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Pergunto-me,
desde a noite de 26 de setembro, o que falhou na comunicação política para que
a abstenção tenha sido superior a 46% (a segunda mais alta desde as primeiras
eleições autárquicas em 1976) e seja desde há alguns anos a grande vencedora
num Portugal democrático?
Perco-me nos vários
raciocínios, mas há um que é constante e uma verdade absoluta: política é
comunicação e não há atividade ou ação política sem comunicação.
Comunicação houve.
Tivemos outdoors de grande dimensão a “invadirem” rotundas – alguns
completamente out of the box –, alveolares nas ruas, panfletos e
programas eleitorais nas caixas de correio, nos limpa pára-brisas do carro. As
redes sociais estiveram imparáveis. E, até houve arruadas, bandeiras e
merchandising distribuído pelo eleitorado. Então o que faltou? Deixando de lado
a análise sociológica, vou olhar de forma macro para a comunicação.
Sabemos
que para votar em consciência temos de estar informados, e que só assim é
possível afirmar a democracia. Se analisar a “correspondência” eleitoral que
recebi durante o período da campanha, percebo que é tudo muito igual ao que
sempre se fez. Continua-se a exibir o programa eleitoral com as promessas de
sempre – atrair e reter jovens, criar
melhores condições para os menos jovens, pavimentar, repavimentar, atrair investimento,
tornar a freguesia ou o concelho mais sustentável (esta promessa é nova!) – a
mostrar os rostos dos concorrentes, a idade, a profissão, a cantarem-se hinos
de campanha, a ouvir na rádio ou a ver na televisão os debates entre os
candidatos – alguns muito mal preparados e sem conteúdo. A colocar nas redes
sociais a agenda dos candidatos, o programa eleitoral, as entrevistas e
intervenções...
Escrito até parece que
tudo fluiu. Mas, na verdade, a comunicação política não atingiu a audiência
desejada.
Será que a falha está na
mensagem? Será que a mensagem não é a adequada?
Com os anos, os públicos
mudaram, tal como as suas expetativas. O conhecimento é hoje muito mais vasto e
a linguagem usada no dia-a-dia é diferente. Esta evolução ficou patente na
evolução gráfica que alguns cartazes apresentaram e que as redes sociais
amplificaram à exaustão. E a mensagem? A mensagem pouco evoluiu. O apelo à
troca de cadeiras e ao voto lá continua, em letras garrafais nos locais de
melhor visibilidade e a fazer como que concorrência aos outdoors de
marcas de imobiliário.
O que falta, então?
Diria que a notoriedade. O poder de fazer o eleitor parar para ler a mensagem que
está no outdoor de grande formato, no cartaz, no flyer, no seu feed de
notícias. O poder de fazer o eleitor ler o programa eleitoral ao invés de o
colocar diretamente no lixo. O poder de levar o eleitor no “Dia D” a sair de
casa e a exercer o seu direito de voto.
Portugal terá eleições
legislativa em 2023. E se começássemos já a debater como comunicar em política
nos anos 20 deste século? A debater a importância das mensagens e do tipo de
mensagens em tempo de campanha eleitoral e no tempo que a antecede?
O desafio pode parecer
“louco”, mas não tenho dúvida de que é urgente o seu início. Só com
mensagens e linguagem adequadas à atualidade se poderá construir uma democracia
mais sólida, onde todos (entenda-se candidatos e eleitores) têm uma palavra a
dizer.
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