Juntando a uma cábula a ciência dos dados

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A opinião de Uriel Oliveira
Juntando a uma cábula a ciência dos dados
23 de Julho de 2024
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Juntando a uma cábula a ciência dos dados
Uriel Oliveira
Diretor de Produto da Cision
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Pertenço a uma geração que foi ensinada a não fazer cábulas, a não usar a tecnologia e a não errar.


A máquina de calcular era objeto proibido na sala de aula. Lembro-me que aprendi a tabuada com a palma da mão esticada, no contrarrelógio da régua cega e embalada pela sintonia da canção afinada na ponta da língua.


Contudo, nunca deixei de fazer uma cábula para um exame, para uma apresentação, para uma reunião importante, trabalho com tecnologias da informação e é o erro que me conduz entre muitos fracassos e uma pequena quota parte de sucessos. Não sei a tabuada.


O tempo voou e 40 anos depois os dados e a tecnologia fundamentam a informação e o conhecimento. A escola mudou, mas não o suficiente para acompanhar a realidade emergente.


Contava-me a minha filha que um professor disse à turma “Não usem o ChatGPT para fazer o trabalho porque eu consigo descobrir e vou anular”. Disse-lhe para ainda assim o usar. Ensinei-a a fazer perguntas, interpretar, criticar e relacionar as respostas, aproveitar o que interessa, eliminar o que não interessa, dar uma perspetiva pessoal, está feito. O trabalho demorou 20 minutos a fazer. Teve 20. O professor não anulou.


Lembrei-me destas histórias quando vi a cábula no bidão de água de Pickford, guarda-redes da Seleção inglesa, no jogo contra a Suíça, decidido nas grandes penalidades. Os dados na cábula de Pickford diziam-lhe que Akanji iria bater o penalti para a esquerda e foi para lá que ele voou. Esse voo seria determinante para o triunfo dos ingleses que assim chegaram às meias-finais do Euro 2024.


Juntando a uma cábula a ciência dos dados


Numa cábula num bidão de água num jogo de futebol ou num algoritmo de alta precisão para levar foguetões ao espaço, é um facto que a ciência dos dados está na base das melhores decisões – os dados são o combustível da razão e têm um papel determinante no mundo de hoje.


A ciência dos dados transforma informações brutas em insights valiosos, permitindo previsões precisas e a descoberta de padrões ocultos.


No futebol, a análise das tendências dos remates pode aumentar a eficácia nos penaltis entre outras possibilidades; na medicina, diagnósticos e tratamentos são aprimorados pela análise de dados de pacientes; na agricultura, sensores e dados climáticos otimizam a produção; no setor financeiro, predição, análise riscos e deteção de fraudes; na educação, dados sobre o desempenho dos alunos ajudam a personalizar o ensino, identificando necessidades específicas e ajustando métodos pedagógicos; em logística, algoritmos de otimização de rotas utilizam dados de tráfego em tempo real para reduzir custos e melhorar a eficiência das entregas; na energia, análises de consumo e produção otimizam o uso de recursos renováveis ajustando a distribuição de energia; nos negócios, dados de mercado e comportamento do consumidor orientam estratégias e campanhas.


Não há nenhum setor de atividade em que os dados não sejam críticos, pelo que são considerados por muitos o “ouro” do século XXI.


No marketing e comunicação, a ciência dos dados é fundamental para a segmentação e personalização de campanhas. Análises de comportamento do consumidor e dados demográficos permitem criar mensagens direcionadas, aumentando a relevância e o impacto das campanhas. Ferramentas de análise de sentimento nas redes sociais ajudam a monitorizar a perceção da marca e ajustar estratégias em tempo real para melhor engajar o público. Além disso, a personalização baseada em dados melhora a experiência do cliente, aumentando a satisfação e a fidelidade.


Num mundo orientado por dados, a capacidade de analisar e interpretar informações é um diferenciador competitivo essencial. Para além da capacidade de aprimorar a tomada de decisões, como fez Pickford para defender penaltis, o decisor deverá também ajustar continuamente processos e estratégias de forma a permitir uma adaptação rápida e eficiente às mudanças e desafios, garantindo maior precisão e sucesso em diversas áreas.


Assim, a escola das gerações futuras, mais do que avaliar conhecimentos adquiridos, deve ser capaz de incentivar a discussão, interpretação e análise, promovendo ativamente o espírito crítico e a resiliência individual e coletiva.



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