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Com a criação dos “consumidores sintéticos” é possível traçar o perfil apurado dos públicos-alvo, partindo do cruzamento de dados de consumidores reais com os inputs que são introduzidos pelas marcas
Imagine realizar um estudo de notoriedade de marca com milhares de pessoas sem fazer uma única entrevista. É exatamente isso que o desenvolvimento da inteligência artificial está a proporcionar com os chamados “consumidores sintéticos”: personas hiper-realistas criadas com inteligência artificial que replicam o comportamento de consumidores reais. Não é ficção científica. É a nova realidade da inteligência de mercado.
O que são, afinal, os consumidores sintéticos? A ideia baseia-se numa linha de investigação inovadora das Universidades de Stanford, Oxford e MIT, que demonstrou que modelos como o GPT-3, da OpenAI, conseguem simular opiniões humanas com um grau de fidelidade surpreendente — desde que sejam “alimentados” com os dados certos.
Se trabalha na área do marketing, branding ou estudos de mercado, sabe quanto tempo, dinheiro e esforço um estudo tradicional pode exigir. Agora imagine poder testar um conceito de campanha, sem ter de recrutar ninguém e em pleno verão, quando todos estão de férias? Com os consumidores sintéticos, os testes de conceito, mensagens, embalagens, potenciais produtos e ações podem ser validados em horas, não em semanas. Cada uma das personas é concebida a partir de dados reais, que permitem traçar um perfil apurado de todas as suas características: idade, localidade, profissão, interesses, etc.
É o que chamamos de "inteligência always on": insights disponíveis a qualquer momento, com o mesmo orçamento de um estudo pontual. Os dados passam assim a estar acessíveis diariamente, permitindo decisões mais certeiras e credíveis. Esta utilização de consumidores sintéticos é também relevante na antecipação e prevenção de potenciais crises de reputação, podendo simular contextos e sensibilidades relacionados com determinado produto ou serviço.
Quer isto dizer que os estudos tradicionais vão desaparecer? Claro que não. Mas, com esta tecnologia, entramos numa nova fase onde o trabalho de campo digital e o presencial podem coexistir: o digital, para a velocidade, volume e simulação; o humano, para profundidade e validação. É como ter um radar ligado permanentemente, pronto a captar mudanças de perceção sem depender de calendários rígidos. Se ainda pensa que a IA é uma coisa de laboratório, talvez esteja na hora de rever essa ideia.
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