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Isto não é uma reclamação, nem um relato de vitimização, nem sequer um manifesto. É um alerta sobre um detalhe ignorado que afeta milhões de pessoas globalmente.
Sou daltónica. E esta condição aguça (muito!) a minha curiosidade sobre cores e como são usadas para comunicar, influenciar e vender. É muito divertido discutir “aquele roxo” que, para mim, é azul… Depois de alguém abrir um teste de daltonismo no Google, fica mais fácil explicar que não vemos todos o mesmo.
O mundo em tons de cinzento (50 ou mais!)
Explico aos menos informados: daltónicos não veem só preto e branco. Vemos cores, mas não todas e muitas confundem-se. A mesma imagem para ti tem contraste, para mim pode simplesmente não estar lá.
• Não perceber um gráfico? Acontece.
• Não ver o call-to-action? Acontece, muitas vezes.
• Clicar no sítio errado? Normal.
• Sair da página sem comprar? Muito habitual.
Tudo isto porque alguém decidiu que “fica giro” usar paletas suaves, tons nude ou degradês sofisticados. Bonito para quem vê. Invisível, ou confuso, para quem não vê.
Marketing para todos? Talvez não.
A psicologia das cores está em tudo: marcas, embalagens, roupas, sinalética, websites, apps, campanhas políticas. O problema? A mensagem chega, mas não alcança milhões de consumidores. Simplesmente, porque nem todos vemos o mesmo.
Quando alguém diz “clica ali no botão fúcsia”, eu não sei o que fazer. O que é isso?
Quantos cliques, votos, compras e leads se perdem porque alguém achou que verde e castanho lado a lado fica “super elegante”? Spoiler: para muitos daltónicos, são iguais.
Cores, decisões e exclusão não intencional
Estima-se que 8% dos homens e 0,5% das mulheres têm algum tipo de daltonismo. São mais de 350 milhões de pessoas.
Consumidores. Utilizadores. Eleitores. E o marketing continua, muitas vezes, a ignorá-los.
Exemplo real: recentemente reparei em cartazes políticos ilegíveis para daltónicos. Letras que somem. Fundos que engolem texto. Mensagem que não (me) chega.
ColorADD: a cor é para todos
Há uma solução! E é portuguesa. ColorADD é um sistema universal que associa símbolos a cores, permitindo que até quem não as vê consiga identificá-las. Já está em escolas, hospitais, transportes e marcas no mundo inteiro. Brilhante. Útil. Inclusivo. E tão simples que surpreende não estar em todo lado.
Conclusão
Quando o objetivo é comunicar, vender e ser lembrado por todos, convém usar as cores com bom senso: milhões de pessoas não veem o que o designer vê, mas continuam a votar, comprar, navegar e clicar.
Basta contrastar e testar melhor. Os daltónicos agradecem. O bom design também.

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