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São públicas as dificuldades financeiras que estrangulam a maioria dos designers portugueses.
O tema é recorrente. Apressadamente, julgamos como certezas absolutas a reduzida dimensão do mercado nacional, os negócios mal estruturados ou mesmo os hábitos de consumo pouco exigentes dos portugueses que, não raras vezes, privilegiam as marcas estrangeiras de nome (mais ou menos) duvidoso em vez de optaram pelo “made in Portugal”.
Feitas as contas, tendemos a rejeitar um saber-fazer acumulado ao longo de gerações, preterimos a moda nacional e desperdiçamos uma imensidão de talento.
O problema será, ainda assim, bem mais profundo. Como se avalia a cultura de um país? Pelo valor magro consagrado no Orçamento de Estado? Pelo número de portugueses que, ao longo de um ano, não leem um livro? Pelas idas ao museu? Ou pelos artistas, em múltiplos quadrantes, que remetemos ao esquecimento?
Ora, a moda é cultura, arte, democracia e liberdade. Moda é pensamento crítico, respeito pelo nosso legado, mas igualmente um vislumbre de progresso e de modernidade. Moda é uma promessa de futuro.
Mas a moda é também um negócio. Em Portugal, os setores têxtil, vestuário, calçado e ourivesaria empregam mais de 300 mil trabalhadores e exportam, anualmente, mais de oito mil milhões de euros.
A moda importa. Por esse motivo, a moda nacional, especialmente a de autor, enquanto expressão artística e cultural, não pode ser uma fatalidade.
É hora de cuidarmos dos nossos. Tempo de olhar sem complexos para as propostas dos nossos criativos e comprar português. Das empresas escancararem as portas ao talento e proporcionarem condições para o desenvolvimento de novos projetos de criação de valor. Por fim, numa altura em que os centros das cidades caminham lentamente para a perda de identidade, é tempo das grandes autarquias percecionarem os espaços públicos, criarem novas alavancas de criatividade e se associarem à indispensável urgência de valorizar Portugal.
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