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É irónico que as redes sociais,
que serviam para nos manter ligados a amigos e família, se tenham tornado
instrumentos para nos afastar, à medida que as opiniões se polarizaram e os
amigos e família são substituídos por versões semidigitais destes.
No início da
internet, criámos páginas pessoais na Geocities ou no MySpace, que faziam de
montra dos nossos interesses para o mundo, permitindo-nos encontrar mais
pessoas com gostos semelhantes aos nossos.
Com o Facebook, reencontrámos
amigos que a vida tinha afastado e pudemos manter contacto com a família que
estava longe, partilhando pedaços do nosso quotidiano (tipicamente os melhores)
e cuidando do nosso feed como se este
se tratasse de um álbum de família para memória futura.
Contudo, tendo-se tornado na
principal plataforma de comunicação mundial, eis que o Facebook descende numa
progressiva selva de comentadores de bancada, abrindo caminho (e monetizando)
conteúdos políticos e económicos numa escala nunca vista. Aliando estes fatores
ao crescendo de preocupações com a privacidade, a rede social foi afastando os
seus utilizadores, tornando-os mais em espectadores que atores.
À medida que fomos reduzindo os
nossos próprios conteúdos, fomos começando a seguir outras pessoas que,
surpreendentemente na altura, também partilhavam a sua vida, mesmo com quem não
conheciam. Criaram connosco uma estranha familiaridade, eram como que uma
telenovela da vida real que, mais ou menos ecoava as nossas próprias visões,
ambições e preocupações, fazendo-nos sentir acompanhados.
Para as marcas, limitadas até
então a comunicar através dos canais tradicionais de media, foi um abrir de
milhões de canais alternativos de comunicação, com uma proximidade que inspira
confiança e de uma forma sem contraditório ou concorrência. Desde estrelas da
televisão, a pessoas anónimas até então, pouco a pouco, estas personalidades
foram-se estabelecendo como fontes alternativas de informação, entretenimento
e, mais ou menos disfarçadamente, de vendas, ou não fossem os “amigos” a melhor
fonte de recomendações.
Pelo caminho, os nossos
(verdadeiros?) amigos e familiares foram ficando, porventura, ainda mais longe
do que estavam no início desta saga, substituídos por estas personagens meio
virtuais, meio de carne e osso, qual família pós-moderna, alargada e
descentralizada.
A internet precipitou uma
revolução quase instantânea. Longe de ser saudosista do passado, trata-se sim
de reconhecer o que ganhamos, não ignorando o que vamos perdendo, para que, de
forma consciente, consigamos nadar contra a maré para manter aquilo (e aqueles)
que, bem vistas as coisas, consideramos mais importante.
Seinfeld dizia que só tinha
três amigos, que não tinha tempo para mais. Quem sabe se essa visão, vinda de
uma Nova Iorque à frente do seu tempo, não era premonitória.
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