Newsletter
Pesquisa
Nota da direção editorial:
O jornalismo nunca foi tão importante para a economia do país. Apoie a produção dos nossos conteúdos tornando-se membro ou subscritor da nossa comunidade.
Faça parte de uma causa de empoderamento das marcas, das empresas e das pessoas que nelas trabalham.
Já
todos sofremos na pele o martírio que é tentar decidir onde vamos jantar fora
ou beber uns copos ou organizar a passagem de ano, num grupo de amigos de
whatsapp.
Toda a
gente dá o seu bitaite – claro, porque vivemos numa democracia – todas as
opiniões são respeitadas (na maior parte das vezes, a não ser que a ideia seja
ir para o Terreiro do Paço ver os Xutos e sair de casa às 22h de 31 de
Dezembro) e, normalmente, as decisões – quase nunca unanimes – são tomadas por
maioria. E quem quer quer, quem não quer não vai ou adapta-se.
Um
martírio da qual escolhemos fazer parte, digamos.
Bom, mas
no campo profissional a coisa muda de figura. Na esmagadora maioria das vezes,
decisões por comité raramente funcionam, no que diz respeito a encontrar ideias
(quaisquer elas que sejam) para obter resultados impactantes e diferenciadores.
Tentar agradar a gregos e troianos é, infelizmente, prática comum um pouco por
todo o mundo corporativo, incluindo agências criativas. Mas é especialmente no
mundo das agências que os comités mais se fazem sentir, uma vez que algo tão
frágil como uma ideia tem de ser protegida e adubada. Ou, por outro lado, se a
ideia não tiver pernas suficientes para avançar, não pode sequer ser
contemplada como opção e tem de ser abatida, por muito que custe. Mas, sob a
bandeira da democracia, ouvem-se todas as partes envolvidas (e bem),
respeitam-se todos os pontos de vista (e bem) e depois chega-se a uma solução
que agrada a todos ou quase todos (e mal!).
Em comunicação de bens e serviços,
marcas e empresas, o que comunicamos nunca se irá dirigir a “todos”.
Aquela coisa dos briefings terem: “Público-alvo: 18-65, M/F, toda a gente com
poder de compra” é o primeiro passo para a mediocridade. E isso sente-se nas
salas de reunião (hoje em diz por Zoom ou Skype) onde “toda a gente” manda a
sua posta de pescada muitas vezes sem saber do que está a falar. E após tanta
posta de pescada demolhada, o bacalhau acabar por ficar sem sal nenhum. Sem
qualquer sabor. É o que acontece ao trabalho criativo de hoje em dia por esse
mundo fora. Demasiados chefs na cozinha. Adicionem ainda vários outros
intervenientes como clientes e outros parceiros e fica o caldo entornado, o
dinheiro gasto, e resultados nem vê-los.
Até ao
início dos anos 2000, o mundo da comunicação publicitária tinha líderes
criativos de grife que, em mais de 50 anos, criaram reputação e trabalho de
renome, liderando sobre a sua batuta: desde os Bernbachs, Ogilvys, Clows,
Hegartys e Lawrences até aos mais contemporâneos como Bogusky, Droga ou
Reillys, sabíamos – ou sentíamos – que as decisões tinham um rosto e, como tal,
uma responsabilidade acrescida de apresentar bom trabalho. Hoje em dia, esses
rostos estão diluídos, ofuscados por comités e tabelas de excel com timesheets
por preencher. Uma pena.
É
preciso voltar a colocar toda a paixão em cima da mesa. Dar a cara e o peito ás
balas. Iremos ter sempre quem vai estar contra e a favor. E tudo bem. Melhor
saber quem vai estar do nosso lado (a melhor definição de sempre de
público-alvo). Foi o que aconteceu com o Zack Snyder e a sua “Justice League”.
Em 2017, Zack teve que, infelizmente, abandonar o projeto devido a um drama
familiar. Entra Joss Whedon com a sua visão fraquinha e a mediocridade do
comité da Warner Bros. a cortar-lhe as vazas todas. Obviamente, o filme que
saiu na altura foi uma bela trampa. Mas, passados 4 anos, a perseverança de
uma única pessoa e uma legião de apoiantes, tornou um sonho realidade. E o
muito pedido “Snyder Cut” viu a luz do dia. E ainda bem. É fantástico.
Artigos Relacionados
A carregar...
fechar
O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.
Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.