Humano afinal de contas?

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Humano afinal de contas?
28 de Fevereiro de 2018
Humano afinal de contas?
Humano afinal de contas?

Confesso que o mais difícil em escrever este artigo é encontrar-lhe o título certo. Esta manhã pude assistir à conferência organizada pela Vodafone sobre a Internet das Coisas (IoT) e tive o privilégio de ouvir vários aforismos que ficariam bem como título para este artigo. “Data is the new oil” (A informação é o novo petróleo), foi com esta frase que Gerd Leonhard, autor do livro “Tecnologia versus Humanidade” prendeu a atenção de todos os presentes no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

E sim, é verdade. Atualmente, o recurso mais valioso do mundo é a Big Data, e está concentrada nos suspeitos do costume, falamos de Google, Facebook, Amazon, Microsoft, Uber, Spotify ou até mesmo a Tesla. Mas o que estará realmente em causa quando os utilizadores de todo o mundo têm uma pegada digital, serão só coisas más? Nem por isso.

O mais certo é que no futuro vá ser tudo conectado, e que tudo recolha informação e um pequeno aviso à navegação: no futuro teremos que nos manter humanos que é a única coisa que as máquinas ainda não conseguem fazer. Nas palavras do orador “o futuro já deixou de ser uma continuação do presente” e as máquinas podem ir bem além da nossa aprendizagem e nós, enquanto humanos, temos as nossas limitações, não conseguimos colocar mais RAM, precisamos de dormir e não conseguimos ficar tanto tempo concentrados como uma máquina.

Segundo Gerd Leonhard, que para além de autor também é futurologista, é preciso ter atenção à parte das nossas vidas que não vai estar conectada e que aí é que estará o valor, o offline será um estado de espírito. A IoT juntamente com a economia da partilha veio abanar muitos modelos de negócio: o da música, com o Spotify e o do automóvel, com a Uber, são alguns exemplos. E os consumidores no futuro vão querer usar carros como usam o Spotify hoje em dia, estamos a assistir ao aparecimento de uma geração que não gosta de possuir bens, o que pode ser uma coisa boa. Pode significar por exemplo o fim dos engarrafamentos, ou do excesso de parques de estacionamento.

O mundo conectado veio trazer uma nova vida a objetos que tinham o mesmo formato há muito tempo, atualmente a Apple vende mais relógios que todas as marcas suíças juntas. E o Machine Learning será usado para substituir os humanos em muitas das tarefas rotineiras, tal como augurava Sophia The Robot durante a Web Summit no ano passado. Mas o que quer isto dizer? Devemo-nos preocupar em ficar desempregados? Tecnicamente não. Segundo Gerd Leonhard, 70% dos empregos que vão existir no futuro ainda não foram inventados (o Huffington Post fala em 85%) e que as máquinas serão apenas excecionais em trabalhos rotineiros, como por exemplo, a conduzir carros autónomos ou a pilotar aviões. O poder de decisão, questões éticas, esse sim tem que ficar para os humanos. Para os humanos do futuro será importante trabalhar no desenvolvimento da I.E. (Inteligência Emocional) ao invés do tradicional Q.I. (Quociente de inteligência).

Com isto dito, é preciso ter em conta que a tecnologia não foi pensada apenas para tornar as coisas mais eficientes e melhores, mas também criar oportunidade, e tivemos esse exemplo com o iPhone que gerou toda uma nova economia digital e móvel. Falou-se do fim da morte, o fim do cancro, e fala-se desta revolução IoT como algo bem maior que a revolução industrial. Mas em quem, ou no quê, que confiamos os nossos dados? Silicon Valley (EUA) é atualmente o maior detentor de informação dos utilizadores de todo o mundo, seguido pela Ásia. É importante recolher os benefícios desta tecnologia e minimizar os efeitos secundários. O autor do livro "Tecnologia versus Humanidade", advertiu para os perigos de um mundo híper-conectado que poderá funcionar como um Big Brother. A altura em que vivemos é fundamental para decidir e traçar limites acerca de como esta tecnologia é utilizada, para não existirem “tardes demais”.

Após a sua apresentação consegui 3 dedos de conversa com Gerd Leonhard e tive que lhe fazer a pergunta que todos fazem: se devemos temer este tipo de tecnologia.

Gerd Leonhard: Acho que é bom haver sempre alguma preocupação, mas diria que temos que temer. Temos que nos certificar que temos as regras adequadas antes de estar tudo a correr a 100%. Mas se não tivermos a supervisão certa, se não tivermos as regras certas tudo poderá ser um bocado perigoso. Se queremos realmente construir a Internet das Coisas temos primeiro que ter controladas as consequências.

Imagens de Marca: E isto são questões que devem preocupar o utilizador comum?

GL: A Inteligência Artificial e a Internet das Coisas são a continuação da Big Data e do Mobile, segue tudo na mesma direção. E é importante que o utilizador embora não saiba o que é mantenha uma visão crítica sobre este assunto. Por exemplo o que está a acontecer nos dias de hoje com o Facebook e a Google, temos assuntos críticos que muitos utilizadores desconhecem como a manipulação e as Fake News, imagine-se agora estes problemas aplicados à Inteligência Artificial, aplicados à larga escala, não temos que ter medo, mas sim cautela. Até agora o setor da tecnologia não tem tido uma regulação firme porque há muito dinheiro envolvido.

Já Mário Vaz, Presidente da Vodafone Portugal deu uma pequena conferência de imprensa durante o certame em que falou sobre a importância deste assunto assim como a importância do debate e no papel da Vodafone no meio desta revolução.

Mário Vaz: O nosso papel é um papel dinamizador. Primeiro temos que dar a infraestrutura, que é essencial, no mundo digital. E depois temos que desafiar as empresas para nos desafiarem a nós para de uma forma cooperativa, possamos trabalhar na procura das melhores soluções. No nosso caso, temos a vantagem acrescida de fazermos parte de um grande grupo e termos até em Portugal o segundo dos centros de desenvolvimento de IoT, podermos ir buscar experiência a outros mercados para o mercado nacional e vice-versa.

IM: Durante a intervenção de um dos oradores foi referido que podemos estar perante uma revolução maior que a industrial. Cabe ao tecido empresarial português agarrar esta oportunidade?

MV: Acho que a responsabilidade de fazer parte desta revolução é transversal. Não é a industria, não é o Estado, são todas as organizações. Viu-se aqui, o impacto que esta tecnologia pode ter na liderança, na forma como nos organizamos, no trabalho é transversal. Não coloquemos apenas a industria como responsável, isto é um desígnio nacional porque o futuro é este. E se o país quer, e seguramente quer, ter um papel diferente no futuro daquele que temos hoje, temos que abraçar este desafio. Nós costumamos dizer na Vodafone que “o futuro é incrível” porque a tecnologia pode potenciar muita coisa boa. Acho que Portugal nesta matéria tem dado passos importantes. Discutir é importante, e Portugal deve ser um país de debate sobre esta matéria, mas temos que passar à ação. E essa ação decorre a um ritmo muito, muito rápido. Portugal pode ser a Silicon Valley da Europa, está nas nossas mãos fazer isso acontecer.”

Humano afinal de contas?
Marco Silva
Coordenador Editorial Digital
Em destaque
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Confesso que o mais difícil em escrever este artigo é encontrar-lhe o título certo. Esta manhã pude assistir à conferência organizada pela Vodafone sobre a Internet das Coisas (IoT) e tive o privilégio de ouvir vários aforismos que ficariam bem como título para este artigo. “Data is the new oil” (A informação é o novo petróleo), foi com esta frase que Gerd Leonhard, autor do livro “Tecnologia versus Humanidade” prendeu a atenção de todos os presentes no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço, em Lisboa.

E sim, é verdade. Atualmente, o recurso mais valioso do mundo é a Big Data, e está concentrada nos suspeitos do costume, falamos de Google, Facebook, Amazon, Microsoft, Uber, Spotify ou até mesmo a Tesla. Mas o que estará realmente em causa quando os utilizadores de todo o mundo têm uma pegada digital, serão só coisas más? Nem por isso.

O mais certo é que no futuro vá ser tudo conectado, e que tudo recolha informação e um pequeno aviso à navegação: no futuro teremos que nos manter humanos que é a única coisa que as máquinas ainda não conseguem fazer. Nas palavras do orador “o futuro já deixou de ser uma continuação do presente” e as máquinas podem ir bem além da nossa aprendizagem e nós, enquanto humanos, temos as nossas limitações, não conseguimos colocar mais RAM, precisamos de dormir e não conseguimos ficar tanto tempo concentrados como uma máquina.

Segundo Gerd Leonhard, que para além de autor também é futurologista, é preciso ter atenção à parte das nossas vidas que não vai estar conectada e que aí é que estará o valor, o offline será um estado de espírito. A IoT juntamente com a economia da partilha veio abanar muitos modelos de negócio: o da música, com o Spotify e o do automóvel, com a Uber, são alguns exemplos. E os consumidores no futuro vão querer usar carros como usam o Spotify hoje em dia, estamos a assistir ao aparecimento de uma geração que não gosta de possuir bens, o que pode ser uma coisa boa. Pode significar por exemplo o fim dos engarrafamentos, ou do excesso de parques de estacionamento.

O mundo conectado veio trazer uma nova vida a objetos que tinham o mesmo formato há muito tempo, atualmente a Apple vende mais relógios que todas as marcas suíças juntas. E o Machine Learning será usado para substituir os humanos em muitas das tarefas rotineiras, tal como augurava Sophia The Robot durante a Web Summit no ano passado. Mas o que quer isto dizer? Devemo-nos preocupar em ficar desempregados? Tecnicamente não. Segundo Gerd Leonhard, 70% dos empregos que vão existir no futuro ainda não foram inventados (o Huffington Post fala em 85%) e que as máquinas serão apenas excecionais em trabalhos rotineiros, como por exemplo, a conduzir carros autónomos ou a pilotar aviões. O poder de decisão, questões éticas, esse sim tem que ficar para os humanos. Para os humanos do futuro será importante trabalhar no desenvolvimento da I.E. (Inteligência Emocional) ao invés do tradicional Q.I. (Quociente de inteligência).

Com isto dito, é preciso ter em conta que a tecnologia não foi pensada apenas para tornar as coisas mais eficientes e melhores, mas também criar oportunidade, e tivemos esse exemplo com o iPhone que gerou toda uma nova economia digital e móvel. Falou-se do fim da morte, o fim do cancro, e fala-se desta revolução IoT como algo bem maior que a revolução industrial. Mas em quem, ou no quê, que confiamos os nossos dados? Silicon Valley (EUA) é atualmente o maior detentor de informação dos utilizadores de todo o mundo, seguido pela Ásia. É importante recolher os benefícios desta tecnologia e minimizar os efeitos secundários. O autor do livro "Tecnologia versus Humanidade", advertiu para os perigos de um mundo híper-conectado que poderá funcionar como um Big Brother. A altura em que vivemos é fundamental para decidir e traçar limites acerca de como esta tecnologia é utilizada, para não existirem “tardes demais”.

Após a sua apresentação consegui 3 dedos de conversa com Gerd Leonhard e tive que lhe fazer a pergunta que todos fazem: se devemos temer este tipo de tecnologia.

Gerd Leonhard: Acho que é bom haver sempre alguma preocupação, mas diria que temos que temer. Temos que nos certificar que temos as regras adequadas antes de estar tudo a correr a 100%. Mas se não tivermos a supervisão certa, se não tivermos as regras certas tudo poderá ser um bocado perigoso. Se queremos realmente construir a Internet das Coisas temos primeiro que ter controladas as consequências.

Imagens de Marca: E isto são questões que devem preocupar o utilizador comum?

GL: A Inteligência Artificial e a Internet das Coisas são a continuação da Big Data e do Mobile, segue tudo na mesma direção. E é importante que o utilizador embora não saiba o que é mantenha uma visão crítica sobre este assunto. Por exemplo o que está a acontecer nos dias de hoje com o Facebook e a Google, temos assuntos críticos que muitos utilizadores desconhecem como a manipulação e as Fake News, imagine-se agora estes problemas aplicados à Inteligência Artificial, aplicados à larga escala, não temos que ter medo, mas sim cautela. Até agora o setor da tecnologia não tem tido uma regulação firme porque há muito dinheiro envolvido.

Já Mário Vaz, Presidente da Vodafone Portugal deu uma pequena conferência de imprensa durante o certame em que falou sobre a importância deste assunto assim como a importância do debate e no papel da Vodafone no meio desta revolução.

Mário Vaz: O nosso papel é um papel dinamizador. Primeiro temos que dar a infraestrutura, que é essencial, no mundo digital. E depois temos que desafiar as empresas para nos desafiarem a nós para de uma forma cooperativa, possamos trabalhar na procura das melhores soluções. No nosso caso, temos a vantagem acrescida de fazermos parte de um grande grupo e termos até em Portugal o segundo dos centros de desenvolvimento de IoT, podermos ir buscar experiência a outros mercados para o mercado nacional e vice-versa.

IM: Durante a intervenção de um dos oradores foi referido que podemos estar perante uma revolução maior que a industrial. Cabe ao tecido empresarial português agarrar esta oportunidade?

MV: Acho que a responsabilidade de fazer parte desta revolução é transversal. Não é a industria, não é o Estado, são todas as organizações. Viu-se aqui, o impacto que esta tecnologia pode ter na liderança, na forma como nos organizamos, no trabalho é transversal. Não coloquemos apenas a industria como responsável, isto é um desígnio nacional porque o futuro é este. E se o país quer, e seguramente quer, ter um papel diferente no futuro daquele que temos hoje, temos que abraçar este desafio. Nós costumamos dizer na Vodafone que “o futuro é incrível” porque a tecnologia pode potenciar muita coisa boa. Acho que Portugal nesta matéria tem dado passos importantes. Discutir é importante, e Portugal deve ser um país de debate sobre esta matéria, mas temos que passar à ação. E essa ação decorre a um ritmo muito, muito rápido. Portugal pode ser a Silicon Valley da Europa, está nas nossas mãos fazer isso acontecer.”

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