Ao longos destes últimos meses estive
especialmente atenta ao que poderia mudar no pequeno comércio depois desta
crise. E procurei especialmente o que de bom estes maus tempos nos poderiam
trazer, nomeadamente através de soluções de inovação e reinvenção do modelo de
negócio. Agora que tudo está a acalmar, acredito que podemos efetivamente ter
várias soluções em mãos para acelerar uma modernização há já muito necessária.
O Facebook veio ontem fechar com chave de ouro as várias oportunidades que eu
havia identificado, com o lançamento do Facebook Shops. Esta plataforma, que
chegará a todos nós ao longo deste ano, responderá com várias inovações que eu,
nem de perto, nem de longe, estive perto de considerar.
Vamos por partes.
Afinal, que oportunidades é que nos trouxe esta pandemia?
Novos públicos
Para além das conhecidas videoconferências
familiares, as gerações mais velhas, que até agora restringiam a sua vida
digital a acompanhar filhos, netos e velhas amizades no Facebook e
Instagram, acabaram nestes últimos meses por ter novas experiências
digitais. Pesquisas no Google, visualizações em vídeos no Youtube,
assinaturas do Netflix e até compras online, foram feitas, em muitos casos
pela primeira vez, nos últimos meses. Este consumidor, que passou a linha
do analógico para o digital, representa uma excelente oportunidade para o
pequeno retalho, que vê, assim, crescer o seu universo de consumidores.
Novos Bairros, Rotinas e a Economia do DeliveryO teletrabalho,
para além das mudanças que trouxe às rotinas das empresa e das famílias,
acredito que vai ser um dinamizador de bairros e área de residência onde até
agora os habitantes só iam dormir. Estas novas geografias de consumo irão
potenciar o comércio de proximidade e criar uma nova economia: as entregas ao
domicílio.
Life as a Service
Consumidores habituados a assinaturas de
serviços de conteúdos como Spotify ou Netflix, entre outros, já vinham a
aceitar, de bom grado, que também os produtos passassem a ser consumidos
através de novos formatos, como o aluguer, a subscrição, a possibilidade
de experimentação, as novas soluções de entrega e de devolução, etc.
Agora, numa economia mais débil, mas ainda mais exigente, os serviços
agregados à compra ganham ainda maior destaque.
Atendimento e Relacionamento são o Novo Marketing
Mais do que nunca, a disponibilidade das
empresas para atender, tirar dúvidas e envolver o comprador com a marca e
produto são essenciais para se destacarem e manterem fiéis os clientes.
Quem conseguir ter um bom produto, preço competitivo, facilidade de
entrega e devolução e um bom e rápido atendimento, vai dar cartas nesta
renovação da economia. Empresas que têm muita exigência de atendimento
precisam de procurar soluções que integrem atendimento automatizado e
humano, pois o consumidor atual exige imediatez às respostas simples, mas
muita atenção nos casos mais particulares.
O Retalho está em todo o lado.
Para além da tradicional loja, o pequeno
comércio tem que estar acessível por telefone, destacado nos motores de
busca, disponível com alguns vídeos no Youtube e, claro, a apostar em
força nas redes sociais, nomeadamente Facebook e Instagram.Por isso, a notícia de ontem, do lançamento do Facebook Shops, vem reforçar
estas oportunidades para o pequeno comércio. Pode parecer que esta solução vem
tarde, pois já há anos as pessoas usam as plataformas Facebook e Instagram para
promover, comprar e vender produtos, mas nunca antes deve ter existido um
momento tão relevante. Como Mark Zuckerberg disse na apresentação: "O
Facebook Shops não compensará todos os negócios perdidos, mas pode ajudar. E
para muitas pequenas empresas durante este período, a aposta no negócio digital
é a diferença entre permanecer à tona ou afundar ... O Facebook está numa
posição única para ser um apoiante das pequenas empresas, ajudando-as a crescer
e a manterem-se saudáveis. ”
E como vai funcionar o Facebook
Shops?
Criar uma loja no Facebook será gratuito e
simples. A exibição da loja e do catálogo de produtos pode ser personalizada e
vai ser possível vender produtos durantes lives
e nos vídeos. Para além disso as lojas terão integradas com WhatsApp,
Messenger ou Instagram Direct para atendimento, tracking de encomendas, etc.
A cereja no topo do bolo é as funcionalidades de
Inteligência Artificial que estarão disponíveis a retailers e compradores que
facilitarão a segmentação e classificação de
imagens para potenciar ofertas e sugestões
assertivas. Também a visualização 3D views e a experimentação recorrendo a Realidade
Aumentada ou o AI Fashion Advisor são algumas das inovações esperadas.
On e Off-line temos
desde já mapeadas várias oportunidades para a recuperação e progresso do
pequeno comércio que os mais atentos irão, com certeza, aproveitar.