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Numa visita recente à casa da minha mãe,
resolvi lavar os sofás da sala. Por serem de tecido, e por haver animais de
estimação, já estavam um pouco sujos.
Ponto
de partida: a
pesquisa do Google. Encontrei diversos fornecedores e fui direto a um dos
que tinham feito um anúncio pago. Fui direcionado para um site profissional,
com diversas fotografias de antes/depois da limpeza de sofás.
O site ligava-me diretamente ao WhatsApp Business da prestadora de
serviços. Depois da minha permissão, no primeiro contacto, um chatbot atendeu-me e enviou diversas informações
sobre o serviço, preços e muitas fotos de sofás de outros clientes.
Como fiz algumas perguntas mais complexas,
a dona do negócio começou a falar comigo pelo mesmo canal, assumindo o diálogo
que antes era mediado pelo bot.
Pediu-me as fotos dos sofás da minha mãe
para entender a necessidade de limpeza e para poder avançar com os orçamentos.
Mais tarde, já com os orçamentos enviados e aprovados, combinamos a data do
serviço e pedi o certificado de vacinação da Covid dos profissionais que nos
iriam atender. Tudo pelo WhatsApp.
Na hora marcada eles estavam em casa da
minha mãe, lavaram os sofás e ainda tiraram fotos “antes-depois” do serviço que
publicaram no Instagram da marca, com a minha permissão. O pagamento foi feito
digitalmente e o comprovativo de pagamento enviado para o mesmo WhatsApp da
prestadora de serviços. Foi tudo tão rápido e prático que acabei por lavar 5
sofás ao todo.
A minha jornada digital Google - WhatsApp
poupou-me horas de chamadas telefónicas, preenchimento de registos ou
interrogatórios telefónicos intermináveis. O exemplo acima é um caso real da
importância da gestão da jornada do consumidor, sobretudo no ambiente digital.
A dona deste pequeno negócio sabe muito sobre mim, os meus sofás, e poderá
voltar a falar comigo ou mesmo programar um bot de nutrição para disparar um
alerta de limpeza de sofás depois de 6 meses ou 1 ano.
Quando falamos de gestão da experiência do
consumidor, lembramo-nos logo do ponto de venda. As lojas são o espaço
prioritário na “experiência de marca” que se quer dar ao consumidor. Iluminação
adequada, fragrâncias personalizadas, mobiliário à medida, tudo
milimetricamente pensado de acordo com o branding.
Mas,
e o digital? Nesta área as pequenas e médias
empresas estão muito à frente das grandes marcas. Razão: com menos budget
precisam de gerir da melhor forma possível os seus escassos recursos e manter o
cliente fiel, para que ele volte. É
aquela máxima do Kotler: “Conquistar um novo cliente custa entre 5 e 7 vezes mais do
que manter um atual".
Como profissional de marketing e CX observo
que as grandes marcas aproveitam muito pouco o potencial da gestão da
experiência dos seus clientes. É comum, ao comprar bens de consumo caros, nunca
mais ouvir falar destas marcas. Ou pior, não receber atenção delas em canais
digitais, como WhatsApp.
Nesta quinta-feira, dia 19 de maio, a Meta,
empresa-mãe do Facebook, Instagram e WhatsApp deu mais um passo para mudar este
cenário ao lançar a WhatsApp Cloud API,
uma interface de programação que permite conectar o WhatsApp a qualquer
plataforma de atendimento de empresas de todos os tamanhos. A API já do
WhatsApp já estava disponível através de parceiros, mas com o lançamento
mundial vai chegar a muito mais empresas ampliando o alcance do WhatsApp como
ponto de contato principal para atendimento e relacionamento com o consumidor
em tempo real.
Os números são pomposos: 1 bilião de
pessoas usam mensagens em todo o mundo. O mercado global de gestão da
experiência do consumidor, que inclui plataformas para a gestão de jornadas
digitais, software e serviços, movimentou 10.11 biliões de dólares em 2021 e
deve fechar a década em 2029 com uma estimativa de ser um mercado de 32,35
biliões de dólares (Fortune Business Insights).
Além da grandiosidade dos grandes números,
é preciso modéstia do gestor da experiência do consumidor para entender como a
pequena empresa virou modelo da experiência do consumidor esperada na grande
empresa.
Foi o que aprendi a lavar os sofás da minha mãe.
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