Longevidade, palavra cada vez mais procurada e desejada, pelo ritmo frenético em que vivemos e que nos leva a equacionar outras formas de viver, com maior qualidade.

O mais recente documentário da Netflix, “Viver até aos 100”, é uma verdadeira viagem sobre o tema, com partida de malas vazias por várias regiões do mundo, de Okinawa a Sardenha, locais conhecidos pela sua longevidade, na esperança de trazer de volta a fórmula mágica entre tempo e qualidade de vida.

Aparentemente são poucas as semelhanças que ligam todos estes destinos, mas existem muitos pontos em comum na vida destas comunidades, algumas delas mais óbvias, como uma alimentação equilibrada, o desporto, que pode ser algo tão simples como calcorrear por ruas íngremes todos os dias, ao viver em comunidade e rodearmo-nos de boa companhia e amigos.

Mas há outras não tão evidentes, como acontece na cultura japonesa, com a descoberta de um propósito, o Ikigai. Esta palavra que tanto tem de simples como de complexo, representa a procura do que nos equilibra e nos faz acordar com vontade de levantar de manhã.

Também no mundo da comunicação e das marcas é fundamental a procura desta razão de ser e equilíbrio. Marcas que comunicam de forma coerente e alinhadas com o seu propósito conseguem garantir uma maior longevidade e ser assim mais relevantes sempre que comunicam. Para isso é essencial ter bem definido o objetivo e a missão da marca, o que a caracteriza e distingue das restantes no mercado, a sua Unique Selling Proposition.

Importa também conhecer bem para quem falamos e tentar calçar os “sapatos” do consumidor, para conhecer as suas verdadeiras necessidades e criarmos assim maior proximidade e uma relação duradoura.

E acima de tudo procurar inspiração todos os dias, no que os outros fazem, no que já fizemos e podemos melhor, no que ainda não foi feito! Porque para descobrir o propósito não basta olhar para dentro, a inspiração de fora é fundamental.

Por aqui, basta-me por vezes ir à janela, e observar o Sr. Luis, o vizinho da frente, para perceber que esta procura do propósito e equilíbrio pode ser bem mais simples do que parece.

Mal o sol acaba de nascer, e já se ouvem as suas passadas vigorosas pela horta, onde passa grande parte do tempo a cultivar, sempre de sorriso fácil, como os frutos que depois colhe. Perto do final da manhã toca o sino na entrada do quintal, para chamar os amigos que se juntam para o almoço e para aproveitarem o que a vida tem de melhor, e ajudarem depois na horta.

Porque afinal não basta encontrarmos a resposta ao que nos faz acordar pela manhã, se não tivermos com quem partilhar, e isso sim é o verdadeiro Ikigai!