“O pensamento eco sustentável no turismo mal entrou e, ao mesmo tempo, já é obsoleto. Porquê? Porque a sustentabilidade tem tudo a ver com limitar o impacto negativo”. Esta é uma das declarações da especialista britânica Anna Pollock, e foi ela que inspirou o nascimento do Eco Lodge Cabreira. Um espaço que acredita que o turismo regenerativo não é uma escolha, mas sim algo obrigatório se queremos ter futuro.

O sonho de Natascha Zurstrassen era ter uma vida melhor. Saiu dos Países Baixos e montou em Portugal o seu projeto de vida: um espaço onde a Natureza é a protagonista. Com vista para a Serra da Cabreira, é possível dormir em bungalows sustentáveis e entrar em contacto direto com a terra de diversas formas.

“O terreno foi realmente o nosso guia. Quando aqui cheguei sentei-me num dos locais onde temos hoje os nossos bungalows e percebi que o terreno não tinha alma. A vista era fantástica e acampei muitas vezes aqui com o meu filho. Foi aí que percebi que tinha de fazer algo que se misturasse com a paisagem, mas que desse a sensação de estarmos a dormir sobre as estrelas”, explica-nos a fundadora do Eco Lodge Cabreira.

Com um isolamento natural, a ideia é convidar os turistas a serem o mais conscientes possível, limitando ao máximo a utilização de energia desnecessária e promovendo a partilha com a comunidade local.

“Temos de fazer tudo o que podermos para manter isto. Hoje sabemos o que realmente importa: ter saúde, mental e corporal, e estar junto da Natureza. A Natureza somos nós. Toda a gente sabe que caminhar em espaços como este alivia o stress”, refere Natascha.

O turismo regenerativo tem tudo para ser o futuro desta atividade. A verdade é que a experiência é cada vez mais valorizada e os projetos que têm um impacto positivo serão os mais procurados.

Que o diga a Terramay. Em pleno Alentejo, no Alandroal, este espaço nasceu com a missão de regenerar os solos e combater a desertificação. Hoje, além de uma horta sustentável e animais diversos, conta com uma loja online onde vende os excedentes da produção, como compotas e pickles, mas também um restaurante onde a comida brilha.

Colhemos os ingredientes, fizemos a nossa própria caixa e trouxemo-la para o Raya. O chef Diogo Pereira cozinhou e desfrutámos de uma refeição junto à praia fluvial Azenhas D´El Rei. “Um novo luxo”, diz Anna de Brito, co-fundadora da Terramay.

“Este é um projeto abrangente com várias vertentes: tem a agricultura, tem a regeneração dos solos, tem a autenticidade dos produtos e também tem a parte do turismo, porque também queríamos mostrar às pessoas o que é que nós estamos aqui a fazer e reconectá-las com a Natureza”, acrescenta a responsável desta herdade.

Anna acredita que já não basta cultivar duas cenouras e apostar em painéis solares. É preciso ir muito além disto.

“Quem nos visita pode fazer várias experiências, começando por uma visita guiada pela quinta. Temos também a equitação e podemos ainda fazer uma viagem de barco até ao Raya. Vamos agora criar as primeiras cabanas de madeira e temos também a nossa loja online com os produtos enfrascados”, explica-nos.

De lá saímos com a vontade em voltar. Respirámos fundo, ouvimos o silêncio e a serenidade de olhar para o Alqueva. Trouxemos saudades e uma boa dose de energia e vitaminas. Porque só estes projetos, com significado e propósito, deixam memórias que nunca mais iremos esquecer.