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O
assassinato de um homem negro por um polícia nos Estados Unidos tem vindo nos
últimos dias a provocar uma onda de protestos no país e em todo o mundo. Mas
como é que as marcas estão a responder ao caso George Floyd?
O vídeo que mostra o
ex-segurança negro a ser imobilizado no pescoço por um polícia branco em
Minneapolis, desencadeou uma vaga de protestos e manifestações a partir do dia
25 de maio. A morte do homem de 40 anos reacendeu a revolta nos Estados Unidos,
e um pouco por todo o mundo, contra os diversos casos de negros mortos pela
polícia.
E já há algumas marcas e
empresas que estão a deixar bem clara a sua posição face ao tema. É o
caso, por exemplo, da Nike que apela a que todos se unam contra o racismo.
Através de um filme de 60 segundos, intitulado “For Once, Don’t Do It” e
assinada pela Wieden + Kennedy Portland, a marca pretende sensibilizar para uma
questão profunda que continua a dividir a sociedade norte-americana. “Não finja
que não existe nenhum problema na América. Não aceite que vidas inocentes
continuem a ser tiradas. Não dê mais desculpas. Não se sente e fique em
silêncio”.
Uma das concorrentes
diretas da Nike, a Reebok, deixou também o seu próprio “statement” através de
uma publicação no Instagram: “Sem a comunidade negra, a Rebook não
existiria. A América não existiria.” E as mensagens chegam de diferentes áreas
de negócio e atividade. Por exemplo, a marca de gelados Bem & Jerry’s
decidiu recuperar a mensagem que emitiu há alguns anos quando apoiou o
movimento #BlackLivesMatter, lembrando que as palavras continuam a ser
relevantes nos dias de hoje: “Estes ataques racistas e brutais contra os nossos
irmãos negros têm de acabar”.
Ao contrário do que
aconteceu em casos e eventos semelhantes, que também provocaram manifestações
no passado – nomeadamente em 2014 quando surgiu o movimento #BlackLivesMatter –
quando na altura poucas empresas falaram abertamente sobre o tema -, agora
parece haver mais vontade por parte das marcas em serem pró-ativas neste campo.
Em declarações à Adweek,
Lewis Williams, CCO de uma empresa especializada em marketing multicultural, a
Chicago Burrell Communications, mencionou várias razões para a súbita
disposição das marcas em unir esforços com os manifestantes: “quando se trata
do relacionamento que as gerações mais jovens têm com as marcas, as
expectativas de todos aumentaram”. Hoje, com muitas empresas - e também
celebridades – a emitirem declarações poderosas contra o racismo nas suas redes
sociais, muitos defensores da igualdade estão a responder nestas plataformas
com três palavras: "open your purse” (“abra sua carteira").
Marcas reconhecidas estão
a responder com planos efetivos que possam contribuir para esta luta da
comunidade negra. Na sexta-feira, por exemplo, o YouTube prometeu doar cerca de
um milhão de dólares para “combater a injustiça social”. Por outro lado, a
marca de luxo Glossier anunciou este domingo que iria dividir o seu apoio de um
milhão de dólares em dois eixos: cerca de 500 mil dólares serão entregues a
grupos de justiça racial como o movimento #BlackLivesMatter e a restante
quantia será destinada a subsídios para empresas e marcas que atuem na área da
beleza e que sejam propriedade de pessoas negras.
Segundo ainda Williams, em
entrevista à Adweek, “as marcas precisam de oferecer algo mensurável porque os
consumidores de hoje esperam mais do que apenas palavras - especialmente após a
maneira como as marcas reagiram à pandemia da Covid-19, apoiando diversas
comunidades através de doações de milhões de dólares.” O profissional refere
que as críticas e a raiva dirigidas a marcas e influenciadores que pouco fazem
mais do que proferir palavras de apoio devem-se não apenas à brutalidade deste
caso, mas também ao barril de pólvora criado pelo desemprego em massa e pelo
“stress” pandémico: “Não existe liderança no país neste momento e as pessoas
estão à procura de um líder. Então olhamos para as marcas. A quem posso pedir
ajuda?”.
À Adweek, Williams diz
ainda esperar que as marcas participem em iniciativas que vão além da doação de
fundos a grupos ativistas: “Dinheiro não é suficiente. Nós temos que mudar. Tem
de ser algo mensurável. (…) A coisa mais fácil é alguém dar 2 milhões de
dólares e ir-se embora. Se o dinheiro não está a ir para onde deveria ir, não
está a fazer nada”, conclui.
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