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Lisboa voltou a estar no centro do mundo da tecnologia e do
empreendedorismo ao receber mais uma vez a Web Summit.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, abriu o
evento com chave de ouro, com a promessa de uma “fábrica de start-ups” para a
capital, uma metáfora “fofinha” recebida com sorrisos - afinal de que serão
feitos os unicórnios (?)…-, mas sobretudo recebida com a convicção generalizada
de que Moedas é, provavelmente, o político mais conhecedor e mais bem preparado
para ser o aliado perfeito dos empreendedores da cidade.
Por sua vez, as marcas da tecnologia parecem mais preocupadas
com o Mundo em que vivemos. Não estão indiferentes ao aquecimento global, à
fome, à discriminação e por isso não têm receio de se envolver ativamente.
Procuram uma conciliação harmoniosa e se possível de causa e efeito, entre
responsabilidade social e lucro.
Ambiente, sustentabilidade, igualdade e impacto prometem ser
os valores do novo capitalismo que, sem perder o foco na razão da sua
existência, promete ser também defensor acérrimo das grandes causas da Humanidade.
O Facebook marcou o evento. Desviou a atenção das acusações
de Frances Haugen, ex-funcionária que acusa a empresa de privilegiar o lucro em
detrimento da segurança dos seus utilizadores, e através de Chris Cox reafirmou
a intenção de criar um universo digital paralelo à realidade.
O Facebook acredita que o futuro da internet não será olhar
para uma pequena janela de um equipamento, mas ter contacto visual e interação.
Propõe experiências digitais vividas de forma natural e imersiva, através de
realidade virtual e aumentada, e abre as portas para um universo digital
paralelo ao nosso, em que existimos digitalmente.
O metaverso pretende ser a internet corporizada, em que
estamos do lado de dentro, em vez de apenas olharmos para ela do lado de fora.
Apesar do conceito não ser propriamente uma novidade - foi
antecipado pela ficção científica nos anos 90 e faz lembrar o Second Life
lançado em 2003 e que ainda existe como videojogo -, o Facebook está a apostar
tudo na sua criação, tendo inclusivamente mudado o nome da sua holding para
Meta.
No campo sociológico, o conceito dá “pano para mangas”. Se por
um lado afasta a humanidade ainda mais de um sentido de realidade sustentado no
que é palpável, com consequentes distúrbios emocionais e mentais; por outro,
cria um espaço de interação para além da distância física, que desafia a aproximar
pessoas que estão longe, mas que queriam estar perto.
Recordei-me também da série “Black Mirror”, que em alguns
episódios explorou uma abordagem estereotipada da experiência tecnológica
imersiva e ficcionou sobre as derivações psicossociológicas da sua utilização
extrema.
Para os que acreditam que o metaverso é o futuro da internet
e o futuro do universo, talvez seja mais fácil entender as motivações que levam
um indivíduo a valorizar um ficheiro digital único em muitos milhões de euros.
A Santa Casa aproveitou o evento para anunciar que vai
vender obras de arte que fazem parte do seu espolio digitalizadas em NFTs.
Os NFTs (Non-fungible Token) são certificados de propriedade
autenticados pela tecnologia blockchain, que garante que um determinado ficheiro
digital é único. Um ficheiro digital como uma fotografia, um vídeo, um tweet,
um meme, ao ser único, singular e detido apenas por uma pessoa, pode ser um
ativo de grande valor. Uma obra de arte digital da autoria de Beeple foi
vendida por quase 70 milhões de dólares num leilão.
Ainda assim, a lógica da tecnologia não é necessariamente a
da venda, mas sim a da detenção, ou seja, deter um ficheiro digital único será
equiparável a deter uma obra de arte.
Não tenho dúvida de que os NFTs têm um potencial incrível
e que vão marcar o futuro da criação artística mundial e os metaversos poderão
revolucionar a forma como usamos a internet. No entanto, talvez só conseguiremos
entender as motivações de um comprador de um NFT se já estivermos sintonizados com
um novo universo digital.
Eu efetivamente não estou e, por isso, dificilmente
consigo entender o prazer em deter a propriedade de um NFT, ainda que ele possa
ser a Mona Lisa do espaço digital, nem de passear, reunir, almoçar ou namorar,
num universo digital paralelo.
Possivelmente estou a ficar velho demais para estas
inovações tecnológicas e por isso, o que mais gostei da Web Summit deste ano foram
os abraços, os beijos e as conversas com as pessoas que já não via há tempo
demais.
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