A Grécia prepara-se para transformar a porta de entrada para o seu sistema público de saúde com tecnologia criada em Portugal.

A linha 1566, que há décadas acolhe telefonemas de cidadãos gregos em busca de ajuda médica, vai ganhar uma “voz” digital capaz de analisar sintomas, orientar percursos e aliviar hospitais — tudo graças à inteligência artificial da Sword Health.

A mudança foi anunciada a 24 de novembro de 2025, num comunicado oficial, citado pela GlobeNewswire, onde a empresa portuguesa e o Governo grego revelam uma parceria que pretende reconfigurar o primeiro contacto dos cidadãos com o sistema de saúde. “Estamos a construir uma porta de entrada moderna, segura e centrada no cidadão”, refere a Sword Health no documento, sublinhando que o objetivo é “melhorar o acesso e reduzir fricção onde ela mais se sente: no início do percurso do doente”.

Segundo a nota, a linha nacional 1566 — utilizada por mais de dez milhões de pessoas — será equipada com um sistema de inteligência artificial capaz de ouvir, interpretar e encaminhar pedidos. Trata-se de um passo que a imprensa grega descreve como histórico: o portal in.gr afirma que a plataforma será “um filtro inteligente, capaz de priorizar necessidades e reduzir consultas presenciais desnecessárias”, algo que Atenas considera “urgente para aliviar um sistema constantemente pressionado”.

A iniciativa coloca a Sword Health no centro de um dos maiores esforços europeus de modernização da triagem telefónica. A tecnologia será desenvolvida pela divisão de “AI Care Management” da empresa, criada para apoiar equipas clínicas com sistemas de decisão digital.

A empresa reforça que o sistema não pretende substituir profissionais, mas sim ajudá-los. “A IA trata volume, não trata pessoas”, diz uma fonte citada no comunicado, reforçando que a prioridade é “libertar médicos e enfermeiros de tarefas repetitivas para que se concentrem em casos que exigem avaliação humana”.

A imprensa internacional sublinha a mesma ideia, com o GreekReporter, que acompanhou o anúncio, a escrever que o programa pretende “evitar que episódios não urgentes precipitem visitas desnecessárias às urgências”. O jornal acrescenta que o Governo grego encara esta modernização como “um investimento estrutural e não apenas tecnológico”, salientando que a medida quer recuperar eficiência perdida com anos de sobrecarga.

De acordo com o comunicado oficial, “a monitorização permanente garante que a inteligência artificial atua como apoio e nunca como substituto de julgamento clínico”. Esta preocupação ecoa em Atenas, onde responsáveis citados pelo in.gr afirmam que “confiança e segurança são essenciais para qualquer transformação deste tipo”.

A ambição, porém, vai além do mero atendimento telefónico. A Sword Health aponta que este é apenas o primeiro passo para uma integração mais ampla de ferramentas digitais na organização do fluxo de doentes. Isto porque o objetivo é integrar o sistema, mais tarde, na linha de emergência médica, semelhante ao Centro de Orientação dos Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Com esta parceria, a Grécia torna-se um dos primeiros países europeus a adotar uma solução de entrada em cuidados de saúde totalmente suportada por IA desde o primeiro contacto.