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Numa viagem recente que fiz à Índia fui surpreendida por uma realidade forte, real, cruel na sua forma de vida mas fez-me parar e repensar a nossa realidade em Portugal e para onde nos encaminhamos.
Dharavi é uma localidade perto de Mumbai, na Índia, com cerca de 216ha e onde vivem mais de 1 milhão de pessoas. É considerado o segundo maior Bairro de Lata “Slum” da Ásia em densidade populacional e a sua economia assenta sobretudo na Reciclagem, no Têxtil, nos Curtumes e na Cerâmica, gerando um “turnover” anual de mais US $ 1 bilião.
É incrível o que vimos perante os nossos olhos, é incrível quando ficamos a conhecer algumas das 15 mil fábricas que existem designando esta favela como a maior favela de Empreendedores do Mundo.
O primeiro aviso que nos fazem ao atravessar as ruas é: Good eyes, Good legs and Good luck!
E percebemos porquê. Porque a densidade populacional é tão grande que motas, carros e camiões não nos deixam espaço para atravessar as ruas principais e, até aqui, temos de ser empreendedores para termos sucesso nesta etapa.
As condições em que vivem são diminutas: não tem condições sanitárias, existe em média 1 casa de banho para 1.450 pessoas (segundo dados de 2006), vivem em quartos minúsculos e por vezes famílias inteiras mas tem um foco empresarial enorme e são felizes.
Os prédios têm em média três andares, no andar de baixo é onde funciona o negócio, no segundo andar vivem as famílias e o terceiro funciona como uma fonte de rendimento. A educação é uma das prioridades de Dharavi e nós visitámos uma das escolas com excelentes condições. Crianças com cinco anos, felizes e em jeito de meter conversa “What is your name” e tudo gira à volta de uma comunidade que vive para trabalhar, passar tempo com a família e até onde a organização internacional “Art of Living” presta voluntariado trabalhando com as crianças ao nível das técnicas de respiração e meditação para aumentar a criatividade e bem-estar dentro da filosofia indiana.
O que mais me surpreendeu e perante tudo o que vi, homens e mulheres a costurarem no mesmo local de trabalho, é o facto de as mulheres ganharem o mesmo que os homens. Não interessa o género mas sim a produtividade diária de cada um deles sendo que a compensação é feita em prol do número de peças que cada pessoa produz.
E eu fiz esta pergunta a mim mesma: nós que vivemos numa sociedade moderna, com todas as condições vitais e necessárias porque não somos capazes de recompensar o trabalho de forma igual através da meritocracia?
Deixo-vos esta pergunta para pensarem: se achamos que somos tão evoluídos na nossa sociedade atual, o que nos faz sermos menos evoluídos perante sociedades emergentes. O que nos falta?
Repensar o mundo atual!
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