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Se
me for “permitido” dizer que a pandemia trouxe algo de positivo
à sociedade, a reconciliação entre a comunicação social e os
cidadãos enquadrar-se-á como uma luva nesse contexto.
Enquanto
o interesse dos cidadãos pela atualidade faz disparar as audiências
dos principais órgãos e comunicação social (mais
de 42% entre fevereiro e março em Portugal),
paralelamente, os índices de confiança nas notícias parecem, de
forma sustentada, perspetivar um futuro em que as grandes marcas de
media se conseguem reafirmar como os grandes pilares da verdade no
mar de informação circulante.
Não
só o estudo “O
Estado dos Media 2020”,
da CISION, revela uma tendência clara na redução da desconfiança
nas notícias, que entre 2017 e 2020 caiu de 97% para 51%, como
também o relatório
da Reuters Institute posiciona Portugal como um dos países onde mais se confia na
comunicação social – 56% confiam nas notícias em geral e 59%
confiam nas notícias dos órgãos de comunicação social que
consultam habitualmente.
O
reconhecimento e valorização do trabalho que os media fizeram e
continuam a fazer durante a pandemia é expressivamente reconhecido
pelos cidadãos inquiridos no estudo do Reuters Institute - 60% dos
cidadãos concordam que os media os ajudaram a entender a crise da
COVID-19, 65% concordam que os media ajudaram a explicar o que
deveriam fazer e apenas 32% considera que exageraram o impacto da
crise.
Os
media, na generalidade, souberam, pois, perceber, que a incerteza dos
tempos que vivemos não é compatível com o sensacionalismo
desmedido que praticavam amiúde na luta pelas audiências. A
deontologia e a responsabilidade por partilhar informação credível,
verificada e objetiva, saltou do baú, onde estava guardada, e passou
para o terreno, como uma obrigação que se impõe.
Os
habitantes do mundo, sem exceção, sedentos de informação
credível, para planear o seu dia e sobreviver aos tempos de
incerteza, em reflexo, recompensaram os media aderindo em massa ao
jornalismo do antigamente, aquele que aprendemos no curso, assente no
velho código deontológico - “O jornalista deve relatar os
factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade; deve
combater a censura e o sensacionalismo (...)”.
Agora
é aproveitar o embalo e reinventar a indústria – é essencial
para a humanidade!
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