Sustentável… mas pouco

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A opinião de Paulo Gonçalves
Sustentável… mas pouco
4 de Agosto de 2023
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Paulo Gonçalves
Responsável Marketing e Comunicação APICCAPS
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Sustentabilidade. Este é já um dos palavrões do século XXI. Entrou de rompante no léxico empresarial. Moveu multidões. Mas de tão proliferado, ficou gasto. E caminha rapidamente para o descrédito geral. 


Nos últimos 10 anos, de acordo com a Business of Fashion (BoF) aproximadamente três mil milhões de dólares foram investidos na inovação de novos tecidos na indústria da moda, gerando uma onda de entusiasmo em torno de materiais de última geração, como biomateriais, fibras fabricadas em laboratório ou tecidos reciclados.

 

Recentemente, a Bolt Threads, apoiada por Stella McCartney e o grupo Kering, que representa marcas como Alexander McQueen, Balenciana, Botega Veneta, Brioni, Gucci ou Saint Laurent, interrompeu as operações após anos de promessas de alto nível.

 

Parece ser comummente aceite que as marcas precisam de novos materiais com menor impacto ambiental para atender a compromissos climáticos publicamente assumidos. Porém, o que diferencia as eternas promessas de novos materiais e as opções bem-sucedidas existentes no mercado será a harmoniosa combinação entre a qualidade do produto e a fabricação escalável. Não poderá haver soluções intermédias.  De outro modo, como se combinará o aumento da população mundial, a procura de novos produtos e o equilíbrio ambiental?

 

Inequivocamente, há um excesso de consumo que extravasa todos os segmentos da fileira da moda. Na defesa de um mundo melhor, a primazia da qualidade, garante da durabilidade dos produtos, deverá ser entendida como prioritária, tanto para as marcas, como para os consumidores.

 

No setor do calçado, de acordo com o World Footwear Yearbook, em 2022 foram produzidos uns impensáveis 24 mil milhões de sapatos em todo o mundo. Relativamente ao ano anterior, assinala-se um acréscimo de 7,6%. A Ásia assegura uma quota da produção superior a 87%. Já Europa representa uns escassos 2,7% da produção mundial. Num registo desta natureza, o saber-fazer e os produtos genuínos estão seriamente ameaçados.  

 

Com efeito, todos os anos, são produzidos à escala mundial, milhões e milhões de produtos de baixo custo e qualidade duvidosa. Está longe de se assumir como um modelo de negócio sustentável ou promotor de um mundo melhor. A título de exemplo, o preço médio de um par de sapatos exportado pela China ascende a 6,19 dólares o par, que compara com os 27,99 dólares praticados por Portugal (Portugal apresenta o segundo maior preço médio de exportação, a seguir a Itália). Curiosamente, a China está a perder fulgor no mercado internacional para países como a Índia ou o Vietname. Há sempre quem seja capaz de ser (ainda) mais competitivo por via do (baixo) preço. 

 

Feitas as contas, impossibilitados pelo mercado de vender “minutos de produção”, a pressão relativamente a pequenos players como Portugal aumenta a cada ano que passa. A migração para produtos de segmentos de maior valor acrescentado é a solução natural, que deve naturalmente ser aprimorada.

 

Temos de nos assumir como um player de referência, que promove a produção local, «made in Europe”, de produtos de excelência, a preços justos, sem negligenciar as convenções internacionais e os direitos humanos.

 

No setor do calçado, com o apoio do PRR, Portugal está a investir 140 milhões de euros nos domínios da inovação e da bio economia (também o setor têxtil e do vestuário está a efetuar investimentos muito expressivos nestes domínios). Esse deverá constituir um contributo decisivo para afirmar o setor como líder no desenvolvimento de novas soluções. Nos negócios, como na vida, ou somos líderes ou seguidores. A decisão cabe a cada um.


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