Os millennials e a Geração Z apresentam um menor nível de lealdade e de confiança nas empresas que os rodeiam, conclui o Millennial Survey 2018 realizado pela Deloitte. Isto porque, embora estes jovens reconheçam que alguns líderes apresentem preocupações relacionadas com as questões sociais, apresentam um maior ceticismo relativamente à motivação e ética das empresas, resultados que vão no sentido inverso aos alcançados nas duas últimas edições do estudo.

Num estudo que contou com a participação de 10455 millennials de 36 países diferentes e de 1850 jovens da Geração Z provenientes de seis países, concluiu-se que os indivíduos desta faixa etária têm maior consideração por empresas que contribuem de forma positiva para a sociedade, ao mesmo tempo que menos de metade dos millennials acreditam que as empresas apresentam uma conduta ética (48%) e que os líderes empresariais estão empenhados em impactar positivamente a sociedade (47%).

“Estas gerações sentem que os líderes estão muito focados nas agendas das suas empresas e pouco preocupados com a contribuição para a sociedade. Para conquistar a confiança e lealdade destas gerações, as empresas devem encontrar formas de impactar positivamente as comunidades locais e focar-se em questões como a diversidade, a inclusão e a flexibilidade”, salienta Sérgio do Monte Lee, partner da Deloitte.

De acordo com as respostas fornecidas pelos inquiridos, estas empresas devem focar-se prioritariamente na criação de emprego, na inovação, na melhoria das condições de vida e das carreiras dos colaboradores e na criação de um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. Porém, consideram que não são essas as prioridades das organizações onde trabalham, mas sim o lucro, o aumento da eficiência e a produção e venda de bens e serviços.

Para além disso, os indivíduos destas gerações apresentam-se bastante conscientes da influência que a Indústria 4.0 terá no seu emprego num futuro próximo, acreditando que as máquinas irão controlar as atividades mais rotineiras, permitindo que as pessoas despendam mais tempo na realização do trabalho criativo. Porém, não se sentem muito preparados para a chegada desse momento: 17% dos millennials inquiridos, bem como 32% daqueles que estão em empresas que recorrem em larga escala a estas tecnologias, temem ser substituídos parcial ou totalmente no desempenho das suas funções.

E, para complicar ainda mais este cenário, concluiu-se com este estudo que menos de quatro em cada dez millennials e três em cada dez indivíduos da Geração Z acreditam que têm as competências necessárias para singrar nesta nova era, esperando que as empresas os ajudem a desenvolver tais capacidades. Mas só 36% dos millennials e 42% dos inquiridos da Geração Z referem que estão a ser ajudados pelos seus empregadores neste processo de compreensão e de preparação para as mudanças que a Indústria 4.0 irá provocar na sociedade trabalhadora.

“As mudanças significativas nos níveis de lealdade são uma oportunidade única para as empresas potenciarem a atração e retenção de talento”, afirma Sérgio do Monte Lee. “As empresas devem ouvir o que a geração millennial está a dizer e repensar a forma como abordam a gestão de talento.”