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Há um sem número de questões
complexas, importantes, polarizadoras, que despertam o nosso interesse mas
ainda assim não o suficiente para investirmos um mínimo a aprender sobre elas para
tomar decisões informadas, deixando-nos levar pela corrente do facilitismo.
Na sequência de
um documentário sobre o problema do plástico nos oceanos, foi declarada guerra
contra este material, levando nomeadamente o governo a adotar medidas contra os
milhões de sacos plásticos que recebiamos no supermercado.
Com a força de um decreto,
passámos a pagar pelo que antes recebíamos de forma mais ou menos gratuita e
passámos, de facto, a usar menos sacos, utilizando versões mais robustas e
reutilizáveis. Um sucesso, professou o governo e, certamente, os fabricantes de
sacos. E o ambiente? Bom, segundo o governo da Dinamarca (e já antes dele, o de
Inglaterra), se tivermos em conta todo o impacto ambiental relacionado com o
ciclo de vida dos sacos (consumo de água, energia, etc), consta que para
igualar o impacto dos que usávamos anteriormente, teríamos de reutilizar mais
de 40 vezes um dos mais robustos, ou 7 mil vezes se for um saco de pano de
algodão. E se fôr de algodão orgânico? 20 mil vezes.
Nas fontes de água e nas
máquinas de café foram os copos de plástico a serem trocados por versões de
papel neste esforço pró-ambiente... só que não são recicláveis em Portugal,
graças ao revestimento interior em plástico para serem estanques, tendo como
destino mais provável a lixeira, independentemente do caixote do lixo em que
são colocados.
Alimentos a granel são a
melhor opção por pouparem material de embalagem? E as garantias de segurança
alimentar que vêm com um produto embalado em ambiente controlado na origem,
longe das manipulações que se lhe seguem no transporte e na exposição nas
prateleiras do supermercado?
Não se trata aqui
de uma apologia ao plástico, mas sim de uma demonstração de como abordagens
superficiais a problemas complexos muitas vezes resultam em decisões que
agravam o problema que se estava a tentar resolver.
Quando se trata de comprar
produtos frescos, não há nada como fazê-lo no mercado local. Ou há? Quando
compramos numa cadeia de supermercados há equipas de profissionais
especializados em segurança alimentar que validam fornecedores e métodos
produtivos através de certificações, auditorias e análises laboratoriais
regulares, em alguns casos com critérios de exigência muito superiores aos que
a lei exige. E no mercado local? Será que o Sr. Zé da fruta ou a Dona Maria dos
vegetais sabem o que é o intervalo de segurança dos produtos que utilizam nas
suas hortas? Terão eles rastreabilidade da sua produção e do que compram a
outros? Quão “biológicos” são os produtos que assim denominam?
Longe de tentar simplificar a
realidade, apontando os antigos sacos e copos plásticos ou os produtos de
supermercado como as melhores soluções universais, o
ponto reside na necessidade
de apostar na educação, não no sentido de ensinar tudo a todos, mas no sentido
de plantar uma dúvida metódica, que encorage a questionar o porquê e
principalmente a procurar informação, em vez opiniões já formadas.
Poucas são as situações de
preto ou branco, mas o que é certo é que haverá sempre alguém que tenta
encorajar um tom de cinzento mais a seu gosto. E aquele produto cuja embalagem
diz ser 100% reciclável? Desconfie...
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