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Num contexto
internacional de “pandemia” em que, infelizmente, vimos setores inteiros da
economia a desmoronar, há, contudo, uma área que está a mostrar uma enorme
vitalidade e a constituir-se como um forte Cluster de investimento e que
traz ânimo a otimismo a muitos Governos e investidores.
Trata-se do Cluster ligado
a toda a cadeia de valor do Hidrogénio. Sim, habitue-se. Vai ouvir falar muito
de Hidrogénio nos próximos tempos.
A própria Comissão Europeia,
através do Pacto Ecológico Europeu, afirmou que a descarbonização constitui uma
nova estratégia de crescimento sustentável para a UE que visa uma sociedade
equitativa e próspera, eficiente na utilização dos recursos e competitiva, que,
em 2050, tenha zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa.
Neste sentido, os Governos veem
na “Economia do Hidrogénio” um potencial enorme para resolver três problemas de
uma assentada: i) Potenciar o investimento estruturante e a criação de emprego;
ii) potenciar o desenvolvimento tecnológico e a inovação; e iii) cumprir os
objetivos ligados ao tão necessário desenvolvimento sustentável, à proteção do
ambiente e à criação de uma sociedade mais “verde”. A Alemanha já marcou o
ritmo e vai apostar forte na economia do Hidrogénio assim como alguns dos
países nórdicos.
Em Portugal, também o debate está
a ordem do dia. O Governo tem vindo a debater este tema e colocou o mesmo na
agenda económica e social. Tem estado em debate e foi recentemente aprovada a Estratégia
Nacional para o Hidrogénio (EN-H2), que está a movimentar inúmeros interessados
neste tema.
É preciso, contudo, ter presente
alguns aspetos para potenciar o sucesso e o impacto da Estratégia Nacional,
nomeadamente:
Importância da perspetiva do
ciclo de vida: ou seja, a Estratégia Nacional para o
Hidrogénio contempla as ambições de instalação e previsão de metas a alcançar
no futuro, as fases iniciais de desenvolvimento de ideias e de implementação
das soluções. Contudo, deverá igualmente considerar o desenvolvimento das
metodologias necessárias para garantir a maximização da disponibilidade das
instalações, com vista a assegurar os níveis de serviço com elevados padrões de
segurança e a fiabilidade operacional. Parece-nos importante para garantir o
fornecimento aos seus diversos utilizadores, considerando assim também todo o
ciclo operacional previsto para os ativos afetos à exploração das novas
tecnologias a instalar.
Licenciamentos, obrigações legais
e segurança:atenção especial merece
também a definição dos critérios e requisitos no âmbito dos licenciamentos nomeadamente
no que se relaciona com a definição de um procedimento integrado de
licenciamento, que permita a sua desburocratização e o aumento na celeridade
por parte das entidades competentes, sem perder nunca o foco da prevenção de
acidentes e de limitação das suas consequências para a saúde humana e para o
ambiente.
Importância
dos dados para tomada de decisão: deverá também de considerar os
importantes e necessários contributos que as aplicações Digitais de recolha,
processamento e análise de dados permitem. Irão ser utilizados equipamentos que
certamente disponibilizarão importantes quantidades de dados de controlo da
operação dos sistemas, que incluem informação de
qualidade, consumo, e disponibilidade de recursos, sendo importante a analise
deste tipo de dados com vista a modelar o sistema produtor e do perfil de
utilização identificando padrões de utilização de equipamentos, de modo a
otimizar e garantir a disponibilidade das instalações para a sua máxima
rentabilidade e utilização, minimizar custos e pegada ambiental, maximizando a
sua eficiência.
Capacitação, competências e conhecimento: a implementação do Hidrogénio na economia nacional será suportada em novos
processos tecnológicos, novos equipamentos e novas misturas de gases, para os
quais o conhecimento e experiência ainda não está consolidado a nível nacional.
Desta forma, serão necessárias novas competências ao nível do projeto, da
instalação, da operação, da manutenção entre outras, constituindo uma
necessidade concreta e premente em termos de formação profissional. Nesse
sentido, consideramos prioritária a definição de perfis profissionais e
referenciais de formação com entidades reguladoras e certificadoras visando
garantir atempadamente uma oferta formativa necessária para adquirir
competências-core decorrentes de especificidades técnicas e de segurança do H2.
Tirar partido do investimento
científico e tecnológico que Portugal fez nos últimos 20 anos: por fim, é
preciso não esquecer o importante papel do Conhecimento e envolver neste
processo as Universidades e Infraestruturas tecnológicas nacionais que detêm um
forte conhecimento, no terreno, de muitas destas dinâmicas. As atividades e
competências das infraestruturas tecnológicas alinham-se com a cadeia de valor
da produção e utilização do Hidrogénio Verde, pois dão suporte ao
desenvolvimento e inovação na indústria a uma escala global, com soluções e serviços
para os setores da Energia, Oil&Gas, Indústria de Processo, Infraestruturas
e Mobilidade, estando comprometido com a transição para uma economia de baixo
carbono.
Recorde-se que algumas
infraestruturas tecnológicas, como seja o caso do ISQ, destacaram-se no passado
recente na área do hidrogénio através da participação no emblemático projeto
europeu Naturalhy que investigou os efeitos da introdução de misturas de
hidrogénio com gás natural para transporte na rede europeia de gás natural, com
especial incidência nas componentes de avaliação de materiais, metodologias de
inspeção, de avaliação de risco e adequação das instalações existentes à
introdução de misturas de gás natural com hidrogénio. Este projeto decorreu
entre 2004 e 2009, contando com 39 parceiros, importantes operadores
energéticos europeus e com diversos parceiros tecnológicos europeus.
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