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Foi durante séculos a principal praça de guerra de um sistema
estratégico de defesa marítima e está situada numa importante zona de
cruzamento de rotas entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico. A imponente
Fortaleza de Sagres resulta da expansão humana sobre a rocha natural e hoje é
um lugar onde a natureza, o sagrado e o homem continuam a conjugar-se de forma
simbólica.
Não foi por acaso que escolhemos
este sítio para iniciarmos a nossa conversa com Joana Shencker. É nas praias
localizadas ali perto que a Campeã Mundial de Bodyboard de 2017 pratica
regularmente a sua modalidade. Foi nesta região que cresceu depois de os seus
pais, com origem alemã, terem encontrado aqui a tranquilidade que precisavam
para criar raízes. É essa tranquilidade e serenidade que a atleta nos transmite
ao receber-nos nesta viagem a mais um “Destino Sustentável”. Na camisola que
veste saltam desde logo à vista as palavras “Ocean Lover”, que servem
perfeitamente para descrever o sentimento que nutre pelo mar.
Para Joana Schenker, os oceanos
são como uma segunda casa, uma espécie de refúgio e, por essa razão, aquilo que
mais procura proteger, preservar e defender. A bodyboarder de 34 anos é hoje
uma das vozes do desporto que mais apela à urgente proteção dos oceanos.
“Em
casa cresci com imensos valores ligados à natureza. A minha mãe era era super
envolvida nisto e sempre fez questão de nos passar esses valores. E agora já
tenho uma voz, não é? Achei que era bom usar essa voz para o bem. (...) Para
que é que servem os atletas profissionais? Na minha opinião servem para
inspirar os outros. É a nossa principal função e, portanto, eu sinto mesmo que
tenho esta responsabilidade também de falar pelo mar”, afirma a desportista,
que procura dar visibilidade a um tema que muitas vezes fica esquecido na bruma
do quotidiano. “O oceano tem uma particularidade: não mostra os
problemas. Nós podemos olhar para o mar e ele está azul e bonito. No entanto,
tem poluição, tem problemas de sobrepesca e a questão do lixo marinho é algo
que nos afeta a todos diretamente no nosso dia-a-dia. Portanto, temos de
começar a levantar esta consciência nas pessoas para daqui a uns anos
conseguirmos resolver o problema. E temos de começar já, não há tempo a
perder”, alerta a atleta, que regularmente junta-se a patrocinadores, a
diversas organizações e a grupos da sociedade civil em várias ações de recolha
de lixo ao longo da costa.
Hoje somos nós que nos juntamos a
Joana na Praia da Cordoama para constatar uma crua e dura realidade. Segundo um
relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 11 milhões de
toneladas de plástico acabam todos os anos nos oceanos, o equivalente a
despejar um camião de lixo de plástico a cada minuto. Os efeitos são
devastadores para a vida selvagem e para os ecossistemas marinhos: todos os
anos, estima-se que morram 100 mil mamíferos marinhos e um milhão de aves por
causa desta poluição, de acordo com a Comissão Oceanográfica Intergovernamental
da UNESCO.
Porque muito deste lixo chega ao
oceano por falta de conhecimento, Joana Schenker procura, através das suas
redes sociais e dos eventos em que participa, apelar à mudança dos nossos
hábitos diários: arranjar outras opções para as embalagens de plástico,
repensar hábitos alimentares, reutilizar o máximo possível, optar por produtos
locais, etc. “Eu frequento a praia todos os dias. Portanto, isto é algo que eu
vejo com os meus próprios olhos. Desde que eu comecei a fazer bodyboard nota-se
uma poluição muito maior. (...) O que se encontra muito na praia são plásticos
que vêm diretamente do mar: cotonetes, tampinhas, bolinhas de plástico. Depois
nos parques de estacionamento notam-se imenso as beatas, pois há pessoas que
ainda as metem na areia. Por outro lado, as máscaras são a nova pandemia da
praia. Há máscaras em tudo o que é areal e parques de estacionamento. Isto são
coisas com as quais eu me deparo todos os dias e que são tão simples de
resolver, não é?”, afirma.
São pequenos gestos que podem
fazer uma grande diferença no futuro das próximas gerações. Por isso mesmo, e
porque a educação é o principal agente de mudança, nos últimos 3 anos, a
bodyboarder tem levado a mensagem do mar e da sustentabilidade a mais de 9 mil
jovens de todo país através da Schenker School Tour by Oceanário de Lisboa, um
projeto promovido pela Fundação Oceano Azul. “Nós temos a ideia de que o grande
pulmão do mundo é a floresta tropical, mas mais de 50% do oxigénio que nós
respiramos vem do oceano. Portanto, é algo que nos interessa a todos. É
impossível nós não cuidarmos do nosso oceano. Cada um tem de começar a dar o
primeiro passo: a ver os seus gestos, a ver a suas escolhas e a rever as
coisas que nós cada um faz: desde usar garrafas reutilizáveis a ter em conta as
características dos produtos que vamos comprar. Todas as pequenas coisas que
podem à primeira vista parecer insignificantes têm um grande impacto se
formos muitos a fazer”, sublinha.
Nesta nossa viagem a Sagres
sentimos a importância de modalidades como o surf e bodyboard na economia e na
vida da região. Ao longo dos últimos anos, a região tornou-se muito popular,
atraindo milhares de surfistas internacionais que ali encontram as condições
ótimas para desafiar as leias da física com as suas manobras inovadoras. Por
terem um forte impacto a nível turístico e ambiental, as indústrias ligadas a
estes desportos assumem hoje um papel preponderante nesta onda de mudança tão
necessária.
“Cada vez mais, este tema é uma
preocupação das marcas. É claro que ainda há algumas falhas a nível de materiais
disponíveis. Por exemplo, as peças de bodyboard e de surf não são recicláveis.
Ainda não temos uma prancha que tenha a mesma performance ou uma prancha
de alta gama que possa ser reciclada. Nos fatos já temos algumas marcas que
realmente têm fatos feitos a partir de materiais naturais, borracha natural.
Estamos a caminhar para lá e acho que é nossa obrigação como indústria e como
atletas também pedir materiais mais sustentáveis. São mais caros, não são
fáceis de encontrar, mas estamos a caminhar para lá e o futuro vai ser esse”,
acredita Joana, revelando-nos que as marcas às quais se associa geralmente já a
procuram por estarem alinhadas com o tema. “Eu tenho a sorte de todos os meus
patrocinadores terem esta consciência. Trazem estes valores de sustentabilidade,
de cuidar da praia, para dentro do próprio negócio: um protetor solar amigo do
ambiente, garrafas reutilizáveis, etc. Tudo isto faz bom match.”
A consciência de que cada de um
de nós tem de fazer a sua parte em prol da saúde do mar está a aumentar.
Atletas como Joana Schenker têm dado o seu contributo. Mas é crucial
acelerarmos este processo de mudança nos nossos hábitos, porque as expectativas
não são propriamente boas. Segundo as Nações Unidas, se as taxas de poluição
não se alterarem, haverá em 2050 mais plástico do que peixe nos oceanos.
Reveja agora aqui a reportagem onde Joana Schenker deu a conhecer a sua visão e o trabalho que tem feito para sensibilizar os seus seguidores, e não só, para a necessidade de combater o grave problema do lixo marinho e dos plásticos, e de salvar o futuro do planeta, antes que seja tarde demais.
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