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Caso conhecesse
alguém na rua hoje pela primeira vez (assumindo que estamos fora da crise
pandémica que atravessamos atualmente), com qual das opções se sentiria mais
confortável?
“Olá, gostas de
lasanha?” Caso a resposta seja “Sim, gosto”, então quem formulou a questão
inicial poderia agora recomendar um restaurante italiano nas redondezas.
Ou então, “Olá!
Tenho-te seguido nas últimas semanas desde a tua casa, até ao escritório,
enquanto almoças e na verdade, em todos os momentos, e baseado nos teus padrões
de comportamento e nos de outros parecidos contigo, acho que deves gostar de
lasanha.”
Provavelmente a
primeira opção. Foi a sensação de invasão de privacidade provocada pela segunda
opção que levou a que gigantes tecnológicos como a Apple, Mozilla e mais
recentemente o Google, implementassem alterações tecnológicas que ditaram o fim
anunciado dos cookies 3rd party.
Desafios Tecnológicos
Os cookies 3rd
party, apesar de imperfeitos, foram durante anos a base da publicidade digital
tradicional. São usados para determinar identidade, melhorar a experiência do
utilizador e recolher dados que ajudam a direcionar os anúncios para a
audiência certa. Assim, com a sua retirada, estamos perante uma mudança de
paradigma sem precedentes, em que:
· Anunciantes e Marketers irão
perder capacidade de segmentação e a garantia de que a sua mensagem está a ser
entregue à sua audiência-alvo;
· Também para Anunciantes e
Marketers, a perda de informação recolhida sobre o consumidor e a sua jornada
irá tornar quase impossível a medição e atribuição das suas actividades de
publicidade digital, pelo menos tal como a conhecemos hoje;
· Para os Publishers, existe uma
perda potencial de receita proveniente da partilha dos seus dados com
agregadores, embora em Portugal isto não tenha o mesmo peso que noutros
mercados;
· Também para os Publishers, perda de receita por concentração de investimento nos chamados Walled Gardens, devido a esses ecossistemas fechados continuarem a oferecer algumas soluções de segmentação e medição.
Soluções existentes ou em
desenvolvimento a nível global
As soluções que
estão atualmente em desenvolvimento por grandes players globais, como o Google
ou o IAB, apesar de notáveis apresentam limitações na sua aplicação ao mercado
português. Desde logo, as dúvidas sobre se as soluções propostas pelo Google
poderão funcionar corretamente além da sua suite de produtos.
Por outro lado, o
Projeto Rearc do IAB conta com parceiros tecnológicos que têm uma presença
diminuta ou inexistente no nosso mercado, como a The Trade Desk e o seu projeto
Unified ID 2.0. Soluções de Identity, tanto globais ou locais, também não
existem no nosso mercado o que vem complicar a situação e deixar as marcas
nacionais à procura de soluções imaginativas para chegar ao seu público-alvo de
forma eficaz.
A importância dos dados próprios na resposta ao Cookieless
De acordo com o
estudo da Salesforce “State of the Connected Consumer” de 2019, 83% dos
consumidores estão preocupados sobre a partilha online dos seus dados pessoais
e 72% deixariam de comprar de uma marca ou utilizar um serviço se tivessem
preocupações com a sua privacidade. Todavia, e de acordo com a Accenture, 91%
dos consumidores estarão mais dispostos a comprar ou a usar uma marca se esta
reconhecer os seus hábitos e gostos e providenciar recomendações e ofertas
personalizadas.
É importante que
as marcas repensem a sua estratégia de Marketing, nomeadamente a forma como
irão incorporar Data como asset estratégico, definindo KPIs para a sua recolha
e ativação. Disciplinas como Content, CRM mas também User Experience e a
recolha de dados offline têm de ser trabalhados de uma forma holística, de
forma a criar uma relação conversacional entre as marcas e os seus
consumidores.
Essa recolha de
First Party (toda a informação que as marcas têm capacidade de recolher através
da interação dos utilizadores com a marca, por exemplo em sites, apps ou lojas)
e Zero Party Data (informação partilhada de livre vontade e diretamente com a
marca, por exemplo através de questionários), deverá ser feita de forma
consentida e salientando sempre o valor acrescentado dessa troca e a forma
ética e responsável como irão tratar e guardar os dados recolhidos.
De forma a
albergar, tratar e ativar esses dados, é necessária a construção de uma
infraestrutura tecnológica capaz de fornecer uma imagem completa e um
conhecimento profundo dos clientes, e assim permitir uma melhor execução da
experiência do cliente.
Nota Final
Um estudo de 2020
feito pela BCG descobriu que as empresas que vinculam fontes de dados 1st Party
e fazem uso destes nas suas campanhas podem gerar até 2x mais receita além de
melhorar a eficiência em 1,5x quando comparado com empresas sem essa
integração. Portanto, embora possa ser um processo demorado e muitas vezes
frustrante, a integração de First Party Data pode trazer uma série de
benefícios, tanto para a empresa como para o cliente.
Caso não possuam
essas competências dentro da organização, deverão procurar parceiros que os
ajudem nessa jornada. Nesse sentido, a Mediabrands tem feito investimentos
significativos na construção das competências e capacidades para ajudar os seus
clientes, desde a implementação de Customer Data Architectures baseadas em
Cloud até a competências em Customer Analytics, de forma a apoiar a construção
de High Value Audiences e retirar insights que otimizem as estratégias de
marketing das organizações.
Por último, um
apelo aos nossos Publishers, para que desenvolvam soluções que permitam
endereçar estes temas, como um sistema de identificação baseado em utilizadores
autenticados que permita a partilha dessa identificação com os anunciantes;
soluções de medição e atribuição dentro desse ecossistema, ou a
disponibilização de 2nd Party Data na realização de parcerias.
Com um ecossistema
local forte, anunciantes, publishers e consumidores sairão a ganhar deste
momento de transformação da publicidade no online.
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