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Foram cerca de 500 as pessoas que se quiseram juntar ao longo de uma semana na House of Beautiful Business. O evento nasceu em 2015 e realizou-se em Lisboa pelo segundo ano consecutivo com a Galp como parceiro estratégico. Um think thank global que funciona como comunidade para promover a humanização dos negócios na era tecnológica.
Um espaço criado para ter conversas, discussões e workshops sobre o futuro do trabalho com convidados de todos os “backgrounds”: CEOs, investidores, fundadores de startups, empreendedores, gestores, mas também cientistas, artistas, filósofos, etnógrafos entre outros. O lugar foi escolhido a dedo para que proporcionasse o ambiente de proximidade com uma atmosfera intimista de uma verdadeira casa. Foi no hotel “Dear Lisbon Gallery”, na rua de São Bento, que a organização - a The Business Romantic Society - liderada pelos co-fundadores Till Grusche e Tim Leberecht assentou “arraiais” alugando temporariamente o hotel. Uma forma diferente de falar, pensar e viver o mundo trabalho.
No ar pairavam muitas perguntas. Que tendências vão moldar o futuro do trabalho? Que tipo de vínculos vão ligar os trabalhadores e as organizações? Como encaram os Millennials este futuro do trabalho? E o que significa humanizar as empresas na era da tecnologia? Não há respostas na ponta da língua, nem era este o espírito da Casa. Os vários oradores deixaram as suas visões também com interrogações. É assim que se provocam as reflexões, a partilha de ideias e se cruzam experiências. Há, sem sombra de dúvida, um novo caminho que se está a desenhar no modo como o trabalho será realizado no futuro, influenciado, por exemplo, pelas tecnologias, imigrações ou maneiras diferentes de trabalhar.
Num estudo global apresentado pelo Boston Consulting Group sobre o futuro do trabalho, que ouviu 11 mil trabalhadores com uma formação média, uma das tendências que cresce com relevância nas economias emergentes é o Gig work como segunda fonte de rendimento. O trabalho em regime de freelancer é outro dos drivers e já não está associado à falta de qualificações. Pelo contrário, são os talentos com competências elevadas que adotam estes modelos de trabalho.
Para a geração dos Millennials, a flexibilidade no trabalho é muito valorizada. Judith Wallenstein, diretora geral da BCG Munique, considera que esta Gig economy não vai chegar a todas as fronteiras e que terá menos expressão nos mercados maduros, onde pode representar 1 a 4%, mas pode chegar aos 12% em países como a Índia e a China.
“Eu acho que não irá suplantar formas tradicionais de trabalho, mas acho que a maior parte das companhias olharam para o labour sob o ponto de vista de um custo reduzido. Eu acho que vão olhar no futuro para a Gig economy como uma fonte de talento no futuro. E nós falámos com alguns líderes que nos disseram que tentaram ao longo de um ano contratar um programador de Java e agora estão dispostos a pagar mais 30% do salário médio no mercado e não estou a encontrar essa pessoa”, concluiu a responsável do The Boston Consulting Group.
Os mais velhos têm a sabedoria e os mais novos a energia
Com a entrada no mercado de trabalho da chamada geração Millennial, será que se pode pensar num conflito geracional? O mesmo estudo confirma que o trabalho autónomo e a flexibilidade não são um exclusivo das gerações mais velhas. Carlos de Melo Ribeiro, um dos nomes portugueses com uma longa carreira na Siemens, dedicou-se, depois da reforma, a fazer coisas de que gosta. Preparou a sua saída do grupo alemão e refere que é cada vez mais importante planear-se a saída de uma empresa, antes que seja esta a colocar essa opção. E na sua opinião estas duas gerações devem ser parceiras. “Nos países mais desenvolvidos sempre aproveitaram a sabedoria dos mais velhos não à frente de um departamento, mas como conselheiros, inspetores ou controladores que possam desenvolver-se mais num ponto de vista positivo. Nesta nova fase, o que eu elegi foi exatamente knowledge sharing. É aproveitar aquilo que eu aprendi para orientar. Por isso eu sou Chairman de duas empresas dos meus filhos”, explica Carlos de Melo Ribeiro.
A humanização das empresas - a nova fonte de energia
As empresas estão mais sensíveis à necessidade de enfrentar os desafios de um mundo que está em permanente mudança e cujo futuro ninguém consegue prever, trabalhando melhor as competências das suas pessoas.
Uma transformação que a Galp tem vindo a fazer convocando os seus trabalhadores para um diálogo sobre a cultura e valores da organização.
Paulo Pisano, Diretor de Pessoas da marca está à frente deste processo desde 2015. “Quando eu cheguei, a GALP tinha acabado de fazer o reposicionamento da marca com uma campanha de TV com o “És mais do que imaginas”, e começámos a pegar nesse tema de humanização da organização já no final de 2015, princípio de 2016. Aproveitámos esse processo de marca e fizemos a pergunta: como tem que ser a nossa cultura? Como devem ser os nossos valores e os nossos comportamentos se nós quisermos entregar nessa promessa de uma empresa mais humanizada? E há 3 anos que temos vindo a trabalhar de uma forma persistente na empresa para incluir esses valores e esses comportamentos”, conclui.
Uma perspetiva de recolocação da humanização no centro dos negócios que levou a Galp a apostar em projetos de aprendizagem multidisciplinares que vão desde explorar novos conhecimentos a treinar a capacidade de aprender. A criação de iniciativas como as “Galp Talks” ou as sessões de Mainfulness são um exemplo dessa estratégia. “Nós trabalhamos sobretudo com as nossas cabeças. Um atleta trabalha o seu corpo e cuida do seu corpo e nós trabalhamos com a cabeça o tempo inteiro e às vezes temos poucas práticas para trabalhar o nosso bem-estar psicológico e a nossa capacidade de estarmos centrados”, afirma Paulo Pisano, acrescentando que “acho que estamos ficando mais informais pela positiva, mais orientados nos resultados e menos ao trabalho necessário para fazer os resultados, queremos realmente apontar os resultados. Estamos começando a simplificar a organização. A Galp como empresa de energia tendencialmente tem muitos processos, burocracia e nós começamos a simplificar essa burocracia e a simplificar o que fazemos e eu acho que você começa a ter também mais abertura de perspetiva que gera criatividade e inovação”, conclui.
Não estamos programados para a mudança constante
O caminho que as organizações começam hoje a fazer implica uma mudança no paradigma intelectual. Uma nova visão de “beginner mind” em vez de “expert mind”. As empresas têm de se transformar em “Learning Communities”. Esta é a convicção de Paula Marques, Diretora Executiva de Soluções à Medida da Porto Business School. “Os problemas hoje são super complexos, são multidisciplinares, sozinhos não os conseguimos resolver, e se não tivermos esta visão de constant learning, aprender a aprender, não temos competências para agarrar os dias que vem aí.
Porque nós não fomos programados. Neste mundo doido onde tudo muda é preciso de vez em quando termos coragem para dizer que há coisas que não mudam. E há uma coisa que não mudou: somos nós, os humanos. Somos exatamente aquilo que eramos quando estávamos nas cavernas”, defende Paula Marques, que é também autora do livro “A Era dos Super-Humanos”.
Seguindo esta perspetiva, hoje temos que regressar ao espírito curioso de crianças. Estar menos ansiosos com as respostas e mais excitados com as perguntas, como refere Paula Marques: ”hoje vivemos numa era em que eu diria que a resposta está a perder valor. A resposta está aí: é “googlada” e o conhecimento está aí. A resposta perdeu imenso valor, quase que houve uma imparidade da resposta. O que está a aumentar de valor é a pergunta. Temos uma outra curva que é fazer a pergunta: quem fizer a melhor pergunta vai encontrar a melhor resposta. Por isso, nós temos que treinar as pessoas, não como treinávamos antes, que é: venham à minha aula que eu tenho as respostas para vos dar, agora é: façam as melhores perguntas. Quem fizer a melhor pergunta tem o melhor negócio. Tem a melhor resolução do problema, vai conseguir encontrar uma solução para algo. Por isso é uma mudança de paradigma. É estar tranquilo em fazer perguntas e não correr logo para as respostas”.
Mais do que ter receio ou encarar a máquina e a IA como uma ameaça para a força de trabalho, é fundamental aproveitar esse salto tecnológico que irá libertar-nos das tarefas rotineiras para reencontrarmos as nossas capacidades humanas únicas com as quais a máquina nunca irá rivalizar: a curiosidade, a criatividade, a relação e conexão com os outros e pensar futuro!
Paula Marques afirma que “as competências técnicas no futuro vão ser as mais fáceis de desenvolver, pois estas terão o enable da tecnologia. O grande salto é feito na parte humana. A maior parte das competências vão ser humanas e o mais humanas possível! Temos que perceber quais as competências que nos definem como humanos e desenvolvê-las ainda mais do que aquilo que desenvolvemos até agora”. Um trabalho que a Porto Business School tem vindo a fazer nos programas de “Learning and Development” da Galp. Treinar as pessoas não para o cenário previsível, mas para o desconhecido, estando tranquilas para enfrentar qualquer realidade ou qualquer necessidade de mudança de negócio que haja!
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