O carácter em ação!

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A opinião de Sílvia Nunes
O carácter em ação!
10 de Março de 2023
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O carácter em ação!
Sílvia Nunes
Senior Director Michael Page | Founder Profiler Podcast

A responsabilidade que este canal me incute fez-me refletir profundamente que tópico gostaria de partilhar convosco hoje, na primeira vez que vos escrevo. Após alguma reflexão resolvi contar-vos a minha experiência sobre a descoberta, já depois dos 40 anos, do quanto podemos aprender sobre liderança, carácter e competências, através da prática desportiva.


Sempre fui a típica aluna que fugia das aulas de educação física, que pensava previamente na desculpa que poderia dar para não fazer a aula. Para além da ausência de gosto por qualquer tipo de desporto, juntava-se o facto de não ter nenhum talento natural para o mesmo.


Lembro-me perfeitamente que até dores de barriga tinha na manhã que antecedia a aula, na esperança (clara) que isso me libertasse de a fazer.


Quando me contavam que acordavam cedo para ir correr, ir ao ginásio ou para praticar qualquer outro desporto, perguntava-me sempre como é que isso era possível: “Como assim correr às 6h30 da manhã? Dormir, descansar não é muito melhor?”


Convicta do quão certa estava da minha decisão sobre que nada teria eu a aprender ou a beneficiar praticando desporto, cheguei aos 40 anos.


No que respeita à minha vida profissional, cedo geri equipas. Com cerca de 25 anos geria pequenas equipas de uma ou duas pessoas. Liderar para mim sempre teve implícito gerir pessoas. Conduzir diferentes pessoas para que juntos atingíssemos as nossas metas era o que eu considerava na altura ser líder.


Acabei recentemente de ler um livro sobre liderança, que muito me fez refletir, que nos diz que podemos e devemos liderar com a razão, mas onde a emoção e a fé podem estar sempre presentes também. Neste livro de James C. Hunter, “O monge e o executivo” o mesmo diz que, “liderar é o carácter em ação”, o nosso carácter. Desde cedo ouvi o meu avô (um senhor do comércio, como todos lhe chamavam), dizer que: “Queres conhecer bem o carácter de uma pessoa? Observa-a no jogo e à mesa”.


Conto-vos estas vivências com o propósito de chegar ao quanto o desporto tem posto à prova o meu carácter e o quão me lidero a mim própria, e não a uma equipa, quando o faço.


Comecei a jogar padel. É um desporto social, em dupla, em que com alguma facilidade nos divertimos. Com frequência durante um jogo acontecem pontos duvidosos, onde a dúvida se instala sobre, por exemplo, de quem é o ponto. Aqui, observei inúmeras vezes pessoas, de forma consciente, puxarem para si uma razão que sabiam que não tinham, e mais tarde verbalizarem isso mesmo. Quantas vezes na nossa vida profissional fazemos o mesmo? O feito de querermos ganhar vale estes pequenos delitos? Perder hoje, ceder, para ganhar a longo prazo não é o que fará mais sentido? Na relação com os nossos pares, chefias e/ou equipas, não é um ponto que fará a diferença, é toda a competição que nos irá distinguir seguramente.


Acredito piamente que, no final das nossas vidas, o saldo será zero entre o nosso dever e haver. Aceitar o erro, aceitar que perder faz parte, para quem decide propor-se a algo e que, mesmo que aquele ponto, aquelas decisões sejam cruciais para o desfecho final, a verdade e os nossos valores estão acima de qualquer coisa.


Os meses decorreram e, o excesso de confiança, bem como, a falta de preparação física para jogar, rapidamente se converteram numa lesão que me fez ter que parar totalmente seis meses. Como assim? Logo eu, que me considerava uma pessoa humilde e tão consciente das minhas competências e capacidades, num ápice perdi a noção? Na verdade, dei-me conta, que é muito mais fácil perder a dita noção, do que alguma vez tinha tido consciência.


Para nos propormos ao que seja, há que analisar de forma racional e realista quais as nossas competências aptas para tal, mas sobretudo, quais as que teremos de reforçar, o que vamos ter que pesquisar, estudar, aprender, para estarmos efetivamente à altura do desafio.


Quantas vezes, também na nossa vida profissional, o excesso de confiança, nos levou a cometer erros crassos?


Ao padel juntei o reforço físico necessário para tal e, quis a vida, (hoje sei que eu própria também, embora de forma inconsciente) que, eu precisasse de me propor a algo que me parecia quase impossível de alcançar. Na altura em que mais precisei de foco, rumo e disciplina, algo que, uma vez mais, eu sempre considerei que tinha, propus-me a correr uma maratona.


Seguiram-se seis meses onde nunca pensei o quanto iria moldar as minhas crenças, onde tanto ia trabalhar competências essenciais para mim, e para a minha vida profissional. Desde logo a tão exigente organização que é necessária para treinar cinco vezes por semana. Soma à organização, o vencer a preguiça, o comodismo, as noites mal dormidas, a chuva e o vento, pois é dia de treino e não sabemos que condições teremos em dia de prova.


A corrida fez-me trabalhar resiliência, dedicação e espírito de sacrifício como nunca o tinha feito antes. Não serão estas competências fundamentais para as nossas organizações? Para quem se perguntar se cortei a meta, cortei, mas o valor está no processo e não na conclusão do mesmo.


Da corrida, uma prática desportiva individual para a grande maioria, retirei também outra conclusão sobre liderança. Um líder não é única e exclusivamente quem gere uma equipa de trabalho como eu acreditava até então. Podemos ser líderes de nós próprios, crescermos enquanto profissionais, sermos indivíduos com opinião, que geram valor acrescentado a toda a organização e que influenciam outros de forma positiva, a quererem agir com o mesmo intuito.


Que poderia o desporto ensinar-me sobre liderança, sobre competências? Nada, acreditava eu! Eu tinha que trabalhar, fazer com tudo acontecesse e garantir que as minhas equipas faziam o mesmo, pois essa era a minha única forma de evoluir.


Engraçado como hoje vejo, sei, o quão enganada estava. O nosso carácter está sempre em ação e liderar advém somente disso mesmo, do que colocamos ao serviço dos outros e de nós mesmos!


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