Quinta-feira 26, 9 da manhã. Este é o 15º dia de teletrabalho e isolamento voluntário, necessário na minha consciência para contermos uma ameaça nova… inesperada. As emoções estão em primeiro plano, claramente potenciadas pelo cenário que nos envolve. A emoção é a base de trabalho de quem gere marcas. Sentir que o consumidor se apaixona pela marca ou produto que criámos faz qualquer marketeer perceber a qualidade do seu trabalho! A possibilidade de ver, sentir, cheirar, tocar faz a diferença em qualquer experiência que tenhamos. Não basta saber, é preciso ir. Não basta ir, é preciso viver.

Em janeiro estive na Ásia, já o vírus era o principal tema dos media, apesar de não sentir ainda nas ruas nenhuma consequência de maior. Nos aeroportos algumas pessoas de máscara, algo normal até naquela zona do globo e… pouco mais. Fui dos que subestimei, fui um daqueles a dizer que provavelmente as condições de higiene de alguns países daquela região eram os responsáveis pela proliferação do vírus. Comentei que na Europa facilmente seria contido, até pelas condições do sistema de saúde e hábitos de vida. Como estava errado… e até sinto que o meu pensamento foi algo elitista.

Lidar com o desconhecido é algo normal para a indústria da criatividade: corremos riscos sempre que apresentamos um conceito disruptivo e arrojado a um cliente. Sentimos com tensão a incerteza da opinião do outro lado até à aprovação da ‘versão 1’ do nosso trabalho. Na verdade, são só palavras e bonecos e maquetes e storyboards, argumentados em tendências que identificamos na sociedade. O nosso único risco é o cliente não gostar e, nesse caso, escolhemos outro caminho. Não salvamos vidas, não nos falta material vital, não temos que escolher entre quem vive ou quem morre. Afinal, o nosso trabalho é fácil. Mas neste momento é mais desafiante. Como se vendem emoções que não sentimos? Como partilhamos uma experiência que vamos viver à distância? Estamos todos a aprender. A criar. A sentir. A viver.

Tenho a maior admiração e respeito porque quem trabalha na área da Saúde e corre riscos para salvar vidas. Essa emoção liga-nos a todos. Todos! Saber que milhares de profissionais dão o seu melhor, todos os dias, pelo bem da existência comum.

O momento que atravessamos exige muito da sociedade, como poucos na História comum mais recente. Só com união e a colaboração de todos conseguimos vencer esta guerra, rapidamente. Desta vez, o poder de salvar vidas está nas nossas mãos, de uma forma real e direta. Este desafio é da Humanidade para salvarmos a maior marca que conheço.

É nos momentos de crise que mostramos a nossa força. Com coragem, determinação e disciplina, vamos ultrapassar esta pandemia, vamos mostrar os nossos valores enquanto coletivo e vamos seguir em frente mais fortes, mais coesos e mais responsáveis, porque… ainda temos muitas marcas para deixar no Mundo!