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Numa altura em que
partilhamos toda a informação pessoal e confidencial com os nossos telemóveis e
com as empresas que deles se aproveitam, qual é o lugar para o INE (Instituto
Nacional de Estatística) e para os tradicionais inquéritos?
Quando iniciei a licenciatura
em 1996, estive na linha da frente da internet em Portugal e, com o Google
ainda por inventar, pertenci à última geração que se deslocou a bibliotecas em
busca de informação, que utilizou enciclopédias em papel e que foi pessoalmente
ao INE em busca de dados fotocopiados a peso de ouro.
Foi por isso (e por defeito
profissional) que fiquei curioso quando o call
center do INE me telefonou para responder ao Inquérito-piloto às Condições
de Vida, Origens e Trajetórias da População Residente (ICOT).
O questionário começou com o
elencar do nome e data de nascimento de cada membro da família, detalhes que me
pareceram excessivos (não bastaria a relação de parentesco, número de pessoas e
a sua idade?), seguindo depois por questões relativas à situação profissional,
escolaridade (incluindo dos pais e avós) e estado de saúde, até à pergunta que
tanta polémica gerou na altura do Censos sobre a qual dos grupos considero
pertencer: asiático, branco, cigano, negro, origem ou pertença mista.
Mas a questão seguinte foi a
que mais me chamou a atenção, por pedir que optasse por uma resposta de entre
16 opções! Não sei quão prevalente é o consumo de vitaminas para a memória, mas
confesso que pela 8ª ou 9ª já estava perdido…
Os questionários telefónicos
têm limitações naturais, como a ausência de estímulos visuais, a dependência de
respostas declarativas que podem ou não corresponder à realidade, a influência
que as circunstâncias do momento podem ter (estava numa reunião, na casa de
banho, a meio de uma discussão, todas estas situações em simultâneo?), mas é de
estranhar uma estrutura de pergunta tão desajustada ao meio em que foi
aplicada, colocando em causa a validade das respostas, ainda que a ordem em que
as opções tenham sido apresentadas seja aleatória (seria interessante analisar
a prevalência das opções que foram apresentadas por último).
A vantagem do INE, a par de
uma experiência ímpar em Portugal, é (foi?) a sua independência e alcance,
ainda que recentemente a Pordata e a Fundação Francisco Manuel dos Santos
tenham vindo a tomar parte do seu lugar, mais que não seja pela sistematização
e divulgação que fazem, mais adaptadas aos tempos que correm.
Diz-se que os investigadores
salivam por acesso a boas bases de dados: numa altura em que por via da
vacinação contra a covid temos quase 90% da população a passar por centros de
vacinação, onde permanecem 30 minutos desocupados para acautelar eventuais
efeitos secundários, por que não convidar ao preenchimento voluntário de questionários
sobre tudo e mais alguma coisa? E quem melhor que o INE para o fazer?
PS – a questão das 16 opções
era: Das seguintes características, quais
são as que melhor o descrevem: grupo étnico, sexo, religião, estatuto
migratório, opiniões políticas, sotaque ou forma de falar, escolaridade, origem
ou nacionalidade, identidade de género, estado de saúde, idade, classe social,
sítio onde vive, forma de vestir, cor da pele, tipo de família, orientação
sexual ou outro.
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