Newsletter
Pesquisa
Nota da direção editorial: Nos últimos 3 meses reinventámos o nosso
trabalho a partir de casa e conseguimos nunca parar a produção de
informação. Criámos mais e novas formas de a fazer chegar até si,
apostámos em conferências na web com momentos de reflexão e partilha de
conhecimento com profissionais altamente reputados dentro e fora de
Portugal, sempre gratuitamente. Produzimos papers de elevado interesse
para decisores de empresas com as ideias mais importantes de cada
conferência/debate e preparamo-nos agora para iniciar as atividades da
nossa Empower Brands Community, na área da academia, para que o
conhecimento possa chegar cada vez mais longe e a mais pessoas
enriquecendo também o mercado. Estamos a cumprir o nosso propósito.
Stefan Sagmeister é um dos nomes incontornáveis do design a nível
mundial.
Mas dizer que é apenas designer é reduzir em muito o seu trabalho,
é um contador de histórias inato e também tipógrafo.
É muito provável
que em algum momento das nossas vidas nos tenhamos cruzado com o seu
trabalho. Já trabalhou para clientes como EDP, Casa da Música no
Porto, Rolling Stones, Talking Heads, Aerosmith, Jay-Z, Adobe entre
muitos outros. Também realizou e protagonizou o Happy Film, um
documentário em que tenta repensar a sua personalidade com o
objetivo de se tornar uma pessoa mais feliz. É austríaco mas é a
partir de Nova Iorque que trabalha as suas ideias, e é em Nova
Iorque no seu apartamento na 222 West 14 Street, entre a 7ª e 8ª
Avenida, que nos concedeu uma entrevista via e-mail.
Imagens de Marca:
Como é que o seu processo criativo está a ser influenciado por tudo
o que está a acontecer?
Stefan Sagmeister:
Como já completei 3 anos sabáticos na minha vida de designer,
encontro-me bem preparado para trabalhar em projetos auto-motivados.
Para mim são importantes.
IM: Consegue
encontrar inspiração no isolamento? Sente que o seu trabalho é
influenciado pelo coronavírus?
Stefan Sagmeister:
Sim, eu acho que este tempo sem interrupções ajuda bastante e é
sempre muito produtivo. Sei por experiência própria, dos meus
períodos sabáticos, que eu não consigo ler ou ver Netflix o dia
inteiro, sinto-me mais feliz se me sentar à secretária e trabalhar.
Também sinto um fluxo maior nos meus streams no Instagram onde faço crítica de trabalhos de jovens designers.
Também recebo muitos e-mails de designers que me pedem que comente
os seus trabalhos. E isto acontece porque as pessoas estão
simplesmente interessadas em feedback. Mas tenho a certeza que
existem “sub-motivos” também, como ser publicado numa conta com
um grande número de seguidores. Já soube de um designer
que recebeu uma proposta de trabalho depois de aparecer num dos meus streams.
Também
estou a trabalhar num projeto mais ambicioso que lida com o pensamento a longo prazo. Os media de curto prazo
como o Twitter, que criam conteúdos de hora em hora, que acabam por gerar uma
impressão de que o mundo está fora de controlo, com a democracia em
perigo, conflitos omnipresentes e uma perspetiva geral de destruição. Mas
se olharmos para tudo o que está a acontecer ao mundo numa
perspetiva de “longo prazo” - o único sentido que abre caminho –
praticamente qualquer aspecto que diga respeito à humanidade parece
estar a melhorar: há menos pessoas com fome, menos pessoas a morrer
em guerras ou em desastres naturais, mais pessoas a viver em
democracia e a viver muito mais que alguma vez se viveu. Há 200 anos
cerca de 9 em 10 pessoas não conseguia ler nem escrever, hoje esse
número é 1 em 10.
Estou
a trabalhar em criar visualizações intrigantes sobre estes
desenvolvimentos com o objetivo de quem os veja tenha o desejo de os
pendurar nas suas salas, como uma obra de arte, como uma lembrança
de que estas últimas semanas são apenas ‘pontinhos’ num
ambiente bastante saudável.
IM:
Será que depois de tudo isto passar as pessoas ainda vão encontrar
a felicidade nas mesmas coisas de antes? As marcas vão aprender
alguma coisa com tudo o que aconteceu?
Stefan
Sagmeister: Eu consigo ver
isto tomar várias direções: os designers podem tornar-se
responsáveis por criar beleza novamente, online e offline, em
produtos e em vizinhanças, pois quando nos sentimos melhor
portamo-nos melhor em ambientes bonitos. Os designers também poderão
colaborar com engenheiros e cientistas para criar soluções para
grandes problemas ambientais, desde a captura de carbono até à
criação de “cintos verdes” (green belts) à volta de cidades
costeiras. E espero eu, que haja um designer que consiga resolver os
procedimentos pouco eficientes nos aeroportos, talvez com a ajuda de
alguma marca.
IM:
Qual será o papel das marcas e da criatividade no que diz respeito a
mudar as prioridades das pessoas depois desta crise da COVID19?
Stefan
Sagmeister: Eu acho que para
uma marca ser significativa, ela tem que ajudar ou encantar as
pessoas. E se não faz nenhuma das duas, eu simplesmente não uso os
seus serviços ou compro os seus produtos.
Artigos Relacionados
fechar
O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.
Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.