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Ao revisitar a obra prima de Edward de Bono, tornou-se claro que esta é a diversidade que mais faz falta nas salas de reuniões das empresas.
Os temas de diversidade e inclusão estão, merecidamente, na ordem dia. Pessoalmente concordo acima de tudo com o tema de cotas para desfavorecidos economicamente, mas com provas dadas de superior capacidades e empenho, mais do que cotas para fatores de raça, sexo ou prática de atividades desportistas, por exemplo.
Existem fatores geracionais que justificam a lentidão nos resultados de algumas medidas corretivas, mas basta por exemplo olhar para os bancos universitários e a predominância feminina, para concluir que em pouquíssimos anos não será mais necessário corrigir o fator sexo, na presença, no mínimo igualitária, em posições qualificadas no mundo empresarial. Conforme as geografias do mundo, o fator raça demorará, infelizmente, um pouco mais. Mas sem dúvida o fator mérito será então o predominante e estaremos na presença de uma sociedade mais rica. Mas será suficiente? Estaremos nesse cenário preparado para enfrentar melhor e mais fortes desafios?
Independente de sexo, raça ou classe social, o ser humano deixa influenciar o seu comportamento por fatores de ego, tradição, experiência e contexto, e tem fraca predisposição para ouvir o outro, para se abrir a outras perspetivas, para experimentar a mudança e assumir o risco.
No âmbito do Pós-MBA que frequento na Inova Business School de São Paulo, na aula de Criatividade e Ideation do Prof Tadeu Brettas, reencontrei a fabulosa obra prima de Edward de Bono, editada pela primeira vez em 1985, e desde então muitas vezes atualizada, “Six Thinking Hats”.
De Bono defende que não importa tanto rotular as pessoas descrevendo-as ou colocando-as em prateleiras de personalidade, mas sim caracterizar comportamentos, e utilizar essa capacidade única do ser humano de focar em um comportamento, campo de sensibilidade, de cada vez, e explorar o pensamento paralelo em grupo, atingindo ideias e desenho de soluções substancialmente mais ricas em menos tempo, extraindo o melhor de cada equipa.
Em uma dada discussão, a importância de todos os elementos à volta de uma mesa assumirem, de forma rotativa e ordenada, diferentes papéis, diferentes perspectivas, olhares distintos sobre uma mesma realidade, é o que de facto gera ideias inovadoras e disruptivas, permitindo saltos qualitativos importantes.
O papel do moderador, chefe ou não, neste procedimento, é de suma importância, pois a correta aplicação do método é o que permite extrair o melhor de cada um, o melhor de todos.
Óbvio que na vida, pessoal e profissional, cada um de nós é percebido pelos outros como usando, predominantemente, um chapéu ou outro. Nós próprios acabamos por assumir que a nossa maneira de ser é mais de chapéu vermelho, ou de amarelo, ou de branco. Existe ainda a tendência para rotular os cargos com chapéus, o Financeiro é um chapéu preto, o marketing é sempre um chapéu vermelho, e por ai vai, Tudo isto são erros de procedimento que têm que ser evitados se queremos que de facto a riqueza de diferentes perspectivas e a verdadeira diversidade venha ao de cima nas nossas empresas.
Deixo assim o desafio de, mesmo na sua vida pessoal, ouse, arrisque, atreva-se a usar mais do que apenas um chapéu, não se deixe rotular, não fique paralisado na percepção que têm de si, troque de chapéu sempre que oportuno e veja como de repente o sol pode brilhar mais forte.
"If you never change your mind, why have one?" Edward de Bono.
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