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Com tanta informação armazenada
“na nuvem”, porque é que ficamos tão surpreendidos quando chove? Se até no
Sahara acontece, é apenas natural que de vez em quando caiam umas pingas de
dados e, lá de vez em quando, um dilúvio.
Na semana passada ganhou
visibilidade uma destas tempestades, com a informação de que o Facebook deixou
uma porta aberta por onde saíram os dados de “apenas” 533 milhões (!) de
pessoas. O potencial de uma fuga destas é extraordinário e vai muito além do
comportamento de cada utilizador na plataforma: basta lembrar que mesmo quem
não criou um perfil de Facebook, provavelmente já terá um criado
automaticamente que o segue pelas sombras da internet.
Para o utilizador típico de
meios informáticos, o risco de ser alvo de um ataque pirata não é ignorado, mas
costuma ser enquadrado na probabilidade de um ataque dirigido: afinal de
contas, se não somos personalidades públicas, não justificaremos o esforço de
alguém para tentar entrar no nosso computador ou na nossa conta online.
A falácia deste raciocínio
prende-se com a relação de um para um, ou seja, de um hacker para um
utilizador, quando na realidade a maior probabilidade de fuga de dados do
cidadão comum está relacionada com situações não direcionadas, em que um
hacker, um grupo de indivíduos ou até uma entidade estatal, consegue não só
aceder a bases de dados massivas, mas também abrir o seu acesso ao comum dos
mortais.
Se é certo que um
hacker profissional não terá grande interesse na nossa pessoa, não é difícil
pensar que algum colega ou conhecido menos bem-intencionado faça uma pesquisa
com o nosso email para ver o que é que encontra…
O site https://haveibeenpwned.com/ contabiliza 11 mil milhões de
contas invadidas, pesquisáveis através de números de telefone ou morada de
email. Embora não permita o acesso aos dados roubados, informou-me por exemplo
que eu próprio já tive 11 (!) contas pessoais abertas aos olhos de outros, onde
se incluem serviços como o LinkedIn (juntamente com outros 164 milhões de
utilizadores), a Dropbox (68 milhões) ou o Zomato (17 milhões), além de outros
serviços que, tanto quanto sei, nunca tinha subscrito ou utilizado.
Diz-se que as opções sobre
privacidade que vão surgindo servem fundamentalmente para dar aos utilizadores
uma falsa sensação de domínio sobre os seus dados: o que seria de nós se o RGPD
não nos tivesse vindo obrigar a aceitar a oferta desta informação dúzias de
vezes por dia, enquanto navegamos na internet? Quem tanto confirma, certamente
que o faz em consciência!
Pode ser que dêem frutos os
esforços do Tim Berners-Lee, criador dos standards que deram lugar à criação da
internet, ele que está hoje em dia dedicado a criar ferramentas que permitam
controlar a política voraz de colheita e armazenamento
de dados, colocando o
utilizador efetivamente no controlo, permitindo a sua utilização para
propósitos específicos, limitados no tempo e abrangência.
Como diz o ditado, quem anda
à chuva, molha-se: consta que apenas o top 15 das fugas até à data já bateram à
porta de metade da população mundial. Parece que o boletim meteorológico prevê
um céu muito nublado, com aguaceiros frequentes e ocasionais tempestades
tropicais: é melhor abrigar-se, porque o chapéu de chuva e gabardine que lhe
ofereceram, na verdade…
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