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A Casa da América Latina, em Lisboa, vai receber, no próximo 6 de outubro, a I Conferência Ibero-Americana de Publicidade, organizada pelo ICNOVA – Instituto de Comunicação da NOVA, em parceria com o LIACOM, do Instituto Politécnico de Lisboa, e a SOPCOM, Associação Portuguesa das Ciências da Comunicação.
Com o tema central “Publicidade (Re)imaginada: Desafios, Transformações e Perspetivas”, o evento reunirá cerca de 100 investigadores de países ibero-americanos, incluindo Brasil, Espanha, México, Peru e Portugal e promete ser um ponto de encontro para reflexão e debate sobre a comunicação estratégica e comercial, abordando desafios como a inteligência artificial, sustentabilidade e diversidade cultural na publicidade.
A conferência contará com a participação da professora Clotilde Perez, diretora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), no Brasil. Perez, que abrirá o evento, é uma referência em semiótica, publicidade e comunicação de marcas, além de investigadora, escritora, consultora e colunista. O seu trabalho tem-se destacado pelo estudo dos signos e dos imaginários na comunicação contemporânea, com especial enfoque na construção simbólica das marcas e dos discursos publicitários.
Em entrevista ao Imagens de Marca, a professora descreve a conferência como um “momento privilegiado de troca de experiências, permitindo discutir tanto os pontos comuns quanto os elementos que singularizam cada país e oferecendo a académicos e profissionais a oportunidade de partilhar perspetivas teóricas e práticas que fazem sentido em diferentes contextos”.
Ao falar sobre os desafios contemporâneos da publicidade, Perez lembra que o setor deixou para trás a era da comunicação intrusiva e precisa, hoje, de fazer sentido na vida das pessoas. “Ela deve encaixar na nossa rotina, oferecendo soluções, produtos e ideias que sejam valorizadas e tenham pertinência no dia a dia”, afirma, acrescentando que este é apenas o primeiro de muitos desafios que a publicidade enfrenta na adaptação às novas lógicas de mercado. “No passado, eu podia falar de um dentífrico que limpa e mata germes. Hoje falamos de sorriso, de relações sociais, de partilha num grupo, de valores ligados ao bem-estar e à sustentabilidade”, exemplifica.
A sua abordagem semiótica oferece instrumentos e métodos para analisar como cores, formas, texturas ou figuras produzem significado, permitindo também subsidiar a criação de campanhas com sentido, que não sirvam apenas para divulgar produtos. A professor alerta ainda para os desafios e oportunidades trazidos pela inteligência artificial, que permite soluções personalizadas, mas não substitui a complexidade humana: “É preciso não ficar só com a correlação, mas interpretar os percursos e rastos dos consumidores. Felizmente, há níveis de complexidade do humano que, por melhor que seja o algoritmo, ainda escapam, e isso é bom”.
Por fim, a especialista reforça o papel social da publicidade, defendendo que ela deve ser construtora de valores positivos e indutora de mudanças sociais. “A minha expectativa para a publicidade é que, cada vez mais, cumpra essa função de construtora de melhores valores sociais para todos”, conclui.
De notar que a conferência terá painéis sobre criatividade, cultura, ética, sociedade e transformação digital, além de workshops práticos para estudantes, incluindo escrita publicitária para rádio e publicidade exterior digital. Os participantes poderão também apresentar os seus portfólios a diretores de agências nacionais e internacionais, recebendo orientação especializada.
Veja a entrevista completa no vídeo acima.
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