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Apoiar a diversidade, seja ela de género, de raça ou
cultural demanda um compromisso que tem de ir muito além da simples contratação
do profissional.
Fazer com que estas pessoas se sintam parte
integrante da equipa da empresa é fundamental. Parece óbvio, mas infelizmente
não é.
Promover a diversidade no ambiente de
trabalho significa empenho para alterar o status quo. Este esforço não envolve
só o profissional que foi contratado, mas também todo o resto do time.
Treinamento e comunicação faz parte do processo.
Baseado na minha experiência, trago alguns
exemplos sobre diversidade cultural.
No meu trabalho atual, cada vez que eu sou a
única pessoa que não fala japonês envolvida num projeto, eu gero trabalho
extra. É preciso ter uma tradutora envolvida no processo e é necessário que me
expliquem nuances culturais. Se as pessoas envolvidas não enxergarem o valor
que eu entrego em troca, será mais fácil trabalhar sem o meu
envolvimento. Por isso é importante que entendam qual é o meu papel ali.
Nos Estados Unidos, ouvi a história de uma
redatora estrangeira que foi convidada para fazer parte de um projeto grande.
No dia da reunião com os clientes, ficou claro porque a tinham chamado para o
time. O diretor criativo pediu para que ela falasse algo na reunião porque os
clientes apreciavam uma equipa diversa e seria bom “exibir” o sotaque
dela.
Ainda nos Estados Unidos, cansei de ouvir
histórias de redatores estrangeiros frustrados com o tipo de responsabilidades
que recebiam. Não tendo inglês nativo, muitos deles tinham sido contratados
pela genialidade das suas ideias e não por demonstrar fluência em inglês.
Porém, uma vez na empresa, era exigido destes redatores trabalhos onde craft em
copy era fundamental. Gerir talentos assim é uma receita para o fracasso. Nunca
entendi porque estes profissionais não eram usados onde eles poderiam realmente
adicionar valor: conceituar ideias.
Não é suficiente apenas contratar
profissionais com experiências diversas. É crucial entender as habilidades que
eles podem adicionar à equipa; e ensinar as pessoas que vão trabalhar com estes
profissionais como melhor fazer uso destes talentos.
Tenho uma amiga responsável por atrair mais
diversidade racial para a empresa que ela trabalha. Recentemente ela ouviu de
um candidato: “Eu não quero ser o primeiro negro na sua empresa. Qual é o
compromisso com a diversidade racial da sua empresa para além de me contratar?”
Tiro o chapéu para esse candidato.
Talvez as empresas terão que ser mais
desafiadas por profissionais que antes de aceitarem uma colocação onde
claramente serão a minoria, questionem o seu papel na equipa e o real
compromisso do empregador com o seu sucesso.
É ótimo contratar mais mulheres para a
direção de uma empresa desde que elas tenham voz nas decisões. É ótimo atrair
mais talento estrangeiro para a equipa, desde que saibam como utilizar as
habilidades destes profissionais. É ótimo recrutar mais negros e negras para o
ambiente de trabalho, desde que a intenção não seja só para que eles sejam
vistos e sim para que possam contribuir e crescer.
Se contratar é o único passo dado em promover
a diversidade, não haverá uma mudança a longo prazo. As empresas que contratam estes
profissionais têm a responsabilidade de ajudá-los a ser bem sucedidos. Nutrir e reter o talento
será o único modo de consolidar uma mudança real.
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