Amigos em segunda mão

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A opinião de Nuno Crispim
Amigos em segunda mão
5 de Março de 2021
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Nuno Crispim
Diretor de Marketing Vitacress

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É irónico que as redes sociais, que serviam para nos manter ligados a amigos e família, se tenham tornado instrumentos para nos afastar, à medida que as opiniões se polarizaram e os amigos e família são substituídos por versões semidigitais destes.

 

No início da internet, criámos páginas pessoais na Geocities ou no MySpace, que faziam de montra dos nossos interesses para o mundo, permitindo-nos encontrar mais pessoas com gostos semelhantes aos nossos.

 

Com o Facebook, reencontrámos amigos que a vida tinha afastado e pudemos manter contacto com a família que estava longe, partilhando pedaços do nosso quotidiano (tipicamente os melhores) e cuidando do nosso feed como se este se tratasse de um álbum de família para memória futura.

 

Contudo, tendo-se tornado na principal plataforma de comunicação mundial, eis que o Facebook descende numa progressiva selva de comentadores de bancada, abrindo caminho (e monetizando) conteúdos políticos e económicos numa escala nunca vista. Aliando estes fatores ao crescendo de preocupações com a privacidade, a rede social foi afastando os seus utilizadores, tornando-os mais em espectadores que atores.

 

À  medida que fomos reduzindo os nossos próprios conteúdos, fomos começando a seguir outras pessoas que, surpreendentemente na altura, também partilhavam a sua vida, mesmo com quem não conheciam. Criaram connosco uma estranha familiaridade, eram como que uma telenovela da vida real que, mais ou menos ecoava as nossas próprias visões, ambições e preocupações, fazendo-nos sentir acompanhados.

 

Para as marcas, limitadas até então a comunicar através dos canais tradicionais de media, foi um abrir de milhões de canais alternativos de comunicação, com uma proximidade que inspira confiança e de uma forma sem contraditório ou concorrência. Desde estrelas da televisão, a pessoas anónimas até então, pouco a pouco, estas personalidades foram-se estabelecendo como fontes alternativas de informação, entretenimento e, mais ou menos disfarçadamente, de vendas, ou não fossem os “amigos” a melhor fonte de recomendações.

 

Pelo caminho, os nossos (verdadeiros?) amigos e familiares foram ficando, porventura, ainda mais longe do que estavam no início desta saga, substituídos por estas personagens meio virtuais, meio de carne e osso, qual família pós-moderna, alargada e descentralizada.

 

A internet precipitou uma revolução quase instantânea. Longe de ser saudosista do passado, trata-se sim de reconhecer o que ganhamos, não ignorando o que vamos perdendo, para que, de forma consciente, consigamos nadar contra a maré para manter aquilo (e aqueles) que, bem vistas as coisas, consideramos mais importante.

 

Seinfeld dizia que só tinha três amigos, que não tinha tempo para mais. Quem sabe se essa visão, vinda de uma Nova Iorque à frente do seu tempo, não era premonitória.





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