Newsletter
Pesquisa
Nota da direção editorial:
O jornalismo nunca foi tão importante para a economia do país. Apoie a produção dos nossos conteúdos tornando-se membro ou subscritor da nossa comunidade.
Faça parte de uma causa de empoderamento das marcas, das empresas e das pessoas que nelas trabalham.
“Rapazes, não bebam Coca-Cola”, disse Luis
Enrique, selecionador de Espanha, antes do jogo Espanha/Suécia. Este comentário
valeu-lhe a resposta do companheiro de mesa que recordou: “É patrocinador”.
Tudo não teria passado de uma conversa entre
atleta e selecionador, se dias depois as mãos de Cristiano Ronaldo não tivessem
ido mais longe e afastado duas garrafas de Coca-Cola da mesa da sala de
imprensa. O gesto de Ronaldo foi seguido pelo italiano Manuel Locatelli. Pogba,
por sua vez, fez o mesmo com a garrafa de cerveja Heineken.
Se sobre o gesto dos outros jogadores não há
muita história, o gesto do português teve eco à escala planetária, ou não fosse
Ronaldo um dos maiores influencers.
Não irei abordar os benefícios ou malefícios dos
refrigerantes, se devemos ou não dar preferência a água. Este tema deixo para
especialistas em saúde. Também não irei falar sobre se o “efeito CR7” contribuiu
ou não para a queda de 1,6% das ações da empresa. Este tema deixo para os
analistas.
Também não irei escrever sobre o meme que dá conta da Coca-Cola a
retirar de cena o jogador, que vejo como uma piada de quem assistiu à cena
anterior com elevado fair play.
Mas, estando ligado ao mundo da comunicação, tenho
de falar de patrocínios e do valor que estes conferem aos eventos. Para além da
Coca-Cola, o Euro 2020 é patrocinado por marcas como Heineken, Just Eat
Takeaway.com, Qatar Airways, Bytedance ou Vivo e estima-se que os
patrocinadores desembolsem cerca de €30 milhões para marcar presença no evento.
Perante o gesto de CR7, a UEFA recordou que os parceiros
são essenciais não apenas para a realização do torneiro, mas para garantir o desenvolvimento
do futebol em toda a Europa, incluindo para jovens e mulheres. Disse também que
as regras são claras, e que condutas lesivas para as marcas e patrocinadores
podem ser alvo de sanções.
As regras
jurídicas existem. Mas também existem as campanhas relacionadas com saúde,
obesidade, alimentação saudável e que são em grande parte encabeçadas pelos
governos dos vários países. Dois pratos de uma balança onde, neste caso, o fiel
foram atletas de alta competição. Sabendo que as federações aceitam as regras
de participação, como poderiam os atletas ter contornado a situação?
A resposta parece-me obvia e teria sido o mote
para que a discussão que ninguém quer começar aconteça: que tipo de patrocínios
se devem ver em eventos ligados ao desporto.
É uma discussão que não sendo nova – recordo que
em 2006 todos os patrocínios das tabaqueiras foram banidos da Fórmula 1 – tem
de acontecer mais tarde ou mais cedo, ou corremos o risco de jogadores como
CR7, Locatelli, Pogba se recusarem a ir a uma conferência de imprensa que tenha
presença de marcas que os atletas identificam como “menos corretas” dentro do
seu plano alimentar.
Artigos Relacionados
fechar
O melhor do jornalismo especializado levado até si. Acompanhe as notícias do mundo das marcas que ditam as tendências do dia-a-dia.
Fique a par das iniciativas da nossa comunidade: eventos, formações e as séries do nosso canal oficial, o Brands Channel.