Inovar é inquietação, desafio, risco e partilha de ideias

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A opinião de Luisa Ribeiro Lopes
Inovar é inquietação, desafio, risco e partilha de ideias
5 de Junho de 2024
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Inovar é inquietação, desafio, risco e partilha de ideias
Luisa Ribeiro Lopes
Presidente do Conselho Diretivo do .PT
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De que pensamos quando ouvimos falar de inovação? De tecnologia, inteligência artificial? De grandes avanços para a sociedade? De empresas na vanguarda, de escala global, que mudam a forma como consumimos? Inovação não é rocket science.


Inovar é, simplesmente, mudar para melhor. Um novo produto ou serviço inovador gera mudança porque melhora a oferta disponível para os consumidores, porque é conveniente, porque poupa gastos e recursos, porque nos faz avançar enquanto comunidade. Inovar não é mudar o mundo, mas sim mudar um mundo. Podemos inovar no nosso dia-a-dia em casa, na nossa vida familiar, ou na nossa vida profissional. Também podemos demorar anos a encontrar soluções inovadoras, demorar mais ainda a testá-las e implementá-las. E, no final, podemos perceber que uma inovação em particular não acrescenta muito. É precisamente esse o espírito: desafiar, testar e experimentar. No final, mesmo que o resultado não compense, o processo terá sido certamente enriquecedor.


Vivemos tempos de inovação, e o digital é uma verdadeira caixa de areia para experiências deste tipo. Permite que façamos tudo o que quisermos, que brinquemos, que façamos construções que deitamos abaixo no minuto a seguir. Permite que alguma areia saia mesmo da caixa, e até que a possamos perder, se tivermos conforto e margem para isso. O digital traz infinitas possibilidades, abre uma série de novos campos para a disrupção. E a inovação vai nascer da forma como aproveitamos esse potencial.


Não inovamos apenas quando temos uma ideia genial, uma nova patente, ou uma fórmula brilhante nos aparece num sonho. A inovação pode ser incentivada, trabalhar em conjunto, alimentada com processos e parcerias. Questionar sempre: sobre o que estamos a fazer, o que podíamos estar a fazer e como o podíamos estar a fazer – perguntas a nós próprios, mas também aos outros, a quem podemos e devemos pedir ajuda, visão, ideias.


Todas e todos são potenciais inovadores e também potenciais beneficiários da inovação. Para isso, contudo, precisamos de ver a inovação como parte essencial do nosso dia-a-dia, das nossas empresas e organizações, da forma como trabalhamos e nos organizamos. Uma organização inovadora é aquela que posiciona a inovação de forma transversal a toda a organização. É aquela onde não apenas os CEO, mas também as chefias intermédias e os líderes das equipas inovam e promovem a inovação. Para tal, é fundamental motivar todas e todos e, capacitar e incentivar a procurar melhorar os processos em que trabalham todos os dias. É preciso criarmos cultura de inovação.


Não o temos de fazer apenas dentro das quatro paredes dos nossos escritórios: podemos e devemos fazê-lo com parcerias, ligando vários setores, várias empresas de áreas diferentes, academia e empresas ligadas a uma área específica. Isto porque, para além do know-how fundamental de alguém que faz tarefas semelhantes todos os dias – cujo contributo é fundamental para a inovação nos processos que utiliza –, acrescentar conhecimento e ideias de fora traz dados e formas de pensar diferentes, que somam ao processo de criação.


Há dias, ouvia numa conferência que a inovação é como fazer desporto. Gasta alguns recursos, não dá seguranças nem certezas, e só é benéfica se a fizermos a longo prazo. Se não vamos ficar mais em forma amanhã, porque devemos fazer desporto hoje? Porque é um processo contínuo, que requer esforço e trabalho constante, e cujos resultados só aparecem com prática, consistência e perseverança.


No fundo, importa reter que requer um forte compromisso, mas que a inovação não é um bicho de sete cabeças. Está ao alcance de todos, e todos podemos inovar – no mundo ou nos nossos pequenos mundos – de forma produtiva, que acrescenta valor e que facilita o nosso dia-a-dia. Não há uma forma certa e única de o fazer, mas há uma série de passos que podemos dar para nos colocarmos no caminho certo: olharmos a inovação como transversal ao nosso trabalho, apostarmos no digital como fonte de novas possibilidades para a inovação, olharmos para os colegas do lado e para as chefias em busca de inspiração e sentido crítico, e estendermos a mão a outras organizações que estejam disponíveis para abraçar connosco novos desafios. E, mais importante de tudo, nunca desistirmos de tentar e mantermos um espírito de inquietação perante o mundo.

 

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