O retorno mediático da marca Catar no Campeonato do Mundo de Futebol 2022

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A opinião de Uriel Oliveira
O retorno mediático da marca Catar no Campeonato do Mundo de Futebol 2022
29 de Novembro de 2022
O retorno mediático da marca Catar no Campeonato do Mundo de Futebol 2022
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O palco das 32 equipas que disputam o título mundial de futebol é uma marca, que é um país e que disputou a peso de ouro a organização da fase final do Campeonato do Mundo FIFA 2022.

 

O Catar atraiu o apoio de todos os Estados-membros da Liga Árabe, posicionando-se como representante do mundo árabe numa aposta para se aproximar do Ocidente através da competição.

 

Catar é arquitetura moderna impressionante, sol e praia do Golfo Pérsico, condimentos chave para a promoção turística de um destino que está a investir tudo para ser o “novo” Dubai.

 

Durante 12 anos o Catar preparou-se, transformou-se e engalanou-se para receber a disputada competição da FIFA, realizando um investimento superior a 300 biliões de dólares, que espera ver retornado em cobertura mediática que dê visibilidade à sua oferta turística e que reforce o seu posicionamento e respeito internacional.

 

Apesar da visibilidade mediática global estar à partida garantida, não estará necessariamente assegurado que esta se traduza no retorno que é esperado. Efetivamente os media “não se medem aos palmos” e a cobertura mediática pode ser um “pau de dois bicos”, resultando em algo diferente do que era o pretendido porque, na realidade, rapidamente se transforma, movimenta-se e torna-se incontrolável. É exatamente por este motivo que é no cruzamento da visibilidade com a reputação que se deve projetar e demonstrar a avaliação mediática.

 

Assim, enquanto o Catar mostra aos media o esplendor do seu monstruoso investimento em infraestruturas, os media mostram ao mundo o sangue derramado na sua construção, o atropelo aos direitos humanos e a discriminação sexual de uma cultura que choca de frente com os valores humanistas que cada vez mais caracterizam a cultura ocidental.

 

No final do torneio, teremos necessariamente uma seleção campeã do Mundo e um país muito mais conhecido do que era anteriormente, ainda que esse conhecimento generalizado, tendo em conta a sua pretensão inicial, não seja necessariamente o retorno que o Catar pretendia alcançar.

 

Se o Catar irá efetivamente transformar-se no grande destino turístico que ambiciona ser, o futuro o dirá; mas o que é quase certo, por agora, é que não será com a reputação mediática alcançada através do Campeonato do Mundo de Futebol que conseguirá posicionar-se nessa dimensão.

 

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