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Vivemos numa época caracterizada por grande volatilidade, em que os ciclos económicos, entre a prosperidade e alguma recessão, entre a esperança e algum receio em relação ao futuro, se vão sucedendo de forma cada mais rápida. Como é que o setor do Turismo se pode adaptar a este “novo mundo”? Foi este o ponto de partida da VI Cimeira do Turismo Português.
As últimas notícias são animadoras para os profissionais do setor do Turismo. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, o alojamento turístico em Julho registou mais de 8 milhões de dormidas e 3 milhões de hóspedes, com receitas 27,6% acima de 2019. Muitas eram as dúvidas sobre a capacidade de resiliência de uma indústria que viveu nos últimos dois anos uma crise sem precedentes. Mas os recordes deste verão mostram que o setor está definitivamente a conseguir recuperar. Ainda assim, a sociedade continua a viver tempos conturbados e o grau e imprevisibilidade, para marcas, empresas e consumidores, é elevado. A conjuntura pós-pandemia e a realidade geoestratégica trazem instabilidade para todas as indústrias e áreas de atividade e o Turismo não é exceção. Os desafios deste “novo mundo”, na realidade, ainda desconhecido e marcado por tempos de grande incerteza, foram o tema principal da VI Cimeira do Turismo Português. Organizado pela Confederação do Turismo de Portugal, o evento decorreu na Fundação Champalimaud, em Lisboa, e trouxe para cima da mesa os temas estratégicos de futuro para esta área de atividade que tem sido um verdadeiro motor da economia portuguesa e que tem sido um exemplo na forma como tem conseguido ultrapassar grandes dificuldades.
“A história do turismo nestes anos é um bom exemplo da forma como temos que encarar este novo momento de incerteza e de angústia, marcado pela essência de uma guerra na Europa que atinge brutalmente a Ucrânia e o seu povo, mas que tem um efeito à escala global do ponto de vista económico, do ponto de vista social e do qual a inflação é seguramente a marca maior», afirmou logo na sessão de abertura o Primeiro-Ministro, António Costa. A necessidade urgente de construir um novo aeroporto de Lisboa tendo em vista o desenvolvimento do turismo em Portugal foi um tema dominante e em relação a ele o Primeiro-Ministro mostra-se confiante, afirmando que estão reunidas várias condições que representam “uma janela única” para decidir “bem e de uma forma irreversível” a localização da infraestrutura, já que o Governo tem mandato até 2026, as autarquias por mais três anos até 2025 e o líder da oposição (Luís Montenegro) por mais dois anos até 2024. “Nos próximos dois anos vamos ter estabilidade. Vamos ter o mesmo Governo com maioria na Assembleia da República, o mesmo líder da oposição e os mesmos autarcas”, referiu, acrescentando: «o que o decisor político tem de procurar assegurar é que decide com a melhor e mais atual informação possível e, para que isso aconteça, é preciso concretizar a Avaliação Ambiental Estratégica, através de um processo que todos reconheçam total transparência e que não tenham dúvidas», afirmou António Costa.
Outro dos tópicos em destaque foi naturalmente um dos problemas com os quais a indústria se tem confrontado nos últimos tempos: a escassez de mão de obra. A Secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques apresentou algumas soluções para esta falta de trabalhadores. “A Europa está mais envelhecida e a solução é aumentar a natalidade, mas demora um bocadinho até chegarmos lá. Portanto, temos que encontrar aqui uma solução nova que passa pela importação de recursos humanos, e portanto os acordos da CPLP têm um papel fundamental e estamos a trabalhar justamente nessa agenda, tentando de alguma forma preencher estes 45 a 50 mil trabalhadores que nos faltam. A segunda dimensão passa pela capacitação, pelo reforço de competências. E uma terceira componente que passa naturalmente pela valorização de todos aqueles que trabalham no setor de turismo, pagando mais, conciliando melhor a vida pessoal e profissional, e portanto uma maior dignificação dos profissionais do setor de turismo”, afirmou a Secretária de Estado, frisando que Portugal quer agora posicionar-se como “país para trabalhar e viver”.
O turismo em Portugal depara-se, de facto, com grandes desafios, devido à conjuntura económica e à “nova era” geoestratégica, mas as expectativas são positivas. Em entrevista ao Imagens de Marca, o Presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, salienta que a marca-país é “fortíssima” e que tem capacidade de convencer turistas, principalmente por saber bem receber e respeitar as diferenças. “Saídos de uma pandemia de dois anos em que nos colocaram limitações a viajar e a estarmos com outras pessoas, hoje temos mais noção daquilo que é importante, daquilo que é a importância de uma experiência turística positiva e num mundo que é hoje completamente diferente, do ponto de vista agora já do lado da oferta, da operação. O aumento dos custos da energia, a instabilidade das conectividades e da mobilidade é cada vez maior. Portanto, exige maior transparência, melhor comunicação, mas principalmente muito mais confiança no futuro. E eu acho que temos essas ferramentas para fazer isso aqui em Portugal”.
Os últimos números vão também de encontro àquilo que o Turismo de Portugal pretende. “De janeiro a julho com tivemos menos 5% de dormidas mas mais 12% de receitas. Portanto estamos a crescer mais do ponto de vista de receitas do que propriamente do número de dormidas e número de hóspedes. Isto é aquilo que nós queremos também do ponto de vista de sustentabilidade do destino. Que é termos mais com menos”, salienta. A objetivo é proporcionar cada vez mais aos visitantes uma experiência autêntica e sustentável, que é, afinal de contas, aquilo define hoje o turista: mais exigente, que procura confiança e flexibilidade num destino que se preocupa com o planeta e com as pessoas. A estratégia passa, por isso, por colocar “as pessoas no centro do trabalho, mas principalmente a sustentabilidade como algo transversal a todas as ações, com foco nos mercados, tentando atrair segmentos mais elevados, apostando em produtos inovadores, desde o turismo literário ao enoturismo, mas muito focado naquilo que é a autenticidade do país e das regiões nacionais”, refere Luís Araújo.
Portugal é atualmente o 16º país mais competitivo em termos turísticos a nível mundial, segundo o Travel & Tourism Development Index de 2021. O país desceu três posições neste ranking, sendo atualmente o 9º mais competitivo no continente europeu. Há, por isso, vários aspetos a melhorar, tal como frisou o Presidente da consultora PwC Portugal, António Brochado Correia. “Uma das áreas que é dada nas estatísticas internacionais como mais preocupante para viajar é a receção nos aeroportos. Portanto, a questão dos aeroportos é uma questão que nós temos de melhorar. Não é só a infraestrutura aeroportuária. É também a forma como resolvemos os problemas, é a forma como recebemos as pessoas nos aeroporto, as filas intermináveis às vezes para conseguir mostrar o passaporte ou passar a alfândega. São áreas que desceram neste ranking da competitividade e que podemos vir a melhorar. Ora, competitividade não significa crescer. Significa crescer mais do que os outros. Crescer melhor do que os outros. Anteciparmo-nos àquilo que são às vezes as tendências internacionais antes que elas sejam óbvias. (...) Por exemplo, podemos melhorar nos parte dos custos de contexto, mas também na comunicação. Na área da Cultura nós estamos numa posição muito abaixo daquilo que nós poderíamos estar e a pergunta é: porquê? Porque divulgamos pouco. Tudo isto é um ecossistema que nós podemos melhorar muito para que o país possa continuar a ser mais e mais competitivo, porque neste mundo do turismo não somos sozinhos, há sempre alguém a competir connosco”, afirmou. O caminho do turismo em Portugal deve passar pela melhoria da mobilidade, mas também pela aposta num turismo em harmonia com a natureza e na digitalização como ferramenta para melhorar a experiência do cliente. Tendências globais que devem ser acompanhadas pelas empresas portuguesas e que são exploradas na entrevista do Imagens de Marca ao Presidente da PwC Portugal.
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