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presentes nos conteúdos que disponibilizamos sem restrições, porque o
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A ligação em tempo real das redações aos dados de
consumo e interação com as notícias que vão sendo produzidas é o combustível
que alimenta hoje o alinhamento editorial e o que define quais os assuntos que
vão ser aprofundados e destacados.
Poder-se-á hoje dizer que o gatekeeper (Kurt Lewin, 1947), aquele que define o que será noticiado de acordo como
valor-notícia, linha editorial e outros critérios, deixou de ser o chefe de redação,
editor ou jornalista e passou a ser a audiência, ou seja, os indivíduos que
consomem ativamente as notícias e interagem com elas.
As redações modernas estão
conectadas a écrans que minuto a minuto registam o número de indivíduos que
estão a ver cada notícia online, quanto tempo passam em cada notícia e que tipo
de interação estão a fazer.
Gostos, comentários e partilhas são observados e
estabelecem o interesse que determinado tema está a gerar nos leitores. Os
jornalistas têm, em tempo real, uma auscultação sobre o interesse despertado
pelo seu trabalho, materializada em número de visualizações e cliques e os
editores reúnem a informação que necessitam para decidir quais as notícias que
devem destacar e desenvolver.
Assim, para além do
ajustamento permanente das notícias que devem ser destacadas, partilhadas e
aprofundadas em tempo real nos seus websites, o alinhamento do prime
time televisivo e das edições impressas do dia seguinte são invariavelmente
influenciados por uma análise exaustiva ao comportamento anterior das
audiências, face ao que lhes foi mostrado online.
Perante a “democratização” do alinhamento editorial, assente na entrega do controlo por parte dos
emissores às suas audiências recetoras, deparamo-nos com uma alteração de
forças intervenientes no processo de agenda-setting.
A teoria desenvolvida em 1972
por Maxwell Mcombs e Donald Shaw, sustenta que as audiências dos media não são apenas informadas sobre os assuntos de interesse público, mas são
também condicionadas sobre a importância que devem atribuir a cada assunto em
função da visibilidade que os media lhe conferem, constatando assim, que
influenciam a opinião pública pelo facto de darem mais atenção a alguns
assuntos em detrimento de outros.
Ora se efetivamente o
controlo sobre a agenda mediática está a ser alinhado em função da vontade da
sua própria audiência, poder-se-á depreender que a influência que os media têm na constituição da opinião pública seja agora influenciada pelos próprios
cidadãos. Neste caso, serão os indivíduos que ao influenciar o alinhamento e a
agenda mediática estarão a contribuir para estabelecer a sua própria
influência.
Uma mudança que, numa
perspetiva otimista nos deveria conduzir para um jornalismo melhor, alinhado
com a vontade e os interesses dos cidadãos, mas que, ao contrário nos está a aproximar
perigosamente para o abismo do sensacionalismo e da pós-verdade.
O populismo, de ‘verdades’
alternativas, mensagens apelativas de fácil adesão com forte probabilidade de circulação
viral, é uma ameaça real e resulta da progressiva perda de controlo, capacidade
de mediação, verificação e interpretação da comunicação social.
Através das redes sociais, os
padrões de consumo das notícias são alinhados em função de algoritmos
construídos para reagir à interação com os conteúdos e aos interesses, cenário
que é propício à criação de bolhas informativas em que circula informação falsa
que dificilmente será contrariada dentro desse grupo.
Vivemos, portanto, uma
derradeira encruzilhada, entre o potencial de termos o controlo da informação
que consumimos e numa atitude colaborativa fazermos evoluir a sociedade e a
democracia e, por outro lado, o perigo desse mesmo controlo reverter contra nós
próprios e nos fazer regredir civilizacionalmente.
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