são erradas, todos os fornecedores mal escolhidos. Os olhinhos se
reviram sem parar ao longo das longas 8 horas de trabalho.
E o refilão
é uma presença nociva. A sua nuvem de desagrado espalha-se em ambientes fechados
e abertos, e não há máscara alguma que salve o ambiente. Os profissionais mais
experientes são atingidos por ela. Os mais novos estão completamente indefesos a
esta presença que os transforma e deteriora.
Depois de
algumas vezes ser atingido por um deles, ou até mesmo me tornar esse próprio
personagem, os poucos anos fizeram-me mais resistente. Aprendi que a tática que
melhor funciona para mim é a distância. Com apenas 5 minutos de conversa, fica fácil
identificar a criatura. É a ideia que não ficou exatamente como ele
brilhantemente imaginava, o realizador que não tirou aquele acting especial que só existia na sua mente, o diretor de criação que transformou seu Grand
Prix em Cannes num rodapé de jornal. A aura negra de reprovação, o tom de desagrado
e as ironias constantes emanam como uma aurora boreal de bad-vibes. E,
hoje em dia, são mais do que suficientes para me fazer fugir do refilão como o
diabo foge da cruz.
E não se
engane. O comentário constante de reclamação pode surgir no almoço diário na
tasca da esquina, como no barco cruzando o rio Hudson na festa da empresa. A
chatice descontrolada não tem relação com o tamanho, momento ou criatividade da
agência.
Faço-me de
Pollyanna em benefício próprio. Abaixo a cabeça e sigo focado no trabalho e
tudo o que ele pode trazer de bom. Sim, há muitos motivos para indignação e
insatisfação. Mas que estes sigam a servir como contrapeso para o equilíbrio
dessa corda tensa que é o dia a dia, a pairar sobre um mar de desagrado e
reprovação.
E olhando
um pouco para trás, busco constantemente a lembrança daquele sonho do
Eduardo-universitário de publicidade: um dia poder trabalhar com criatividade,
criar ideias, conceitos, layouts e imagens para as mais variadas marcas
e produtos. E, no fim do dia, ainda ser pago para isso. Não seria algo
incrível?
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