Decisões criativas por comité e o caso da “Justice League”

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A opinião de Frederico Roberto
Decisões criativas por comité e o caso da “Justice League”
20 de Março de 2021
Decisões criativas por comité e o caso da “Justice League”
Decisões criativas por comité e o caso da “Justice League”
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Decisões criativas por comité e o caso da “Justice League”
Frederico Roberto
Director Criativo da Publicis.Poke em Londres

Nota da direção editorial:

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Já todos sofremos na pele o martírio que é tentar decidir onde vamos jantar fora ou beber uns copos ou organizar a passagem de ano, num grupo de amigos de whatsapp.


Toda a gente dá o seu bitaite – claro, porque vivemos numa democracia – todas as opiniões são respeitadas (na maior parte das vezes, a não ser que a ideia seja ir para o Terreiro do Paço ver os Xutos e sair de casa às 22h de 31 de Dezembro) e, normalmente, as decisões – quase nunca unanimes – são tomadas por maioria. E quem quer quer, quem não quer não vai ou adapta-se.

 

Um martírio da qual escolhemos fazer parte, digamos.

 

Bom, mas no campo profissional a coisa muda de figura. Na esmagadora maioria das vezes, decisões por comité raramente funcionam, no que diz respeito a encontrar ideias (quaisquer elas que sejam) para obter resultados impactantes e diferenciadores. Tentar agradar a gregos e troianos é, infelizmente, prática comum um pouco por todo o mundo corporativo, incluindo agências criativas. Mas é especialmente no mundo das agências que os comités mais se fazem sentir, uma vez que algo tão frágil como uma ideia tem de ser protegida e adubada. Ou, por outro lado, se a ideia não tiver pernas suficientes para avançar, não pode sequer ser contemplada como opção e tem de ser abatida, por muito que custe. Mas, sob a bandeira da democracia, ouvem-se todas as partes envolvidas (e bem), respeitam-se todos os pontos de vista (e bem) e depois chega-se a uma solução que agrada a todos ou quase todos (e mal!).


Em comunicação de bens e serviços, marcas e empresas, o que comunicamos nunca se irá dirigir a “todos”. Aquela coisa dos briefings terem: “Público-alvo: 18-65, M/F, toda a gente com poder de compra” é o primeiro passo para a mediocridade. E isso sente-se nas salas de reunião (hoje em diz por Zoom ou Skype) onde “toda a gente” manda a sua posta de pescada muitas vezes sem saber do que está a falar. E após tanta posta de pescada demolhada, o bacalhau acabar por ficar sem sal nenhum. Sem qualquer sabor. É o que acontece ao trabalho criativo de hoje em dia por esse mundo fora. Demasiados chefs na cozinha. Adicionem ainda vários outros intervenientes como clientes e outros parceiros e fica o caldo entornado, o dinheiro gasto, e resultados nem vê-los.

 

Até ao início dos anos 2000, o mundo da comunicação publicitária tinha líderes criativos de grife que, em mais de 50 anos, criaram reputação e trabalho de renome, liderando sobre a sua batuta: desde os Bernbachs, Ogilvys, Clows, Hegartys e Lawrences até aos mais contemporâneos como Bogusky, Droga ou Reillys, sabíamos – ou sentíamos – que as decisões tinham um rosto e, como tal, uma responsabilidade acrescida de apresentar bom trabalho. Hoje em dia, esses rostos estão diluídos, ofuscados por comités e tabelas de excel com timesheets por preencher. Uma pena.

 

É preciso voltar a colocar toda a paixão em cima da mesa. Dar a cara e o peito ás balas. Iremos ter sempre quem vai estar contra e a favor. E tudo bem. Melhor saber quem vai estar do nosso lado (a melhor definição de sempre de público-alvo). Foi o que aconteceu com o Zack Snyder e a sua “Justice League”. Em 2017, Zack teve que, infelizmente, abandonar o projeto devido a um drama familiar. Entra Joss Whedon com a sua visão fraquinha e a mediocridade do comité da Warner Bros. a cortar-lhe as vazas todas. Obviamente, o filme que saiu na altura foi uma bela trampa. Mas, passados 4 anos, a perseverança de uma única pessoa e uma legião de apoiantes, tornou um sonho realidade. E o muito pedido “Snyder Cut” viu a luz do dia. E ainda bem. É fantástico.


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