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Há algumas semanas, estreou
no canal Disney uma nova série animada da Marvel (alerta-de-nerd), chamada “What
If…?” Nessa série, vemos o que aconteceria na vida dos personagens se algo
diferente acontecesse num momento-chave das suas trajetórias e como essa
alteração mudaria completamente o rumo das suas histórias.
É uma ferramenta
interessante de storytelling, que sempre rende boas histórias. E também um
exercício curioso de criatividade e reflexão, que normalmente fazemos com as
nossas próprias histórias de vida.
Como seria a nossa vida
se algo houvesse acontecido de forma diferente? Onde estaríamos hoje? Quais
seriam as consequências? Boas ou más?
Esse conceito, leva-me a
pensar naquilo que foi o meu evento primordial, no aspeto profissional, e que
guiou grande parte da minha carreira: o dia em que fui demitido da primeira
agência que trabalhei.
O ano era 2002. Após atuar
na ‘área comercial de diversas empresas, finalmente havia conseguido uma vaga
de estágio em uma tão sonhada agência de publicidade. A empresa era bastante
pequena, clientes e verbas muito reduzidas (um dos meus primeiros jobs foi
criar o design de um folheto para uma empresa que produzia ganchos para
bananas. Sim, aqueles ganchos que seguram as bananas nos supermercados). Mas
ainda assim, finalmente conviver com o ambiente descontraído de uma agência de
propaganda, era uma grande realização.
Passado quase um ano de
estágio, eu sonhava com o grande momento, o da efetivação. Ser finalmente
contratado e me tornar um profissional. Daqueles com contrato e carteira
assinada. Mas eis que, para a minha surpresa, o que realmente aconteceu foi a
demissão. Não só resolveram que não me efetivariam, como me desligariam. Os
motivos iam desde cortes de custos até o fato de acharem que eu não me dedicava
o suficiente (o que olhando para trás, talvez tivesse seu fundo de verdade).
Na minha profissão, esse
foi o meu “evento Nexus”. Explico: na série “What If…?” “Evento
Nexus” é o momento fulcral que causa uma transformação na linha do tempo e na
trama do personagem. Esse evento, foi algo que mudou completamente o meu jeito
de ver a profissão. A verdade é que eu nunca havia passado por algo tão incómodo
e desagradável quanto aquilo. O sentimento de rejeição e incompetência, dentro
de algo que eu desejava tanto, foi um verdadeiro soco no estômago.
Esse acontecimento muito
provavelmente transformou minha história profissional. E, obviamente, prefiro
pensar que transformou para melhor (Sim, prefiro ignorar a possível realidade
alternativa em que me tornei um milionário das start-ups e bitcoins, após
abandonar a profissão, depois de uma efetivação totalmente dececionante). Levando
em consideração a carreira que eu tinha em mente, prefiro pensar que essa foi a
melhor coisa que pode me acontecer.
A vergonha e a deceção com
o facto geraram um desconforto imenso, que só fez com que eu buscasse ainda
mais uma segunda oportunidade. Uma chance de mostrar que o universo estava
equivocado. Quem era “ele” para me dizer o que eu poderia ou não poderia fazer.
Queria provar que, sim, eu poderia pertencer àquele mercado.
Basicamente, esse evento
foi o combustível para que eu corresse atrás dessa outra oportunidade. Oportunidade que demorou quase um ano para
aparecer, na forma de um estágio rotativo não remunerado em outra agência da
cidade. E daí por diante, o resto foi e tem sido história.
Corta para 2021. Em uma
noite extremamente quente e húmida no Brooklyn, enquanto escrevo esse texto,
percebo que o nome “What If…?” é também a denominação dada pela AREA 23,
agência que trabalho atualmente, para os projetos especiais, para aquelas
ideias com mais potencial.
Se há prova maior de que
o meu momento “What If…?” resultou na melhor realidade possível para a
minha profissão, eu não sei qual seria.
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