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A Expofranchise 2025 voltou a transformar o Pátio da Galé, em Lisboa, no epicentro do franchising ibérico.
Num setor que representa 8% do PIB nacional e emprega mais de 137 mil pessoas, o evento organizado pela Associação Portuguesa de Franchising (APF) mostrou um ecossistema focado em inovação, colaboração e novas oportunidades de negócio.
Ao longo de dois dias, mais de 70 marcas nacionais e internacionais, empreendedores e investidores cruzaram ideias e experiências num ambiente de networking intenso. Para Cristina Matos, secretária-geral da APF, em entrevista ao Imagens de Marca, “a Expofranchise é, hoje, o grande ponto de encontro do franchising na Península Ibérica”, uma vez que é o único evento do género em Portugal e Espanha. Como sublinha, “não há outro local onde se possa fazer este networking presencial, onde as marcas se possam mostrar, consolidar e aproximar-se do público”.
A força da confiança
A cerimónia dos “Selos de Excelência APF 2025” voltou a distinguir as marcas mais bem avaliadas pelos seus próprios franchisados — e, para Cristina Matos, isso é precisamente o que torna esta distinção especial. “É a voz dos franqueados a avaliarem a performance das marcas”, afirma, acrescentando que a avaliação parte de quem vive o negócio no terreno e conhece o suporte, a operação e a relação com a marca.
As empresas reconhecidas — entre as quais Zome, Viva Fit, Coldwell Banker, Doutor Finanças, Urban Obras, Vangor, School of Rock, Portugália, UNU, Midas, Remax, Luzzo, Nata, Fitness Factory e House Shine — foram avaliadas em 20 áreas diferentes, desde finanças a marketing e formação. Só as redes com uma pontuação global de satisfação igual ou superior a 70% recebem o selo.
Segundo a responsável, este processo é “quase uma questão de honra”, pois significa que a rede “gosta do que fazemos e demonstra um grau de satisfação acima da média”. Para Cristina Matos, o verdadeiro sinal de sucesso está num dado que considera fenomenal: “Quando perguntamos se o franqueado voltaria a comprar a mesma marca, a média é de 80%. Isso mostra que a decisão inicial foi acertada e que a marca está a cumprir as expectativas”.
Inovação e digitalização ao serviço do franchising
A edição deste ano ficou também marcada pelo lançamento da aplicação oficial da Expofranchise, um projeto que, segundo Cristina Matos, era “um sonho antigo”. A app permite aos visitantes explorar o perfil das marcas, marcar reuniões e acompanhar a programação em tempo real — mas foi pensada para ir além do evento.
A secretária-geral explica que a ideia sempre foi criar “uma ferramenta viva, que servisse todo o universo do franchising ligado à associação”. Desenvolvida em apenas mês e meio, a aplicação foi um teste à agilidade da equipa e à capacidade de inovação do setor. “Todos os dias tínhamos dez, quinze, vinte alterações para fazer”, recorda. “Mas o resultado final superou as expectativas e confirmou que este era o caminho certo”, destaca ainda.
Mais do que uma ferramenta digital, a app simboliza uma nova fase de interação entre a APF e os seus associados — uma forma de aproximar redes, promover parcerias e dinamizar o ecossistema de franchising português.
Portugal: um laboratório global para marcas internacionais
Com um dos mercados mais maduros da Europa e um enquadramento legal flexível, Portugal começa a afirmar-se como um verdadeiro hub de franchising internacional. Cristina Matos considera que o país “é perfeito para servir como mercado de teste”, graças à sua diversidade cultural, à facilidade de comunicação em inglês e à posição geográfica privilegiada, “tão próxima das Américas como da Europa e de África”.
A ausência de uma legislação específica para o franchising é, segundo a responsável, outro fator que atrai marcas estrangeiras: “Por atendermos às leis gerais, a vida das empresas torna-se mais simples, o que facilita a entrada de novas redes”.
Essa vocação global esteve particularmente visível no Pavilhão Brasil, que trouxe oito marcas brasileiras em fase de internacionalização. “Foi um passo natural”, explica, denotando: “Queríamos reforçar os laços entre países lusófonos e mostrar que Portugal é, de facto, uma porta de entrada para a Europa”.
Franchising com rosto feminino
A aposta na diversidade também marcou a edição deste ano com o lançamento da Women Global Franchise (WGF), uma comunidade internacional dedicada ao empreendedorismo feminino no franchising.´
Cristina Matos destaca que “existem muitas plataformas de apoio a mulheres empreendedoras, mas nenhuma dedicada exclusivamente ao franchising”. A WGF vem preencher esse espaço, oferecendo orientação, formação e apoio financeiro para quem quer abrir ou investir num negócio próprio.
“Queremos ser uma comunidade feminina para o universo feminino. Mas também acreditamos que os homens podem ser parte deste sucesso, como mentores e parceiros de crescimento”, frisa.
A iniciativa pretende chegar a mercados onde o franchising pode ser “um instrumento essencial para a autonomia e o empoderamento de mulheres que precisam criar o seu próprio negócio”, acrescenta Cristina Matos.
Tendências que inspiram o futuro
A Expofranchise 2025 mostrou um setor em plena reinvenção. Entre as novidades, surgiram conceitos inesperados, como lojas de limpeza de ténis, serviços de lockers de bagagens e novos formatos de alimentação saudável — sinais de que o franchising está cada vez mais atento às mudanças no comportamento do consumidor.
Para Cristina Matos, essa diversidade é reflexo de um mercado criativo e atento às oportunidades: “Há ideias que fogem ao padrão e encantam quem as descobre”. Ainda assim, o imobiliário continua a dominar as preferências: “É uma verdadeira loucura. É um setor que garante estabilidade e sucesso a quem entra nele”.
Um retrato de maturidade e ambição
Mais do que uma feira, a Expofranchise 2025 teve como objetivo afirmar-se como o retrato da maturidade e da vitalidade do franchising português. Entre a inovação tecnológica, a cooperação internacional e o reconhecimento das melhores práticas, o evento reforçou a imagem de um setor que cresce com base na confiança e na partilha.
Como resume Cristina Matos, “o franchising é, antes de tudo, uma forma de crescimento conjunto”. E quando marcas e franqueados caminham lado a lado, conclui, “o sucesso deixa de ser uma meta — passa a ser uma consequência natural”.
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