Newsletter
Pesquisa
A Gi Group Holding e a Worx Real Estate Consultants apresentaram o estudo “Teletrabalho em Portugal: desafios e oportunidades do futuro”, um retrato aprofundado das mudanças que estão a moldar a forma como trabalhamos e vivemos.
Desenvolvido a partir de um inquérito realizado a um vasto número de empresas portuguesas, de diferentes dimensões e setores de atividade, o estudo procurou traçar tendências, desafios e oportunidades relacionadas com o teletrabalho.
Os resultados foram divulgados durante a conferência “O Futuro: teletrabalho, tecnologia e cidades inteligentes”, onde o Imagens de Marca esteve presente, e que contou com a presença de líderes empresariais, decisores e especialistas, incluindo Maria do Rosário Palma Ramalho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, além de representantes da Gi Group Holding Portugal, tais como Thomas Marra, Country General Manager, e Nuno Troni, Business Director Search & Selection.
O teletrabalho consolidou-se em Portugal
Inicialmente adotado como resposta à pandemia, o teletrabalho consolidou-se como prática habitual em muitas organizações. Segundo o estudo, 21,8% da população empregada em Portugal já trabalha à distância. Entre os principais benefícios, as empresas e os profissionais destacam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (92%) e a maior facilidade na atração e retenção de talento (84%). Já entre os desafios mais apontados surgem a integração de novos colaboradores (76%) e o impacto na cultura organizacional (69%).
Ao que Thomas Marra explicou ao Imagens de Marca, “a pandemia acelerou uma transformação que já estava em curso. Hoje, o teletrabalho é uma realidade estrutural — não uma exceção — e as empresas precisam de o integrar de forma inteligente nas suas estratégias”.
O responsável acredita que o teletrabalho trouxe “uma enorme mais-valia — mais flexibilidade e mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional”, sublinhando que esta é hoje “uma ferramenta essencial para atrair e reter talento”. No entanto, reconhece que a distância pode diluir o “verdadeiro espírito da empresa — a colaboração, a cultura e os valores”, motivo pelo qual acredita que “o equilíbrio está no meio”.
O papel transformador dos escritórios
De acordo com o estudo, 62% das empresas portuguesas permitem entre 1 e 2,5 dias de teletrabalho por semana, e 81% dos colaboradores valorizam as áreas sociais e os espaços de convívio no escritório. Estes dados confirmam uma mudança profunda na função do espaço de trabalho, que deixa de ser apenas um local de execução para se tornar um ambiente de partilha, criatividade e colaboração.
Thomas Marra defende que o escritório deve ser repensado como “um ativo estratégico” e não apenas um custo operacional. “Sempre fui uma pessoa ‘data-driven’, focada em indicadores e dashboards”, admite, “mas hoje” percebe “que o escritório é o verdadeiro termómetro da saúde da empresa. É nele que se sente o clima, o envolvimento e a energia das equipas”.
Esta visão encontra eco nos resultados do estudo, que apontam para uma reconfiguração generalizada dos espaços corporativos: 45% das empresas já adotaram ou planeiam adotar o modelo “Flex Office”, e 51% transformaram ou estão em processo de transformação dos seus escritórios. “Um espaço de trabalho bem concebido incentiva a colaboração, o brainstorming e a troca de experiências, sendo essencial para a aprendizagem presencial e para a transmissão de conhecimento entre colegas”, indica.
Digitalização e novas geografias de talento
Para Nuno Troni, a digitalização “foi a maior mudança” no recrutamento e seleção. “Antes, a maioria das entrevistas era feita presencialmente; hoje, quase tudo acontece através de plataformas digitais”, refere, em declarações ao Imagens de Marca. Essa mudança “alargou de forma significativa a ‘pool’ de talento disponível”, permitindo que empresas com sede em Lisboa ou no Porto possam agora contratar colaboradores que vivem em qualquer parte do país — ou mesmo no estrangeiro.
O Business Director Search & Selection da Gi Group Holding Portugal acredita que esta nova realidade trouxe uma mudança profunda na forma de pensar o talento. “A digitalização e o teletrabalho abriram novas fronteiras. Hoje, o talento deixou de ter código postal”, afirma.
Contudo, o responsável alerta que esta transformação também trouxe novos desafios. “Gerir cultura organizacional é hoje muito mais complexo. Deixámos de ter duas localizações para ter oitenta. As equipas são diversas, com perfis e experiências muito diferentes, e isso exige novas competências de liderança”, frisa.
Cultura, produtividade e engagement
O estudo revela que 69% dos líderes admitem dificuldades em manter o sentimento de pertença e a cultura organizacional em contexto remoto, ainda que 92% valorizem o equilíbrio proporcionado pelo teletrabalho. Para Nuno Troni, “a cultura é o que nos faz ficar numa empresa, felizes e motivados”, e por isso “as organizações precisam de investir na comunicação, na liderança e nas oportunidades de crescimento” para reforçar o engagement das suas equipas.
O responsável lembra também que o conceito de produtividade evoluiu. “Durante muito tempo, associávamos produtividade à presença física. Hoje sabemos que o que realmente importa é o que a pessoa produz — e já temos ferramentas para medir isso com objetividade”, destaca.
Competências para o futuro
Com o avanço do teletrabalho, as empresas passaram a valorizar novas competências. Nuno Troni observa que “as exigências mudam todos os anos” e que “o que era essencial há três anos pode já não ser relevante hoje”. Ainda assim, acredita que há qualidades intemporais, como “responsabilidade, comunicação e pensamento criativo”. No contexto híbrido, “a autonomia e a capacidade de gestão do tempo tornaram-se absolutamente críticas”.
Segundo o responsável, a palavra que define esta nova era é “flexibilidade”. “Para os candidatos é uma exigência; para as empresas, um benefício. O desafio é encontrar o ponto certo de equilíbrio entre ambos”, sugere.
Um futuro híbrido, tecnológico e humano
O estudo conclui que 65% das empresas acreditam que o número de dias de teletrabalho se manterá estável nos próximos anos — uma evidência de que o modelo híbrido não é uma tendência passageira, mas sim uma transformação estrutural.
De acordo com Thomas Marra, este equilíbrio entre o remoto e o presencial é o que vai moldar a nova cultura empresarial. “O escritório do futuro não é onde se trabalha, é onde se pertence”, afirma, acrescentando que “precisamos de modelos híbridos que respeitem a identidade das empresas e que promovam uma cultura de colaboração intencional”.
O Country General Manager da Gi Group Holding Portugal reforça ainda que a mudança ultrapassa os limites das organizações: “O teletrabalho não muda apenas a vida das empresas — muda também a forma como as cidades funcionam, como as pessoas se deslocam e até como os espaços urbanos são pensados”.
Em Lisboa, 20% dos postos de trabalho são originados por novas empresas, muitas delas internacionais, que adotam escritórios prontos a usar, promovendo bairros inteligentes, mobilidade sustentável e espaços inclusivos. A flexibilidade no uso dos espaços torna-se um fator decisivo para o crescimento sustentável, atração de investimento estrangeiro e alinhamento com estratégias de responsabilidade social e ESG.
Num momento em que as empresas procuram conciliar produtividade, bem-estar e propósito, a flexibilidade emerge como o verdadeiro motor do futuro do trabalho em Portugal — um futuro, como sublinha Thomas Marra, que será inevitavelmente híbrido, tecnológico e profundamente humano.
Artigos Relacionados
fechar
O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.
Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.