Sabia que a Miele chegou a fabricar motas, motoretas e bicicletas? Muito antes de se especializar na área dos eletrodomésticos, a marca nasceu na Alemanha quando Carl Miele e Reinhard Zinkann se juntaram para criar algo diferenciador, há mais de 100 anos.

Estávamos em junho de 1899, no município de Herzebrock perto de Gütersloh, quando abriu numa antiga serração e fábrica de moagem uma jovem empresa com onze trabalhadores que leva a cabo a produção de centrifugadoras de leite.

Em 1900, a gama foi complementada com a máquina de manteiga Meteor que contribuiu para facilitar o trabalho nas zonas agrícolas, e sobretudo das mulheres. Aí foi inscrita a palavra “Immer Besser” (Sempre Melhor) que ainda hoje faz parte do ADN da Miele nos 48 países onde está presente.

“Atualmente temos 20 mil empregados, uma faturação de quase 4 mil milhões de euros e por isso temos crescido de forma consistente e sustentável. Estamos a crescer por nós próprios e não através da compra de outras marcas ou produtos. O crescimento da Miele é interno, auto financiado o que significa que nunca tivemos dividas na empresa, exceto após a II Guerra Mundial em que mudámos de moeda e todos os ativos foram perdidos por cerca de 10 anos”, explica-nos Reinhard Zinkann, administrador da Miele.

Já em 1916 a Miele estava tão convicta da sua qualidade que oferecia, mediante pedido, uma garantia de 10 anos. Hoje é conhecida pela oferta de 20 anos de garantia que, para Reinhard Zinkann, fazem todo o sentido nos dias de hoje uma vez que o consumidor procura equipar a casa com produtos de qualidade.

“Se pensássemos na Miele como um ser humano, ela teria duas pernas: uma seria a qualidade e a durabilidade uma vez que os produtos são testados para durar pelo menos 20 anos; a outra perna seria a tecnologia”, refere o administrador.

A tecnologia é inevitável numa era onde as casas inteligentes já fazem parte do dia a dia de muitos consumidores. A Miele procura combinar a aposta no design com tecnologias pioneiras que façam de facto a diferença no produto final.

“Agora, como se sabe, as redes sociais têm um papel muito importante nas nossas vidas e toda a gente utiliza a Internet pelo mundo, onde há informação disponível 24/7. Claro que isso muda a forma como consumimos mas também tem de mudar a forma como damos a conhecer os nossos produtos”, refere-nos.

Já em 1921, a Miele procurava obter uma imagem própria com publicidade com informações facilmente compreendidas de forma a estabelecer um perfil claro da marca. Hoje, prefere apostar em experiências e é por isso que o Experience Center é um dos investimentos para estar mais próxima dos clientes.

“É importante que o cliente cheire, toque e sinta a diferença para poder entender o valor. O Experience Center é uma forma de experienciar esse valor e expor a nossa marca de forma diferenciadora. Não basta só expor os produtos, é preciso ter uma nova abordagem para conquistar o nosso público”, refere Zinkann.

Portugal é um dos mercados que vê nascer o Experience Center. Localizado em Carnaxide, Lisboa, são 500 m2 de experiência que vai contar com demonstrações, workshops, entre outras atividades.

“A Miele já está em Carnaxide desde 1988 e tinha um espaço relativamente adormecido em termos de posicionamento no mercado. Sentimos a necessidade de estar mais próximos dos nossos consumidores, de ter um espaço moderno, interativo, também com mais tecnologia, que nos permita de alguma forma dar uma experiência diferente ao consumidor quando entra num espaço de uma marca premium”, explica-nos Ana Ferreira, responsável comunicação da Miele em Portugal.

A renovação demorou alguns meses e a estratégia da marca é a de posicionar alguns aparelhos de cozinha, hoje vistos como produtos mais emocionais, logo à entrada.

“A marca em Portugal em termos de performance é muito aspiracional, é uma marca que as pessoas têm orgulho em ter em casa, quando compram investem em qualidade, e como exemplo nós testámos todos os nossos eletrodomésticos para uma vida útil de 20 anos, o que já não se usa muito, e não há no mercado este tipo de oferta, e por isso a marca continua a ser no mercado ao longo dos anos sempre considerada como uma Marca de Confiança dos portugueses”, refere-nos a responsável em Portugal.

Apesar do fator preço ser ainda determinante no momento de compra para os portugueses, a marca diz que este é o momento de reforçar a confiança no nosso mercado.

“Começámos aqui em 1970, é muito tempo. Claro que o mercado português sofreu muito, mas sentimos agora que está a voltar ao que era, e nós nunca desistimos de um mercado. O consumidor hoje espera disponibilidade 24/7 e por isso temos de ter atenção onde estamos e como estamos. Em termos de offline é possível que o próximo passo seja abrir mais Experience Center para marcar ainda mais a diferença. Por outro lado, o e-Commerce ganha cada vez mais importância e temos de investir no negócio online para que o consumidor tenha a melhor impressão da marca. Temos certamente de melhorar as nossas vendas diretas nos dois canais”, explica Reinhard Zinkann.

Não perca no próximo fim de semana a reportagem na emissão da SIC Notícias.