Francisco Pinto Balsemão (1937–2025)

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Faleceu fundador do Grupo Impresa
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22 de Outubro de 2025
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Um dos últimos liberais entre os media e o poder


Figura incontornável da transição democrática portuguesa, foi um dos últimos representantes da geração de liberais políticos que emergiu ainda durante o Estado Novo, mas que ajudou a construir o Portugal democrático e europeu. 


Francisco Pinto Balsemão, ex-primeiro-ministro de Portugal, empresário mediático e fundador do semanário Expresso e da estação de televisão SIC, faleceu a 21 de outubro de 2025, aos 88 anos. Com uma carreira que atravessou o jornalismo, a política e os negócios, marcou o país pela capacidade de articulação entre estas áreas, sempre pautado por uma visão liberal, moderada e reformista. O seu nome está associado à consolidação da democracia portuguesa, à modernização da comunicação social e à defesa intransigente da liberdade de expressão.


Da economia familiar à política liberal e à governação


Nascido em Lisboa a 1 de setembro de 1937, Francisco José Pereira Pinto Balsemão era oriundo de uma família da alta burguesia portuguesa, com raízes na região da Guarda. O seu avô paterno, José Júlio Rodrigues Pereira Pinto Balsemão, foi uma figura política e cultural de relevo. Apesar da formação em Direito, foi no jornalismo que encontrou desde cedo a sua verdadeira vocação — marcada pelo rigor, pela análise crítica e por um forte sentido cívico. 


Durante o regime do Estado Novo, integrou a chamada “Ala Liberal” da Assembleia Nacional, defendendo, com prudência, reformas políticas e económicas. Em 1973, fundou o Expresso, um semanário que rapidamente se tornou referência no jornalismo português, reconhecido pela independência editorial, pela qualidade da análise política e por uma linha crítica e ponderada, expressa semanalmente nos seus editoriais assinados. 


Com a Revolução de Abril de 1974, participou na fundação do Partido Popular Democrático (PPD), atual Partido Social Democrata (PSD), sendo o militante número 1. Após o trágico acidente que vitimou Francisco Sá Carneiro em dezembro de 1980, foi chamado a liderar o Governo como primeiro-ministro, cargo que exerceu entre janeiro de 1981 e junho de 1983. O seu mandato decorreu num contexto de forte instabilidade política e económica, mas deixou marcas significativas: a revisão constitucional de 1982, que extinguiu o Conselho da Revolução, e o avanço decisivo nas negociações para a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.


Media, inovação e legado público


Após a experiência governativa, Pinto Balsemão regressou ao setor da comunicação social, onde viria a construir um dos maiores legados empresariais da imprensa portuguesa. A Impresa tornar-se-ia um dos principais grupos de comunicação do país, reunindo títulos de referência na imprensa, na televisão e, mais tarde, nas plataformas digitais. 


Ao longo de décadas, o Grupo Impresa reuniu um vasto portefólio de marcas, incluindo o Expresso, as revistas Visão, Exame, Caras, Activa, Blitz e o Jornal de Letras. No entanto, muitas dessas publicações foram vendidas em 2018 ao grupo Trust in News, numa reorganização estratégica que centrou a atividade da Impresa no audiovisual e no digital. Permaneceram no grupo o semanário Expresso, a revista E (suplemento cultural do jornal) e a versão digital da Blitz. 


No setor televisivo, o Grupo consolidou a sua presença com a SIC — canal generalista lançado em 1992 e que continua a ser o principal pilar do grupo. A par da SIC, integram o universo televisivo os canais SIC Notícias, SIC Radical, SIC Mulher, SIC K, SIC Caras e SIC Internacional, bem como uma forte aposta em conteúdos digitais, streaming e inovação tecnológica.

 

Francisco Pinto Balsemão manteve-se como presidente do Conselho de Administração da Impresa até 2019, altura em que passou a exercer a função de presidente honorário do grupo. Mesmo após deixar a liderança executiva, continuou a ser uma presença discreta, mas influente, no universo dos media portugueses.


Paralelamente, a sua ligação à vida académica, especialmente na Universidade Nova de Lisboa, onde foi professor convidado e presidente do conselho da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, estendeu-se por várias décadas, embora nos últimos anos tenha diminuído progressivamente a sua atividade nessa área. Em 2021 publicou o livro Memórias, com quase mil páginas, onde revisitou os principais momentos da sua vida pessoal e profissional. A obra foi também adaptada a formato podcast, com narração feita a partir de uma reconstrução da sua voz através de Inteligência Artificial, refletindo o seu interesse por novas tecnologias e pela evolução dos meios de comunicação.


Vida pessoal e condecorações


Francisco Pinto Balsemão casou-se duas vezes. O seu primeiro casamento foi com Maria Isabel Lobo e nasceram dois filhos, Mónica e Henrique. Voltou a casar-se com Mercedes Presas com quem teve outros dois filhos: Joana e Francisco Pedro. 


Ao longo da vida, manteve uma postura reservada sobre a vida pessoal, embora fosse conhecido por hábitos discretos, pelo gosto pela leitura, pela história e por uma atenção constante aos desafios da democracia e da liberdade de imprensa. 


Foi amplamente distinguido ao longo da vida, tendo recebido, entre as mais altas condecorações nacionais, a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Recebeu também doutoramentos honoris causa por universidades como a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade da Beira Interior, e foi homenageado por autarquias como Lisboa, Porto e Guarda, que reconheceram o seu contributo para o país nas áreas da política, cultura e comunicação. 


Francisco Pinto Balsemão deixa um legado singular: o de um político que governou sem se render ao populismo, um empresário que compreendeu os media como pilar da democracia e um cidadão que nunca abandonou o compromisso com o interesse público. Em tempos de fragmentação e ruído, manteve-se fiel ao espírito liberal, à sobriedade de estilo e à ética de serviço. Foi o último de uma geração para quem a palavra, mesmo a mais contida, era uma forma de responsabilidade cívica e histórica.


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