Podemos dizer, inspirados pelo cenário onde decorreu o almoço informal – o Hotel Tryp do aeroporto – que o grupo Hoti Hoteis descolou com o negócio da hotelaria em 1978 no Porto. Nós aterrámos neste encontro quatro décadas depois e tivemos a oportunidade de conhecer de perto o cuidado da marca na personalização dos hotéis, através do design de interiores e arquitetura de acordo com os locais e regiões onde estão inseridos.

Fiquei a saber, almoço dentro, que alguns dos detalhes da decoração são mesmo sugestões do próprio fundador do grupo familiar com 100% de capitais portugueses. Manuel Proença conta a sua história para mostrar porque a credibilidade é um dos valores fundamentais do grupo. Recorda, já no momento do café, que há 40 anos foi um empreendedor que, sem grandes posses financeiras, teve a credibilidade do seu lado para avançar na compra de uma agência de viagens alienada de um dos grandes grupos económicos naquela altura, tendo sido depois desafiado a entrar também no negócio da hotelaria ao adquirir dois hotéis no Porto, um deles o Hotel Infante D. Henrique.

É um gestor ponderado quanto ao futuro. O presidente do grupo Hoti Hoteis acredita no inevitável abrandamento do crescimento da procura com alguma quebra no turismo, principalmente no segmento dos hotéis urbanos em Lisboa e Porto. Por isso, o grupo está já a apostar numa estratégia de diversificação geográfica com a abertura de unidades em cidades limítrofes, como Setúbal onde foi inaugurado recentemente mais um Meliá, ou no exterior, como o Meliá Maputo Sky.

Sem grande secretismo revelou que 2018 se assume como o melhor ano em termos de negócio e rentabilidade com um crescimento entre 2014 e 2018 de 24%. O futuro faz-se de um crescimento sustentado na abertura de dois hotéis por ano até 2020 para chegar às 22 unidades. De referir que o grupo detém até agora 17 hotéis das marcas: TRYP, Star inn, Hotel da Música, Hotel Golden Residence, e Meliá. Esta última marca resulta de uma parceria desde 1996 com a Meliá Hotels Internacional.

O Surf como atração no novo hotel em Peniche

Depois do TRYP Lisboa Caparica Mar se ter mergulhado na temática do surf é a vez de Peniche aproveitar a mesma onda ou não fossem estes destinos preferidos pelos amantes da modalidade. A revelação é feita ali, ao meu lado, por Miguel Proença, administrador e filho do fundador do grupo Hoti Hoteis. Os olhos azuis brilham de entusiasmo a contar como foi aprendendo as lições fora de água para entender o universo do surf de modo a criar nas unidades o ambiente, serviços, e algumas particularidades, que respondem às necessidades deste tipo de clientes. Dá-me como exemplo os cacifos na garagem para guardar as pranchas ou o convite que fez à escola de surf da zona para se instalar numa área do hotel. Miguel refere ainda a importância desta revitalização de uma unidade que estava condenada a fechar e que volta a dar cor à praia de Peniche. O grupo Hoti Hoteis presta também uma homenagem aos artistas locais desafiando a empresa local Vulture Surf Boards a decorar com pranchas a fachada principal. Os desenhos pintados nestas pranchas resultam de um concurso e estas pranchas vão estar também à venda dentro do hotel, revertendo uma percentagem para os seus artistas. O hotel conta ainda com um mural pintado por Wilson Alexandre (conhecido pela pintura da onda gigante no molhe leste do Supertubos), inspirado numa obra do artista local Antero Anastácio.

Trata-se de um hotel da marca Star inn de 3 estrelas que irá ter uma inauguração oficial a 19 de dezembro, sendo que, na prática a unidade nunca deixou de estar a funcionar. Sujeito a uma profunda remodelação o hotel teve um custo total de 1,5 milhões de euros.