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A Roménia, outrora o mais pobre dos atuais 27 Estados-membros, deverá ultrapassar Portugal no ranking de desenvolvimento económico da União Europeia já este ano.
Os dados da Comissão Europeia motivaram a habitual esquizofrenia mediática. Discussões, mais ou menos apaixonadas, dos «especialistas do regime», essencialmente centradas nas questões partidárias, tendem a esquecer o essencial: de 2016 a 2024, entre altos e baixos, Portugal convergirá somente um ponto percentual com a média europeia. No espaço da última década, para além da citada Roménia, fomos igualmente ultrapassados por países como Hungria, Lituánia e Polónia.
Portugal será um país de eternos contrastes. Se, por um lado, nos podemos orgulhar de termos a geração mais qualificada de sempre, importa sublinhar que todos os anos milhares de portugueses emigram (65 000, em 2021, segundo o Relatório de Emigração). Praticamente metade dos novos emigrantes terá já concluído o ensino superior. Já a recorrente quebra da natalidade a nível nacional limita-nos os horizontes. Em resultado, Portugal está a envelhecer a um ritmo mais acelerado do que os restantes países europeus (de acordo com os Censos de 2021, haverá 182 idosos por cada 100 jovens).
A taxa de desemprego a nível nacional, por sua vez, ronda os 6%, valor historicamente baixo. Números que merecem o reconhecimento público, mas que escondem uma realidade particularmente complexa: praticamente todos os setores de atividade em Portugal lamentam a escassez de mão-de-obra, que nem os 750 mil imigrantes já existentes no nosso país parecem conseguir atenuar.
Também o novo El Dorado do nosso país vive numa enorme contradição. O Banco de Portugal anuncia uma nova vaga de Turismo já para este ano, que permitirá chegarmos ao final de 2023 com um crescimento económico mais robusto do que o inicialmente previsto. A análise deveria, ainda assim, ser de outra natureza: de que forma podemos valorizar o nosso produto e torná-lo autêntico, para que, cada turista possa investir mais do que os habituais 41 euros de valor médio gasto (por turista no nosso país).
No plano externo, as exportações portuguesas ascendem, finalmente, a mais de metade do Produto Interno Bruto. Uma excelente notícia se atendermos a que há 15 anos não ultrapassava sequer os 31% do PIB. No entanto, o nosso país continua a não se conseguir libertar do famigerado défice estrutural da balança comercial. Curiosamente, são apenas os setores ditos tradicionais como o calçado, a cerâmica, a cortiça, a madeira, o têxtil e o vestuário que positivamente contribuem para o equilíbrio externo.
Num país de contrastes, que futuro queremos?
Urge um novo reposicionamento estratégico. Pensar o país, para que possamos, em definitivo, valorizar o nosso património, a nossa identidade, as nossas gentes. Que saibamos, coletivamente, sem dogmas de natureza ideológica, criar riqueza e prosperar. De forma genuinamente equitativa. Só dessa forma poderemos encontrar as soluções imprescindíveis para construir um país melhor, mais justo e inclusivo, mais próspero e mais solidário.
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