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Nas organizações, é um dado adquirido que a inovação e o crescimento de negócio estão associados e de mãos dadas. Existe também uma associação cada vez mais clara entre cultura de inovação e extração de valor acrescentado da tecnologia, que por sua vez traz desenvolvimento e aceleração de negócio. Observamos assim que as empresas que investem em tecnologia e juntam a isso a questão de inovação, conseguem uma clara vantagem competitiva face aos seus concorrentes. (1) (McKinsey & Company).
Não é, portanto, estranho hoje vir falar de uma empresa que funcionalmente se moldou para inovar e que mais uma vez conseguiu trazer algo único para o mercado, criando um produto disruptivo. A Apple é um caso de estudo a nível de organização funcional para inovação (2) (Harvard Business Review) e precursora de um conjunto de ideias associadas ao hardware, software, design e à experiência do utilizador. Destaco dois pontos fulcrais nos dias de hoje: a inovação por si e a sua ligação com data.
A Apple lançou recente o novo Apple Vision Pro, que será certamente um dos grandes lançamentos do ano a nível de produtos de tecnologia de alta gama, um produto que está a conquistar não só os avid tech consumers, como as pessoas (como eu) que gostam de sci-fi. Podia ser só mais um produto Apple mas a verdade é que não é. Estamos a falar de algo que surge de uma linha completamente revolucionária, que promete, revolucionar a interação com conteúdo digital, através do olhar, gestos e comandos de voz, transformar até o próprio ambiente em que estamos, com o beneficio de estar integrado em todo o ecossistema da empresa mãe. Tem também um território complexo, pela sua associação ao metaverso, um ecossistema que há uns meros dois anos atrás estava na “berra” e que arrefeceu nos últimos momentos (3)(Business Insider). A disrupção e inovação promete ser tanta que a nossa forma de experienciar a realidade passará a ser diferente daquilo que é hoje.
Com este processo de inovação através deste novo lançamento, a Apple conseguiu ao seu estilo a criação de uma nova gama, apelidada Apple’s first spatial computer, novas vendas cujas projeções de pre-sales com alguma incerteza, foram cerca de 460 mil unidades para 2024. Esse número já foi atualizado para cerca de 600 mil. Em simultâneo, a nível de Estratégia de Marketing conseguiu manter a mestria de lançamentos, cativando massas e mantendo uma aderência grande aos seus valores de empresa inovadora e líder, alterando e melhorando a sua experiência em loja, e tudo isto graças a um produto disruptivo.
E porque estamos a falar de tecnologia, não podemos não falar da sua relação direta com dados. Este novo produto traz consigo um conjunto de mais valias e riqueza associadas à sua utilização e aos dados que gera, através da contribuição dos próprios utilizadores na sua utilização recorrente. Há um claro e tangível valor em deter dados proprietários (4) (McKinsey & Company) que podem ser extremamente úteis às empresas e a todos os seus parceiros, que possam ter acesso à informação e através dela trabalhar ativação publicitária, personalização na sua experiência de consumidor ou até mesmo calibração da sua própria inteligência e conhecimento. As cada vez mais famosas data clean rooms (5) (Insider Intelligence) tornam-se uma solução interessante para quem quer entrar no jogo da partilha de informação empresarial. É também um upside para tantas outras marcas, que estes colossos de dados e de tecnologia se tornam também em oportunidades de business case, para melhorar o seu posicionamento, e também muitas vezes se conseguirem colar e personalizar melhor a sua ligação com estes novos ecossistemas (inovação leva a inovação). No entanto traz consigo algum downside associado a temas de privacidade e concorrência / concentração, assim como uma cada vez maior influência (tema para um artigo por si só).
Sejam quais forem os desafios atuais que as empresas possam estar a passar, quer a nível de modelo de negócio, produtos ou serviços, sem renovação e inovação o desenvolvimento do negócio e crescimento orgânico não aparecem como que por magia. Só o futuro irá ditar o sucesso ou insucesso desta nova venture da Apple mas, como disse o próprio Steve Jobs, "Innovation distinguishes between a leader and a follower."
Referências:
(1) McKinsey & Company Article: How innovative companies leverage tech to outperform
(2) Harvard Business School - How Apple Is Organized for Innovation
https://hbr.org/2020/11/how-apple-is-organized-for-innovation
(3) Business Insider Article - RIP Metaverse - An obituary for the latest fad to join the tech graveyard
(4) McKinsey & Company Article: As the cookie crumbles, three strategies for advertisers to thrive
(5) Data Clean Room definition
https://www.insiderintelligence.com/insights/definition-data-clean-rooms/
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