O que vem primeiro: a promoção ou a responsabilidade?

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A opinião de Luciana Cani
O que vem primeiro: a promoção ou a responsabilidade?
25 de Março de 2019
O que vem primeiro: a promoção ou a responsabilidade?
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O que vem primeiro: a promoção ou a responsabilidade?
Luciana Cani
Diretora Criativa Executiva da AKQA Portland

O nível de um cargo profissional é proporcional às responsabilidades com ele assumidas. Parece óbvio, mas na verdade há pouca regra na ordem em que estas duas coisas – promoção e responsabilidade – se apresentam no nosso percurso profissional.

Recentemente, numa reunião de trabalho, presenciei a seguinte situação: uma dupla criativa sénior estava trabalhando numa campanha sem o envolvimento de um diretor criativo. O diretor recebeu uma proposta e saiu da agência. Porém, era ele que tinha a relação com o cliente. No meio do processo, me dispus a ajudar a dupla com a seleção das ideias e propus que eles fossem apresentá-las (as reuniões são conduzidas em japonês) até a situação ficar resolvida.

A minha sugestão não foi bem aceita. Eles argumentaram que não podiam continuar sem um diretor, pois a responsabilidade de apresentar as ideias e falar com o cliente pertencia ao cargo de um diretor criativo.

A resposta não fez muito sentido para mim. Não conseguia entender como aquela dupla não estava vendo naquela situação uma oportunidade para assumir mais responsabilidade e provar que estavam prontos para um passo seguinte.

Pensei que pudesse ser uma questão cultural, mas logo lembrei-me de casos que vivenciei em outros países. Acho que a personalidade do profissional e não a cultura do lugar é determinante em uma situação como esta. Respeito o ponto de vista da dupla sénior, mesmo não sendo a escolha que eu faria.

Cada um tem as suas próprias razões e justificativas para aceitar ou não mais responsabilidades.

Quando olho pra trás e analiso o meu percurso, vejo uma carreira de ascensão bem pouco linear. Com quase três anos de experiência em direção de arte, voltei a ser estagiária porque queria trabalhar com determinados profissionais. Na época, tudo o que podiam me oferecer era um estágio. Aceitei, passei um ano naquela que era a agência dos meus sonhos e de lá consegui um outro emprego, num cargo ainda melhor do que tinha antes. Aquela experiência tinha enriquecido o meu currículo.

Quando mudei para Portugal, após 10 anos no mercado de São Paulo, fui por um salário inferior do que tinha no Brasil. Anos depois, nesta mesma agência, fui promovida à diretora criativa pela primeira vez.

Quando após 8 meses desta promoção, o meu diretor criativo executivo saiu da agência, eu assumi todas as responsabilidades dele, mesmo sabendo que o presidente na época estava entrevistando pessoas para aquela vaga. No fim, a vaga acabou por ser minha, mas isso só aconteceu porque naquele meio tempo provei que tinha as capacidades para assumir a posição.

Resumindo assim, parece que tudo aconteceu como tinha que ser. Mas não foi sempre simples. Por muitas vezes me senti injustiçada, assumindo responsabilidades que não condiziam com o meu salário.

Não há certo ou errado para as decisões que tomamos ao longo do nosso percurso profissional. Há consequências devido a elas.

Não podemos dizer sim a tudo que nos pedem, mas certamente não parece inteligente dizer não a uma tarefa extra que pode preparar-nos para um crescimento profissional.

Concordo que após algum tempo executando com sucesso uma nova tarefa, uma conversa sobre promoção faz mais do que sentido.
Infelizmente, uma situação comum é quando a promoção vem no nome do cargo, mas o salário vira uma promessa futura. Aconteceu comigo e com a maioria dos profissionais que conheço.

Por vezes é só uma questão de tempo, até uma aprovação do novo salário acontecer. Mas se a promessa não se concretizar, é preciso fazer uso do novo cargo para conseguir uma proposta que alinhe de forma justa a responsabilidade com o salário.

Somos 100% responsáveis em administrar as nossas próprias carreiras. Somos nós que determinamos os limites. Há momentos em que devemos investir em aprendizado e há momentos em que devemos exigir reconhecimento. Dificilmente o caminho profissional será linear e justo o tempo todo, mas temos que ser inteligentes em fazer com que nos favoreça no final.


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