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É uma cidade que tem estado cada vez mais debaixo dos holofotes internacionais. Este ano o Porto foi eleito o melhor destino de cidade do mundo, os chamados “Óscares do Turismo”.
E não é difícil perceber porquê. Além da sua beleza histórica e arquitetónica, são muitos os motivos que nos levam a visitar a Invicta.
Nos últimos anos habituei-me a deslocar-me até ao norte do país para recolher reportagens para o Imagens de Marca. É aqui que se encontra grande parte do tecido industrial português e muitas das empresas e marcas com histórias de sucesso que temos vindo a partilhar na antena da SIC Notícias. Mas desta última vez transformei a viagem numa espécie de roteiro cultural. Numa altura em que o Porto foi distinguido como melhor destido de cidade do mundo nos “World Travel Awards” – o mais alto reconhecimento global em viagens e turismo – decidimos na rubrica “Destino Sustentável” mostrar como a Invicta está a conquistar turistas internacionais através de uma forte aposta em projetos culturais que se diferenciam pela sua sustentabilidade. E o nosso ponto de partida é um exemplo de excelência nessa área.
À chegada encontramos centenas de pessoas que formam uma longa fila para entrar naquela que é considerada por muitos a livraria mais bonita do mundo. Por dia, a Livraria Lello recebe, em média, mais de 3 mil turistas, que chegam atraídos, não só pela beleza única do edifício, mas também por estar associada ao imaginário Harry Potter (ainda que a autora dos livros tenha entretanto negado que a livraria tenha servido de inspiração para a sua escrita). Ao entrarmos neste espaço fazemos uma autêntica viagem no tempo. É mais de um século de história e de estórias, embutido nos detalhes arquitetónicos e no saber livreiro que fazem da visita a este local uma experiência memorável. E tudo começou com os irmãos José e António Lello há 116 anos. “É uma casa que nasceu de um grande arrojo, em várias perspetivas. Do arrojo de uma família, os irmãos Lello, que abrem abrem uma livraria num edifício desta natureza em 1906, quando podemos dizer que a maioria da população portuguesa era analfabeta. A família Lello soube ir buscar o know-how nesta matéria dos livros, comprando o catálogo de um editor francês que veio para o Porto (...) que permitiu abrir esta casa também com uma pujança que não teriam de outra maneira. Hoje é uma casa que continua a sonhar e voltou novamente a ser uma casa ousada, uma casa que quer estar à frente, mas que respeita sempre a sua origem”, começa por nos explicar Aurora Pinto, a administradora da livraria.
Prova desta constante reinvenção é o recente lançamento de uma nova identidade visual, mais moderna e ousada, que respeita a história e identidade deste ex-libris cultural do Porto. O ferreiro, que podemos ver no vitral da livraria, foi transportado para o logótipo, sendo agora um dos ícones da nova linha de merchandising e do novo monograma ‘LL’”. As principais cores escolhidas, o vermelho e o castanho, remetem para as madeiras e a escadaria do interior do espaço. Às cores principais junta-se uma paleta de cores secundárias, que transmitem mais vida e energia.
“Quando chegámos cá em 2015, a minha família, a família Pedro Pinto, comprou a maioria do capital, e, de facto, esta casa estava a passar um momento menos feliz. Tivemos de decidir o que é que íamos fazer com ela. Ao querermos manter a livraria, o negócio tinha que ser rentável. Como então tornar as livrarias, quando todos sabemos que estão a morrer, rentáveis? O nosso primeiro golpe de felicidade foi criar o voucher, que permite que as pessoas entrem e que o descontem num livro. O voucher permitiu-nos então definir ousadamente a missão de pôr o mundo inteiro a ler, mas também nos permitiu um desafogo económico-financeiro que fez com que pudéssemos fazer obras de restauro e conservação. Através dessas obras nós pusemos a casa como ela era em 1906”, refere Aurora Pinto, numa entrevista concedida em plena Gemma, uma nova sala localizada na cave da Livraria onde podemos encontrar verdadeira jóias raras, desde livros raros a primeiras edições, manuscritos e livros-objeto. Conta também com exposições, como aquelas que reúnem parte do espólio da Coimbra Editora e da Brazenhead Books, a mítica “livraria-pirata” nova-iorquina de Michael Seidenberg, antigo proprietário. Este é, por isso, um local privilegiado e exclusivo para aqueles que procuram o Livro como objeto de investimento. É, em simultâneo, um novo capítulo no trabalho de preservação e de sustentabilidade que a Livraria Lello tem escrito nos últimos anos. “Se nós somos um pólo de atração, temos que também dar o exemplo. O facto de termos o cartão amigo, o programa cultural livre e gratuito, a procura de nos unirmos às instituições da cidade e de nos abrirmos à nossa comunidade: a sustentabilidade também é isso. (...) Mais recentemente alargámos esta sustentabilidade à própria produção dos nossos livros. Os nossos livros são sempre produzidos com papel certificado e depois são sempre que possível produzidos em Portugal com recurso, não só a gráficas portuguesas, mas também a ilustradores portugueses e autores portugueses”, afirma Autora Pinto.
A Livraria Lello é, sem dúvida, um dos pontos de referência a nível turístico de uma cidade que tem ganho projeção a nível internacional. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatístico, em Setembro, registaram-se no Porto mais de 518 mil dormidas, que se traduziram num crescimento de 9,7% face ao mesmo mês de 2019 (período pré-pandemia). Os números são animadores para a capital do Norte, que está a fazer da cultura e da sustentabilidade eixos estratégicos para melhorar a experiência dos visitantes e aumentar o seu tempo de permanência.
No ano passado, a zona do Bonfim viu nascer um projeto turístico diferenciador. Chama-se “M.Ou.Co.” e é uma unidade hoteleira que nos convida a deambular pelo universo da música. Já imaginou chegar ao quarto e ter um gira-discos à sua espera? Ou poder requisitar uma guitarra para usufruir dela durante a sua estadia? Diz-se que a música alimenta a alma e faz o corpo viajar. Foi precisamente essa experiência que nos proporcionaram durante a nossa passagem por este hotel. “O M.Ou.Co. é um acrónimo de música e outras coisas. O projeto surgiu de várias ideias e pelo gosto comum dos proprietários e de todas as pessoas que aqui estão pela música. E, de facto, nasceu para ser um projeto diferenciador que conjugasse estas duas vertentes: tivesse a parte de hotelaria e também esta vertente musical. Nós temos uma sala de espetáculos em baixo no piso menos um. E o que é que acontece? Os hóspedes podem utilizar a sala de ensaios para ensaiar e temos uma programação com uma linha artística muito bem definida e pensada e programada para os portuenses, para os estrangeiros, para os hóspedes do hotel”, explica Teresa Martins, Diretora-geral da unidade.
O M.Ou.Co. integra um total de 62 quartos, um restaurante, uma piscina, bar e esplanada, uma sala de espetáculos e uma musicoteca, local onde os visitantes têm a oportunidade de descobrir uma coleção de discos de vinil e livros dedicados a esta temática. A Música, já deu para perceber, é mesmo o fio condutor e elemento agregador deste conceito, que oferece ainda três salas de ensaios e um espaço dedicado à saúde do músico. “Stay. Listen. Play” é a assinatura deste projeto que se desenvolveu numa antiga fábrica de componentes elétricos dos anos 80 e que integra o perímetro da operação de reabilitação urbana (ORU) de Campanhã. O reaproveitamento desta antiga estrutura fabril valeu-lhe recentemente o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana.
“Em termos dos materiais, nós vemos muita madeira. muitos materiais naturais, o cimento, o botão que está presente em todo o espaço. O projeto foi pensado exatamente para preservar e para termos esta sustentabilidade em termos dos materiais. A nível da poupança energética, toda a nossa eletricidade e luminárias estão pensadas para serem desligadas centralmente. Nós já temos também a poupança nos caudais da água das torneiras, por exemplo, em que algumas são automáticas e, portanto, desligam ao fim de X tempo. A nossa linha de amenities é ecológica. Temos parcerias com entidades locais. Temos planeado para 2023 fazer uma horta comunitária, utilizando aqui um dos espaços que já foi pensado no projeto para isso e uma série de de desafios e iniciativas nesse sentido”, revela a diretora deste projeto, que viu também ser reconhecido o seu trabalho em prol da sustentabilidade ao receber a certificação Biosphere Sustainable Tourism, uma certificação internacional de turismo sustentável atribuída a todas as empresas da cadeia de valor deste setor, que, de forma direta ou indireta, contribuem para o reforço da experiência do turista.
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